EDIÇÃO 103 » COLUNA INTERNACIONAL

Dois em Uma

Conceitos-chave para ter sucesso no poker


Jonathan Little
Recentemente, joguei uma mão em um evento turbo de US$ 2.200 no PokerStars Caribbean Adventure (PCA) que achei bastante interessante. Ela demonstra dois conceitos-chave que você deve dominar se quiser ter sucesso em torneios de poker: 
 
1. Evite jogar potes gigantescos sem que você esteja nuts ou com o segundo melhor jogo possível.
2. Analise constantemente o range de mãos do seu oponente e ache a melhor forma de tirar proveito disso. 
 
Com stacks efetivos de 30.000 fichas e blinds em 200-400 com ante de 50, um jogador entrou de limp no meio da mesa. Essa era a primeira vez que ele entrava de limp, mas certamente ele estava fazendo isso com um range bem amplo. Claro que ele poderia estar entrando de limp com uma mão premium e armando uma armadilha, mas isso são casos raros. A ação rodou em fold até mim no botão. Com A J, eu decidir aumentar para 1.500. Aumentando, eu consigo construir um pote, em posição, contra um jogador que certamente tem a pior mão. Quando você está esmagando o range do seu oponente e tem posição, é preciso ter confiança para inflar o pote, uma vez que o limper irá pagar o raise quase sempre, independente da força de sua mão. Para minha surpresa, tanto o small blind (SB) quanto o big blind (BB) pagaram, assim como o jogador que entrou de limp. Nesse ponto, todos eles poderiam ter qualquer coisa, menos mãos extremamente fortes, como A-A e K-K, uma vez que eles reaumentariam pré-flop.
 
O flop veio A 4 4, me dando top pair com um bom kicker. Os três jogadores pediram mesa. Eu penso que fazer uma aposta pequena por valor é a jogada ideal. Se apostasse uma quantia grande, apenas oponentes com um Ás, um 4 ou um flush draw pagariam. No entanto, se aposto um valor baixo, posso atrair outros tipos de mãos para o jogo. Apostei 2.000 em um pote de 6.450. Apenas o limper pagou. Para mim, seu range incluía Ases fracos, um 4, um par menor, uma queda para o flush e poucas mãos que não parearam.



O turn foi um 4, me dando um full-house. Ele deu mesa. Levando em consideração seu provável range, ele poderia ter um Quatro, que me deixaria drawing dead; um Ás, que não daria fold para nenhuma aposta; um par menor, que poderia pagar uma aposta pequena; ou flush draw, que desistiria para qualquer aposta. Contra essas possibilidades, eu deveria apostar pouco, para extrair valor de pares menores; ou pedir mesa, esperando que meu adversário possa blefar o river. Observe que se ele tiver uma quadra, pedindo mesa, não perderei um pote gigante, o que é extremamente importante nos estágios iniciais de um torneio. Claro que se eu meu adversário não gosta de largar nada, eu devo fazer uma aposta considerável, acreditando que ele não dará fold com nenhum par ou até mesmo com um flush draw. Eu não achava que ele era um jogador ruim, então pedi mesa. 
 
O river foi um K. Ele rapidamente fez uma aposta de 5.000 em um pote de 10.450. Mesmo eu tendo uma mão muito forte, não há motivo nenhum para dar raise nessa situação. Ele nunca largaria um Ás. E se minha mão não é a melhor, posso economizar fichas. Caso ele esteja superestimando o valor de um par de Oitos ou de Noves, ele sempre dará fold frente a um raise, a não ser que seja um jogador extremamente fraco. Ou seja, apenas pagar é a melhor opção, mesmo sabendo que dividirei ou vencerei o pote na maioria das vezes. Eu pago, e ele mostra 5 2, absolutamente nada. 
 
Ao fazer um bom aumento pré-flop e apostar pouco no flop, eu mantive meu oponente no jogo com uma mão que já estava praticamente morta. Se ele pensou que conseguiria extrair muitas fichas se acertasse a sequência, ele se enganou. Eu perderia, no máximo, mais uma ou duas apostas. 
 
Quando jogar contra alguém que tem um range bem amplo, a menos que acerte um monstro pós-flop, não é aconselhável tentar extrair valor nas três streets. Muitas vezes, pedir mesa no turn pode lhe economizar fichas ou pegar um blefe descarado, como eu fiz.
 



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