EDIÇÃO 116 » COLUNA INTERNACIONAL

Jogando de forma explorativa?


Jonathan Little

Recentemente, eu joguei uma mão em um torneio de US$ 1.000 em que eu poderia ter perdido muito mais fichas do que realmente perdi.

Com os blinds 200-400 e ante de 50 e stack efetivo de 30.000, eu aumentei com A♦A♥ do meio da mesa. O cutoff (CO) e o big blind (BB) pagaram. Os dois tinham acabado de chegar à mesa, então eu não tinha uma leitura mais apurada. Eram amadores com mais ou menos 40 anos, o que me fez pensar que jogavam de maneira bem direta.O flop veio K♥ 10♥ 4♦. O BB pediu mesa. Eu fiz o mesmo.

Essa é uma situação interessante. Naquele momento, eu tive a impressão que nenhum dos dois jogadores tinham gostado do flop. Enquanto levar o pote não é ruim quando seu adversário tem a chance de acertar o nuts, se você está convencido que ninguém tem nada, pedir mesa é aceitável, principalmente se os seus oponentes têm a tendência de blefar. Também, perceba que qualquer carta de copas que aparecer no turn não é ruim para mim, já que tenho o A♥, o que não colocaria pressão em mim. Caso eu não tivesse o A♥, eu certamente apostaria cerca de 1.800.

O CO também pediu mesa e o turn foi um 9♣. O BB apostou 1.000 em 3.350. Eu paguei. O problema em dar raise no turn é que, devido a minha leitura que ele tinha, na melhor das hipóteses, uma mão que não aguentaria a pressão, meu raise não teria muito valor. No entanto, ele apostou tão baixo que provavelmente estaria dando a si próprio as odds para acertar uma mão que me derrotasse, como dois pares. Em média, dar call é melhor que dar raise. Além de esconder a minha mão, eu ainda minimizo as minhas perdas caso minha leitura esteja errada e ele tenha uma mão melhor do que a minha.

O CO desistiu e nós vimos um 2♠ no river. O BB pediu mesa e eu apostei 2.800 em um pote de 5.350. Quando ele pede mesa no river, apostar por valor com os meus Ases é obrigatório. É importante que você escolha uma aposta que vá fazer seu oponente pagar com as piores mãos de seu range. Eu poderia fazer algo em torno de 4.000 para fazê-lo pensar que eu tinha um draw que não bateu, mas ao mesmo tempo, eu acreditava que ele tinha uma mão bem fraca, como J-10 ou 9-8. Se ele tivesse um Rei, ele poderia pagar, mas da maneira como a mão foi jogada, era improvável.

Bem, ele pagou, mostrou 10♦9♥, dois pares, e agiu com certa surpresa por ter puxado o pote. Minha leitura que ele estava fraco “foi correta”, ele achava que seus dois pares não eram bons, estava como medo de uma sequência ou dois pares maiores, que eu dificilmente teria.

Mesmo achando que minha jogada tenha sido dentro dos padrões, é importante perceber se os ajustes que você faz no seu jogo estão corretos ou não.  Se eu soubesse que ele tinha o par do meio no flop, eu teria apostado e teria perdido mais fichas (porque ninguém larga o par do meio no flop, e nós também não queremos isso), mas eu teria investido mais fichas sendo claramente favorito. 

Quando você varia seu jogo para explorar as tendências dos seus adversários, sempre avalie se o objetivo foi atingido. Caso não, ou seus ajustes estão sendo ruins ou é melhor você jogar de forma otimizada em vez de explorativa.  




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×