EDIÇÃO 101 » COLUNA NACIONAL

Ano Dourado – Parte Final


Felipe Mojave
Na última edição, comecei falando sobre como meu ano profissional foi maravilhoso. Do PCA até o Main Event da WSOP, parei na parte em que me mudaram para a mesa TV, com ninguém menos que Daniel Negreanu à minha esquerda.
 
Ao meu lado, um dos maiores nomes do poker da história, mas engana-se quem pensa que me intimidei. Nas três primeiras mãos, abri raise com mãos especulativas, sendo que, na última delas, dobrei em cima do próprio Negreanu. Na sequência, dobrei novamente com A-A e, logo em seguida, fiz um 3-bet com 10-2, do big blind, contra um jogador que aumentou do button e deu fold aberto com A-J — como cortesia, eu também mostrei. Mas então veio a próxima órbita.
 
O cutoff aumentou e, do big blind, fiz a mesma jogada, agora com K-K. Eu tinha 50 big blinds, meu oponente, 30. Era um menino que jogava bem, mas eu sabia que podia fazê-lo errar — e foi o que aconteceu. Ele foi all-in e fez uma tremenda careta quando dei call instantaneamente. Com A-6, ele tinha cerca 30% de chances de ganhar. Infelizmente, um Seis no flop e outro no turn reduziram drasticamente meu stack. Passei para o Dia 5, não como eu queria, mas vivo.
 
Dei inúmeras entrevistas para a ESPN. Cheguei mais cedo para gravações no estúdio, falamos de mil coisas, mil mãos e situações. Infelizmente, nada de relevante apareceu na transmissão. Na mesa da TV, houve pelo menos uma dúzia de mãos interessantes, inclusive a que dobrei em cima do Negreanu. Minha decepção não é nada pessoal, mas com a falta de espaço que o poker brasileiro tem na mídia internacional. Pela nossa representatividade no mercado mundial, acredito que isso deveria ser repensado.
 
O Main Event acaou para mim no Dia 5. Com pouco mais de 10 big blinds acabei indo all-in de J-J e encontrei um K-K pela frente. Caí na 136ª colocação e levei um prêmio de US$ 47.000. Saí muito feliz e com sensação de dever cumprido. 
 
Consegui resultados positivos na sequência. Em meu primeiro evento jogando pelo PokerStars fui 4º colocado de 253 no BSOP de São Paulo. Dois meses depois termine na em 21º de 267 na etapa LAPT do Uruguai e ITM entre as mais de 900 pessoas que jogaram o BSOP de Brasília. Nesse meio tempo, ainda tive a oportunidade de jogar o High Roller do EPT de Barcelona. O resultado não foi dentro do esperado, mas evolui ainda mais jogando contra os melhores.
 
Para quem investe valores substanciais no poker (mais de um milhão de reais por ano), ganhar é obrigação. Não ser lucrativo não é uma opção. Excluindo o BSOP Millions, consegui fechar o ano com 8% ROI (retorno sobre investimento). Poderia ter sido melhor, mas por detalhes, como aquele K-K do Main Event, não foi.
 
O reconhecimento do trabalho em 2015 servirá como motivação extra para 2016. Foi um ano que enriqueceu muito a minha carreira, assim como 2014. É legal saber que estou no caminho certo, mas longe de estar satisfeito. 
 
Espero que vocês tenham curtido esses dois artigos, na verdade, mais uma “prestação de contas” a todos vocês que me acompanham. Nos vemos nas próximas edições — e nas mesas.
 



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