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BSOP Millions 2015 – O Maior Festival de Poker do Mundo

Marcelo Souza

Última etapa de cada da Brazilian Series of Poker, o BSOP Millions se tornou o maior festival do poker do mundo. Mas e a World Series of Poker? Bem, quando o assunto é poker, a WSOP é hors concours e não entra em nenhum tipo comparação.

Entre os dias 27 e 03 de dezembro, o WTC Sheraton de São Paulo foi palco de 24 eventos — mais de 30 se forem levados em consideração os satélites e eventos comemorativos —, que distribuíram cerca de R$ 20 milhões em dinheiro, quase metade desse valor arrecadado apenas no Main Event: 3.457 entradas e R$ 8,6 milhões de premiação.

O evento de abertura, o número 1, com premiação garantida de R$ 750.000, buy-in de apenas R$ 460 e quatro dias inicias (1A, 1B, 1C e 1D), registrou incríveis 3.866 entradas — número que só não foi maior porque a organização teve que encerrar as inscrições, uma vez que o torneio atingiu seu limite de inscritos — um recorde mundial, o maior torneio de poker já realizado fora de Las Vegas.

A partir dali, o BSOP Millions 2015 explodiu. Durante todos os dias, milhares de pessoas — jogadores e curiosos — ocupavam mesas, corredores e stands espalhados pelo local. Repórteres de emissoras consagradas, como ESPN, FOX e Bandeirantes, circulavam para todos os lados. O ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno também apareceu para dar entrevistas e disputar o Torneio das Celebridades, que contou com a presença de esportistas apaixonados pelo poker, caso de Rodrigão (vôlei), Maurren Maggi (atletismo) e Thiago Camilo (automobilismo). Vanderlei Luxemburgo, técnico de futebol, foi mais um no pano e disputou o High Rollers e evento Senior. Harley-Davidson e a Sky reconheceram o potencial mercadológico do poker e associaram sua marca diretamente ao BSOP, com o Campeão Brasileiro levando uma moto 0 km para casa. Era a afirmação do “boom” do poker nacional.
Com novidades fervilhando, Igor “Federal” Trafane aproveitou para anunciar que o poker havia sido aceito como membro definitivo da ABRESPI (Associação Brasileira dos Esportes Intelectuais), o que o coloca no mesmo patamar do xadrez, GO, bridge e damas.

Ao final da festa, o goiano João Bauer foi coroado Campeão Brasileiro de Poker de 2015 e o mineiro Rafael Caiaffa recebeu o título de Campeão de Omaha. Ricardo Tavares, campeão do BSOP Millions 2012, teve a chance de repetir o feito ao cair na bolha da mesa final, mas foi André “Coronel” quem ficou com o título do torneio mais cobiçado do ano.

Main Event do BSOP Millions 2015

DIA 1A
Entradas: 852
Classificados: 317
Chip Leader: Firas Massou (DF) – 320.500 (267 big blinds)

DIA 1B
Entradas: 1.165
Classificados: 444
Chip Leader: Rodrigo Crespo (RJ) – 240.000 (383 big blinds)

DIA 1C
Entradas: 1.440
Classificados: 646
Chip Leader: Alcione Pellerman (PR) – 291.800 (243 big blinds)

DIA 2
Classificados: 1.407/3.457
Bolhas: Michel Henrique (MG), Helson Kupczak (PR) e Antônio Rocco (SP) – 521º lugar (R$ 1.463)
Classificados para o Dia 3: 521
Chip Leader: Thiago Flausino (SP) – 1.631.000 (136 big blinds)

DIA 3
Classificados: 521/3.457
Classificados para o Dia 4: 28
Chip Leader: Pedro Padilha (SP) – 8.830.000 (74 big blinds)

DIA 4
Classificados: 28/3.457
Classificados para o Dia Final: 8
Bolha da mesa final: Ricardo Tavares (SP) – 9º lugar (R$ 100.500)

DIA FINAL

Chip Leader da mesa final: André “Coronel” (SC) – 24.425.000 (102 big blinds)
Duração da mesa final: 10 horas e 23 minutos
Duração do heads-up: 19 minutos

CRÔNICA DA MESA FINAL

Dez horas de mesa final e toques de drama que apenas o poker pode oferecer. Logo de cara, uma eliminação inacreditável: um out no river. “GG, Santana”. O 8º lugar, como diz o jargão do poker: “perdeu com sorte”, acertou uma trinca. Desnecessária. Aquele maldito terceiro Rei no turn abriu uma broca para Daniel, que veio a galope no river e mandou Hugo embora precocemente para casa. Depois de eliminar Rodrigo Santana, Ciro Gomez e seus Reis deram o ar da graça novamente. A vítima, desta vez, foi Luiz “Tofu”. Dizem que os “King Kongs” são imãs de Ases. Ciro viu um Ás aparecer contra Santana, que não foi o suficiente. Contra “Tofu”, foram dois, um no flop e um no turn, pena que o paulista tinha 10-9 e já estava drawing dead quando o segundo “espeto” apareceu.

Restando apenas cinco jogadores, tudo paralisado. Com R$ 3,5 milhões em jogo, um acordo foi feito. Ciro, até então protagonista na FT, caiu e a história do campeão começou a ser desenhada. Com menos fichas, André “Coronel” se viu em um clássico coin flip contra Daniel Nagayama. O vencedor ficar com 80 big blinds e o título praticamente encaminhado. Quando o dealer virou o flop, o par de Nagayma virou trinca. A torcida fez o salão tremer. Mas no poker, não se comemora antes...

“Coronel” tinha exatos 2,83% de chances de vencer com seu A-K “naipadinho”. Ele precisava de outras duas cartas de espadas no turn e no river, e se alguma carta dobrasse, “GG”. O milagre dos 2% apareceu pela segunda vez na mesa final. “Coronel” acertou o flush, dobrou suas fichas e o resto é história: três eliminações e o título do BSOP Millions 2015.

RESULTADO FINAL

1. André "Coronel" (SC) - R$ 1.033.000,00*
2. Daniel Nagayama (SP) - R$ R$ 789.500,00*
3. Cassiano Lima (RS) - R$ 620.000,00*
4. Thiago Grigoletti (RS) - R$ 500.000,00*
5. Ciro Gomez (SP) - R$ 592.000,00*
6. Luiz "Tofu" (SP) - R$ 240.000
7. Hugo Ewerton (DF) - R$ 170.000
8. Ricardo Santana (MG) - R$ 120.000

NÚMEROS DO BSOP MILLIONS 2015*

Torneios Disputados: 24
Premiação Distribuída: R$ 19.983.514
Números de Entradas Registradas: 13.376
Maior Prize Pool: R$ 8.632.500 (Evento #8 – Main Event)
Menor Prize Pool: R$ 58.510 (Evento #28 – Survivor)
Maior Prize Pool (fora o Main Event): R$ 3.760.300 (Evento #2 – LAPT Grand Final)
Maior Número de Entradas: 3.866 (Evento #1 – NLH 750K GTD)
Menor Número de Entradas: 38 (Evento #32 – Super Survivor)
Maior 1º Prêmio**: R$ 1.034.500 (André “Coronel” – Main Event)
Menor 1º Prêmio**: R$ 14.330 (Elide de Abreu – Ladies)
*Não foram contabilizados satélites e torneios comemorativos.
** Não são contabilizados os torneios Survivor, uma vez que todos os jogadores ITM recebem a mesma premiação.

MÃO DO TORNEIO

O título desta seção poderia ser tranquilamente “Bad Beat do Torneio”. O que você está prestes a ler certamente poderia ter passado despercebido. Poderia ter acontecido em um dos dias iniciais entre as centenas de mesas espalhadas pelo salão. Poderia ter sido apenas mais uma “parada” contada à meia dúzia de amigos nos corredores WTC Sheraton. Poderia ser apenas mais uma entre as dezenas de milhares de histórias que se perdem na boca dos jogadores. Sim, há muitos “poderia”, mas quis o destino que “a parada” acontecesse não só na mesa da TV do Main Event do BSOP Millions, mas em sua mesa final — “parada” que faz o sentimento pelo poker ser de uma efemeridade peculiar, oscilando bruscamente em questão de segundos e minutos, ou lentamente entre semanas e meses, sempre pendendo entre o amor e ódio:

A mesa final começou com os blinds em 120.000/240.000 e antes de 30.000. Os jogadores ainda estavam “se aquecendo” quando Ricardo Santana abriu raise para 500.000 do UTG. À sua esquerda, Ciro Gomez o fez tudo 1.050.000. Ricardo deu call.

No flop 4♦3♠K♦, os dois deram check e viram o dealer virar o turn, um A♠. Ricardo saiu apostando 900.000. Ciro respondeu com um raise para 2.050.000. Ricardo foi all-in com suas últimas 6.000.000 de fichas e foi pago imediatamente por Ciro, que revelou K♣K♠. Ricardo tinha A♥A♦ e 98% de chances de tornar um dos líderes da decisão. No entanto, “enquanto há 1% de chance, há 100% de esperanças” — neste caso, 2%. O river trouxe o último Rei do baralho, ironicamente, o de Copas, o “Rei Suicida”.

Não foi a pior bad beat da história, nem do próprio BSOP, na verdade; mas não seria nenhum absurdo dizer que a dor que Ricardo sentiu, ao ser o primeiro eliminado da mesa final, se compara a do “Rei Suicida”, que sempre aparece no bordo enfiando a sua espada na própria cabeça.

Ficha Técnica:

7ª etapa do BSOP 2015

Data: 27 de novembro a 03 de dezembro

Local: WTC Sheraton (São Paulo - SP)

Buy-in: R$ 3.000

Entradas: 3.457

Prize pool: R$ 8.632.500

Resultado Final