Essa série de colunas se baseia na máxima militar:“A batalha geralmente é vencida ou perdida antes de ser travada”. Na Parte II, Nolan Dalla, diretor de mídia do World Series of Poker, relacionou o dito à seleção de jogos, mas ele se aplica a cada passo da batalha.
Nas batalhas do poker, as informações são armas de fundamental importância, e os vencedores sabem que seus resultados dependem primariamente do equilíbrio dessas informações. Quanto mais eles souberem, e quanto menos seus adversários souberem, mais fortes eles serão. Eles, portanto, trabalham duro para maximizar as informações recebidas e minimizar as que fornecem.
Como a maioria das informações deve ser adquirida e processada antes de ser utilizada, uma boa preparação é primordial quando se trata de ganhar a batalha por informações. Eles pulam ou desempenham de maneira desleixada vários passos preparatórios, mas os vencedores seguem cautelosamente cada passo dessa série que já discutimos:
• Estudar princípios estratégicos
• Preparar-se para eventos ou sessões específicas
• Manter o estado mental propício
• Escolher uma boa mesa e um bom lugar
• Categorizar os jogadores e a partida
• Planejar uma estratégia geral
• Planejar a jogada para uma mão específica
Agora, discutiremos a preparação para mãos futuras, que inclui duas fases:
• Depois que você desiste
• Depois que a mão termina
Depois Que Você Desiste
Incontáveis autores já lhe disseram para permanecer atento à ação depois que você dá fold. Infelizmente, se você for como a maioria das pessoas, pode casualmente olhar a ação, mas se concentrar mais em suas bad beats, golpes de sorte, resultados da sessão ou o que comerá no almoço. Você pode até mesmo ignorar a ação e conversar ou ver televisão.
Vencedores ignoram as distrações e permanecem focados em seus oponentes. Eles sabem que podem aprender mais depois de terem desistido do que enquanto jogam. Quando seu dinheiro está em jogo, você naturalmente se concentra em suas cartas e em sua estratégia. Você espera ou teme que determinadas cartas apareçam e — se estiver pensando bem — planeja como reagir diante do aparecimento de certas cartas e do comportamento de seus oponentes.
Depois de dar fold, você não tem nada em jogo e pode se concentrar com mais intensidade em aprender sobre seus oponentes. Suas expectativas e medos para essa mão desapareceram. Como não precisa planejar sua estratégia, pode observar seus adversários mais claramente e raciocinar sobre eles com mais profundidade e de maneira objetiva.
Para maximizar seu aprendizado, esqueça as cartas que você largou e o dinheiro que teria ganhado ou perdido com elas. Não pense no que seria, poderia ou deveria, pois isso reduz o que você aprende. Em vez de estudar seus oponentes, você fica pensando: “Eu devia ter pagado com 10-9 de naipes diferentes. Eu teria conseguido o nut straight no flop, e veja só quanta ação! Eu teria ganhado…”
Se você assistir à ação como a um programa de televisão, geralmente conseguirá ler as mãos de seus oponentes muito melhor do que faria enquanto joga. Você percebe mais tells, vê com mais clareza os padrões de apostas, compreende os estilos deles com maior percepção e, em geral, aprende muito mais sobre eles do que enquanto está envolvido no jogo.
Depois Que a Mão Termina
A tendência de desviar sua atenção da ação recente é ainda mais forte depois que ela termina. Você naturalmente pensa mais sobre a próxima mão do que sobre a que passou, especialmente se não estava envolvido nela. Mas essa é a hora ideal de aprender.
Você provavelmente acha que uma mão de hold’em tem apenas cinco streets, mas o novo livro de Tommy Ângelo, Elements of Poker, vai além.
“A sexta street começa quando as apostas terminam... os jogadores relaxam, e vale a pena não fazer o mesmo”.
“Enquanto jogam… os jogadores são estóicos, dando o melhor de si para fornecer o mínimo de informações possível. [...] assim que as apostam acabam [...] eles começam a demonstrar informações sobre seus pensamentos, seus sentimentos e suas cartas. A sexta street ocorre quando os jogadores baixam a guarda, como se de repente fosse seguro revelar segredos ao inimigo. É como se eles não soubessem que a guerra ainda está em andamento” (páginas 106-107).
Você deve reconhecer isso — já que a batalha por informações nunca cessa — e jamais fornecer informações. Eu escrevi sobre esse erro em “Nós Precisamos de um Aviso Legal”.
“Toda sala de poker deveria ter uma placa dizendo: ‘Cuidado, qualquer coisa que você disser pode ser usada contra você’... Toda vez que você dá informações, você está essencialmente dando fichas”
“Ainda assim as pessoas fazem isso o tempo todo. Eles contam histórias de bad beats, mostram suas mãos, discutem sua estratégia, criticam e reprovam os outros jogadores, e dão muitas outras informações”.
“Da próxima vez que você estiver tentado a conversar, mostrar suas cartas ou dar quaisquer informações, lembre-se do aviso legal: Qualquer coisa que você disser pode ser usada contra você…” (Seu Pior Inimigo no Poker, lançado pela Raise Editora).
Mas não fique em completo silêncio. Você sabe que a guerra por informações jamais tem fim, mas não deve querer que seus oponentes percebam isso e se fechem. Em vez disso, fale de maneira amigável com o intuito de conseguir informações, mas também preserve a atmosfera relaxada do “vamos nos divertir”. Em Advanced Limit Hold’em Strategies, Barry Tanenbaum escreveu: fazer perguntas “é a coisa mais amigável que se pode fazer, e é bem mais divertido do que permanecer sentado inerte, como um puma na relva, esperando a hora de atacar. Segundo, os jogadores irão lhe dizer coisas que podem lhe ajudar” (página 64).
Não pergunte: “Que cartas você tinha?” Essa pergunta diz a eles que você está tentando arrancar informações que eles não querem lhe dar, mas as pessoas adoram falar sobre como elas pensam e por que jogam de determinada maneira. Portanto, faça perguntas como as que eu sugeri em A Psicologia do Poker:
“Eu não sei por que você não fez um check-raise”.
“Estou surpreso por você ter dado call com essa mão”.
“Por que você tentou blefar contra um jogador tão loose?”
“Aquele aumento foi estranho”.
“Eu nunca imaginei que você tivesse algo assim. Eu achei que você tinha...”
“Você geralmente consegue informações importantes criticando as pessoas, mas faça isso com delicadeza. Por exemplo, muitas pessoas se defendem explicando as razões por que pagaram ou aumentaram com cartas ruins”.
“Eu sempre protejo meu big blind com um raise”.
“Eu verei a próxima carta se tiver três que formem qualquer seqüência”.
“Eu aumentei porque elas eram minhas cartas da sorte”.
“Essas declarações lhe fornecem valiosas informações que você não conseguiria de outro modo, e esse conhecimento lhe ajuda a entendê-los e derrotá-los...”
“Ocasionalmente, alguém pode se opor a sua investigação. E daí? Colher informações é como procurar ouro: é necessário muito trabalho para encontrar uma pepita, mas vale a pena o esforço.” (em “A Psicologia do Poker”, também prestes a ser lançado pela Raise Editora).
Recomendações Finais
O poker é uma batalha por informações, e é preciso trabalho árduo para adquiri-las e processá-las. Você deve também resistir a seus impulsos naturais de dar informações. Muito desse trabalho e disciplina deve ser conduzido nos momentos em que a maioria das pessoas simplesmente relaxa, mas os vencedores continuam trabalhando, preparando-se para batalhas futuras. Eles se fazem uma pergunta constantemente, que você também deveria fazer a si mesmo com freqüência: “Como eu posso obter mais e fornecer menos informações?” ♠
Para aprender mais sobre si mesmo e sobre outros jogadores, você pode comprar os livros do Dr. Schoonmaker, disponíveis pela Raise Editora.