EDIÇÃO 15 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

Ao lado dos gigantes

Adquirindo experiência jogando com os mestres


Geraldo Campêlo

Depois de um bate-papo com nosso campeão Alexandre Gomes, estamos de volta nesta edição com nossa habitual coluna.

Todo mês, quando recebo o e-mail do Bruno, editor da CardPlayer Brasil, avisando a data em que devo enviar a coluna, imediatamente me vem a preocupação sobre qual assunto escrever. Como não me considero um jogador no nível de um Alexandre, um Federal, um Akkari, um CK e outros tantos profissionais de sucesso, não me sinto a vontade para falar sobre técnicas de jogo. Por esse motivo, neste mês escreverei sobre minhas participações em dois torneios realizados em São Paulo, no início de agosto. Escolhi esse tema porque os dois eventos foram do mais alto nível técnico, e em ambos consegui ter boa participação. Então, querido leitor, sempre que você tiver oportunidade de participar de um torneio desse porte, não deixar a chance escapar, pois, com toda a certeza do mundo, a qualidade do seu jogo irá melhorar demais.

CIRCUITO BRASILEIRO DE HORSE

 Foi inesquecível a experiência que tive ao participar da VI Etapa do Circuito Brasileiro de HORSE, que aconteceu em paralelo ao 150K do Espaço Zahle, em São Paulo, no mês de agosto. Para quem não sabe, o HORSE é uma modalidade na qual cada blind é disputado numa modalidade de poker diferente. Começa com Hold´em, segue com Omaha H/L, Razz, Seven-Card Stud e finaliza com Seven-Card Stud H/L, todos jogados com limite de apostas.

 Eu nunca havia disputado nenhum torneio de Horse, mas, como tinha jogado o Dia 1 do 150k na sexta-feira, estava livre no sábado. Então ao invés de engatar no cash, resolvi aceitar o convite do meu amigo Daniel Tevez e participar do Horse.

 O field, apesar de pequeno (17 competidores), continha algumas das maiores feras do poker nacional: Kleber Kaplar (líder do ranking brasileiro), Daniel Tevez, Felipe Mojave, Salim Dahrug, Robson “Robigol”, Juliano Maesano, o carioca Gamarra, entre outros.

 Com um pouco de sorte e algumas “baralhadas”, cheguei ao heads-up. E após nove horas de torneio terminei em segundo lugar, sendo superado pelo Gamarra, que foi o campeão incontestável da etapa. Esse rapaz merece o respeito e admiração de todas as pessoas que privilegiam a competição em vez do dinheiro. Ele viajou do Rio para São Paulo com o único objetivo de disputar o torneio de Horse. O prêmio que ganhou mal dava para pagar suas despesas de viagem, porém era contagiante ver sua alegria pela vitória. Sem contar que tive a oportunidade de sentar ao seu lado durante todo o torneio e de aprender muito com ele.

 Gamarra, parabéns pelo jogador e principalmente pela pessoa que você é!

150K GARANTIDO DO ESPAÇO ZAHLE

 Este torneio contava com estrutura invejável – 15.000 fichas, com blinds subindo a cada 40 minutos, possibilitando aos jogadores praticar seu melhor jogo.
 Preferi me inscrever no Dia 1-A, na sexta feira, pois, caso me classificasse para o Dia 2, estaria mais descansado.
Neste dia tudo deu certo: acertei alguns flops e duas trincas que aumentaram muito meu stack. Porém, aconteceu uma mão em especial que gostaria de descrever, pois dei um call que foi fundamental no meu desempenho.

Os blinds estavam em 500/1000, eu no BB com A8o, a mesa roda em fold até que o button faz tudo 2500: senti cheiro de “roubo”, mas preferi apenas dar call, já que estava com um bom stack (por volta de 60000 fichas) e não queria me comprometer com o pote, pois o adversário tinha por volta de 30.000 fichas e era um bom jogador e, caso eu desse reraise e ele pagasse ou voltasse all-in, eu não poderia mais abandonar a mão. Flop Q-T-8 rainbow. Pensei em apostar mas resolvi pedir mesa e ver a reação dele. Quando ele também pediu mesa, tive quase certeza de que ele não havia acertado nada. Turn 2, eu dou check e ele aposta 3.000. Eu apenas dou call e, no river, outro 2. Dou check e ele aposta 12.000, mais ou menos o tamanho do pote... Pensei por alguns instantes e paguei a aposta: mostrei as minhas cartas e o adversário jogou as cartas dele no baralho. Essa jogada foi elogiada por todos na mesa e fez com os oponentes passassem a respeitar muito mais meus movimentos.

Essa foi uma boa jogada, mas tenho plena consciência de que está longe de ser considerada o “supra-sumo” de leitura de adversário. O que gostaria de ressaltar é que a partir dela consegui impor meu jogo e terminar o Dia 1-A como 3º em fichas, apenas atrás das feras Cristiano “Akasa” Fernandes e Igor Federal.
No Dia 2, quando nos juntamos aos classificados do Dia 1-B, eu era o 6º colocado entre os 60 que iriam disputar o dia final. Nada de especial aconteceu, até que recebo um AKs no cut-off: neste momento a bolha já tinha estourado, restavam por volta de 35 jogadores no torneio e os blinds começavam a machucar. Fabiano Negreli, também de Curitiba, jogador muito agressivo e que estava com um stack gigante, faz tudo 17000 (blinds 3000/6000) em middle position. Meu stack nesse momento era de 19.0000 fichas e dou reraise de 50000. Negreli pensa e dá call. Flop 2-3-3. Negreli imediatamente anuncia all-in, obrigando-me a largar a mão – ele mostra QQ, e tomo uma bela fatiada. Alguns minutos depois, já com os blinds em 5000/10000, tenho KQs no button e dou raise de 35.000. O BB me volta all-in de 12.0000, dou fold e ele me mostra AQ: mais uma fatiada...

Quando restavam 20 pessoas, eu estava short stack e era bola da vez. Consegui sobreviver por algumas mãos até que entrei numa corrida com AK vs 33 e caí em 17º, resultado que considerei muito bom, devido à qualidade técnica dos adversários que enfrentei no torneio.

Fato marcante foi a presença, mais uma vez, de três jogadores de Curitiba na mesa final. Paulo Santiago ficou com a 10ª colocação, Luiz “mestre” Filipe em 9º e Fabiano Negreli em 5º.

E mais uma vez fica comprovado o alto nível dos jogadores da capital paranaense!




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