EDIÇÃO 21 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Usando a Imagem


Felipe Mojave

Nesta edição falarei sobre como utilizar a imagem na mesa, aproveitando-a da melhor maneira possível. Quando falo em aproveitar a imagem na mesa, estou me referindo a três pontos básicos: aumento da taxa de potes ganhos sem showdown, intensificação da capacidade de aplicar grandes blefes e extração de mais valor das mãos

Cada estilo de jogo vai tirar proveito de maneira inversamente proporcional. Por exemplo, se o jogador tem um perfil agressivo, a taxa de takedown no gap será menor, mas o valor de retorno será maior. Se o jogador for tight, a taxa de takedown no gap será maior, mas o valor de retorno, menor.

Ao utilizar a imagem na mesa, planejo aproveitar esses fatores muito mais do que o normal. Mas lembre-se: se isso virar uma rotina, você vai acabar mudando seu estilo de jogo e/ou acabar construindo uma nova imagem. Portanto, fique bastante atento.

Vejamos o seguinte exemplo: jogador tight dá raise em posição e sofre reraise de um oponente agressivo. Na maioria das vezes, este último está esperando no máximo um call de um oponente sólido em seu reraise. É aí que o jogador tight, quando não tiver um jogo muito forte, usará sua imagem para aplicar uma four-bet (re-reraise), forçando o adversário agressivo a dar fold, graças à sua imagem sólida na mesa.
A mesma tática pode ocorrer quando um jogador agressivo der raise pré-flop e um oponente tight voltar reraise. Provavelmente o agressivo dará fold, permitindo que o tight aproveite sua imagem para realizar essa jogada.

No exemplo inverso imagine um jogador agressivo, fora de posição, trincando no flop. É comum vê-lo dar check na intenção de saber se o oponente acertou o bordo, mas muitas vezes a jogada mais lucrativa é sair apostando no flop para aproveitar a imagem de agressivo, para então receber o call e maximizar o ganho na jogada.

Outra boa forma de se utilizar a imagem é quando os oponentes ainda não lhe atribuíram imagem nenhuma. Imagine que você foi mudado de mesa e, no primeiro pote em que entra, seu oponente aplica um reraise do big blind. Essa é uma ótima oportunidade para você aumentar a aposta outra vez, já que ninguém sabe qual é a sua linha de jogo (nesse caso, aplicando um move). É bom lembrar que é preciso prestar muita atenção se não há nenhum adversário conhecido na mesa nessa mão.

Como exemplo prático, destacarei uma mão que joguei no evento Second Chance de $1.000 no LAPT de Punta Del Este, agora em março.

Eu estava com uma imagem muito sólida na mesa, fazendo bons showdowns – com destaque para um fold aberto que dei quando tomei reraise com KQ, num bordo com Q-T-9. Eu tinha 22k, e os blinds estavam em 400-800 com antes de 100. Um UTG agressivo abriu raise de 1.800, o button deu call e eu voltei reraise de 6k do big blind, com QJs. O UTG pensou muito e pagou, o button largou. O flop veio K-9-5 com duas de espadas. Com aproximadamente 15k no pote eu fui de all-in. Sem pensar muito, o UTG jogou suas cartas fora, mostrando TT.

Há dois pontos importantes a serem observados. Primeiro, devido à minha postura sólida nessa mesa, ele não me voltou a aposta pré-flop. Depois, ele respeitou minha aposta no flop com uma overcard no bordo. A imagem que eu tinha naquele momento era favorável para essa jogada, pois, se ele não acreditava estar perdendo antes de as três primeiras cartas serem viradas, depois do flop ficou nítida sua vontade de voltar atrás e dar fold pré-flop, economizando algumas preciosas fichas.

Quando se tenta fazer uma jogada explorando a imagem, um fator muito importante é o perfil do agressor. Existem jogadores que, mesmo sabendo que você tem jogado poucas mãos e que possivelmente estão dominados, são praticamente incapazes de fazer grandes folds. Ou simplesmente não prestam muita atenção no jogo a ponto de identificar como você está agindo.

Assim, fique atento a isso e não dê oportunidade de seu adversário inverter a jogada. O principal fator de sucesso nesse move é fazer seu oponente acreditar que você realmente tem uma mão forte. Desse modo, nesse exemplo que citei, não seria bom aplicar um slowplay, já que o adversário pode tomar as rédeas da ação e se comprometer com o pote. Se isso acontecer, a jogada inteira vai por água abaixo, pois você perderia a capacidade de blefar nessa mão.

Por hora é isso, pessoal. Espero que tenham compreendido um pouco mais sobre o conceito de “utilização da imagem”, aplicando-o em seu jogo. Boa sorte!




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×