EDIÇÃO 20 » COLUNA INTERNACIONAL

Dia 2 do Doyle Brunson Classic

Um bom dia


Phil Hellmuth

No dia 15 de dezembro, eu estava jogando o Dia 2 do evento Doyle Brunson Classic do WPT com buy-in de $15.000 no Bellagio. Depois do Dia 1-A, eu era o chip leader e estava cheio de autoconfiança. Todos os meus blefes tinham dado certo de maneira impecável, e eu sentia que estava lendo meus oponentes com perfeição. Sentia que o Dia 2 seria um grande dia para mim.

Logo no início, um pote enorme e fora de controle surgiu. Foi a primeira mão depois de um intervalo de 15 minutos, e o big blind não estava no seu assento, então a mão dele foi descartada. Eu sabia que isso encorajaria um aumento loose de alguém, e achei que eu provavelmente deveria ficar agressivo e reaumentar qualquer um que desse raise.

Com os blinds em 400-800, um jogador abriu raise de 2.400 e outro pagou. Eu estava no small blind com 86 e decidi pagar. Não é do meu feitio dar call com 8-6 off! O flop veio Q87 e eu resolvi apostar 6.000. O que deu o primeiro raise largou, mas o outro cara aumentou para 12.000. Eu senti fraqueza e paguei imediatamente. O turn foi o 8, eu pedi mesa e meu único oponente aumentou para 20.000. Se ele estivesse blefando, não era necessário aumentar com minha trinca, certo? Além disso, ele iria all-in caso eu desse raise. Obviamente, se ele tivesse um flush draw, um aumento seria uma boa jogada, a não ser que eu esperasse que ele blefasse no river caso perdesse. Ainda assim, decidi pagar a aposta de 20.000 com relativa rapidez, e o river foi o 2. Pedi mesa com intenção de pagar, até meu oponente anunciar: “All-in!” Eu pedi uma contagem e ele tinha 140.400 em fichas. Eu tinha cerca de 160.000, então era um call enorme. Se eu pagasse e estivesse errado, perderia uma enorme quantia — e com 8-6 offsuit! Na verdade, 160.000 em fichas era suficiente para ganhar o torneio, então eu poderia realmente me prejudicar se pagasse e perdesse, mas caso desse call e ganhasse, teria uma enorme liderança em fichas com cerca de 400.000 no começo do Dia 2.

Eu perguntei a meu oponente: “Você tem?”
Ele disse: “Eu tenho o nuts”.
Eu disse: “Você pode derrotar um full house?”
Ele disse: “Não”.

Contei as fichas e as coloquei na minha frente, mas continuei pensando que não podia pagar, pois se estivesse errado ficaria mal durante uma semana. Basicamente, eu poderia largar e ainda teria um estoque relativamente grande de fichas. Finalmente, dei fold e meu oponente mostrou AJ! Ele tinha executado com sucesso um enorme blefe!

Eu disse: “Muito bem. Eu lhe dou crédito máximo por esse blefe”. Normalmente eu me queixaria de jogadores insanos e de quão mal eles jogam, que eventualmente os derrotaria, e que isso e aquilo. Mas eu sabia que estava bem e sabia que teria chance de jogar com esse adversário o dia inteiro, e agora tinha uma boa leitura dele. Então, em vez de me lamentar, perguntei-lhe o que ele estava pensando. Ele disse: “Bem, eu vi que você ia pagar, e achei que devia apostar tudo para impedir. Eu normalmente não blefo”. Isso era verdade, pois ele não tentou mais nenhum blefe durante as próximas seis horas de jogo. E eu pude ganhar muito dele durante o resto do dia.

À medida que o tempo passou, meu estoque de fichas cresceu e cresceu, e algumas mãos divertidas ocorreram ao longo do caminho. Eu mantive o pé no acelerador. Em um pote com blinds em 500-1.000 e ante de 200, Marco Traniello abriu raise de 3.000 e eu aumentei para 10.000 com J 7. Traniello pagou, o flop veio J-9-2, ele pediu mesa e eu coloquei 9.000. Traniello deu call e eu achei que ele tinha 8-8. Eu tinha quase certeza de que o derrotaria, e planejei apostar em cada street.

A carta do turn foi um dois, ele pediu mesa e eu apostei 10.000, dizendo: “Eu acho que você tem um par de oitos”. Traniello pagou e o river foi um 8. Agora ele apostou 19.000 e eu dei insta-call. Ele mostrou K10 e eu levei um grande pote com uma mão (J-7) que eu descartaria 99% das vezes. Por que jogar com J-7? Eu senti fraqueza pré-flop em Traniello, então tentei tirar o pote dele dando reraise. Se ele largasse pré-flop, eu ganharia sua aposta de 3.000, além de 1.800 em antes e os 1.500 em blinds, sem riscos. Dou crédito a ele por ter pagado, pois ele obviamente sentiu fraqueza em mim também, pois K-10 não é uma mão com a qual você normalmente pagaria um reraise. Depois de termos visto o flop e ele ter pedido mesa e pagado, eu sabia que o tinha derrotado. Na verdade, eu achei que a gama de mãos com as quais ele pagaria um reaumento e depois uma aposta de 9.000 no flop era pequena. Além disso, achei que ele tinha um par, A-Q, A-K ou A-9. Se nenhum ás, rei ou dama aparecesse no turn, eu apostaria. Mesma coisa no river. O call no final foi fácil de fazer, pois que mão poderia me derrotar agora: um full de oitos? Eu acabei o dia com 412.000 em fichas, entre os três maiores stacks do torneio. Em minha próxima coluna, discutirei o Dia 3.

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