EDIÇÃO 10 » MISCELÂNEA

Capture a Bandeira: Barry Greenstein


Lizzy Harrison

Barry Greenstein é o profissional completo de cash games, e tem sido desde que entrou em cena. Ele é um jogador experiente e diz que joga todas as partidas com o mesmo nível de habilidade. A renda obtida com os cash games garante a Greenstein um estilo de vida que lhe custa mais de $1 milhão por ano.

Lizzy Harrison: Que fatores constituem um bom cash game?

Barry Greenstein:
A verdade é que você deve querer jogar contra oponentes fracos e ricos, pois essa é a melhor maneira de se ganhar dinheiro. Eu percebo que muitos dos jogadores mais jovens querem provar que são bons e, por causa disso, não selecionam boas partidas. Quando jogo na Internet, geralmente me perguntam por que eu não disputo heads-ups contra os melhores jovens jogadores online. Não os enfrento porque me ache pouco favorito nessas partidas, mas porque sei que eles são bons e respeito isso. Eu posso enfrentá-los em uma situação ao vivo, o que é melhor para mim, mas eu geralmente prefiro buscar uma mesa com maus jogadores. Para mim, no poker, não é importante provar que eu posso vencer todo mundo, e sim pagar minhas contas. Eu quero ganhar dinheiro para curtir a vida; eu nunca senti a necessidade de provar meu talento para ninguém.

LH: Se você gosta de jogar contra oponentes fracos, por que participa do “the big game”?

BG:
Quando jogo ali, seleciono a partida. Eu me certifico que vou disputar os jogos em que eu possua vantagem. Existem situações em que meus oponentes são mais fortes e algumas em que eles são mais fracos. Por exemplo, eu não me sentaria para jogar shorthanded pot-limit Omaha contra Patrik Antonius e David Benyamine, pois eles são muito bons nessa variante. Na maior parte do tempo, eu não admito que alguém seja melhor do que eu, mas, nesse jogo, eu tenho que dar crédito a eles. Eu concluí que, mesmo que eu possa derrotar alguém em sua melhor variante, é melhor fazer com que ele jogue diversas modalidades, vez que minhas habilidades são bastante equilibradas. Se eu me propuser a jogar a seqüência correta de variantes, irei ganhar. Desde que comecei a jogar com Larry Flynt, meu stud melhorou: esse costumava ser um de meus estilos mais fracos e, hoje, é um dos mais fortes. Se você me vir na Bobby’s Room jogando com Patrik e David, pode ter certeza de que há stud na mistura, pois eu sou melhor que eles nessa modalidade.

LH: Para você, qual seria a mistura ideal de modalidades?

BG:
Eu geralmente peço apenas que eles coloquem o máximo de variantes possível, pois todas são a mesma coisa para mim. Eu não acho que eu tenha uma especialidade, mas costumo dizer que minha melhor modalidade é aquela em que meu adversário seja mais fraco.

LH: Como você se tornou um jogador tão completo?

BG:
Se você pretende ser um jogador de poker profissional, deve ser capaz de jogar todas as variantes. Quando comecei a jogar em cardrooms, percebi que havia jogadores ricos que despejavam dinheiro nas mesas de high-stakes. Um mês eles podem querer jogar hold’em e, no próximo, Omaha. Eu precisava ser competitivo em todas aquelas modalidades. Hoje em dia, eu geralmente vejo jogadores de no-limit hold’em que vêem apenas essa dimensão. Eles sabem que existem jogadores fracos que partiram para outras modalidades, mas não podem segui-los porque não conseguem vencer em outras variantes.

LH: Quando você começou a jogar, de que modalidades e limites participava?

BG:
Eu tenho jogado poker todo final de semana desde que tinha 12 anos de idade: nós jogávamos apostando moedas naquela época, e meus ganhos variavam de $20 a $50. Era nos anos 60 e eu nem me lembro se se jogava hold’em. Quando jovem, eu jogava five-card stud e seven-card stud. Na faculdade, eu dizia abertamente que meu jogo preferido era seven-card stud high-low. Eu era muito bom ao descobrir como os demais jogadores iriam agir. Naquele tempo, eu ganhava $100 ou $200 numa noite, o que pode não parecer muito, mas eu pagava $300 de mensalidades por semestre!

LH: Então você sempre foi um jogador vencedor?

BG:
Eu não fui somente um jogador vencedor sempre, como também o maior ganhador em qualquer jogo organizado do qual participei. Eu fui o maior vencedor em todos os estágios de minha carreira no poker. Eu costumava jogar até que os jogos acabassem; os demais jogadores basicamente desistiam ou perdiam tudo antes de eu sair.

LH: Se um jogador amador pedisse seu conselho para melhorar o próprio jogo, o que você lhe diria?

BG:
Eu diria que ele não deve jogar poker a sério. Se alguém é amador, já está abaixo da média. As pessoas que ganham dinheiro jogando poker são como eu: o poker é a paixão delas, e elas têm jogado durante a vida inteira. Elas já são treinadas para destruir os oponentes nas mesas. É difícil entrar tarde no poker, do mesmo modo que seria complicado se tornar um jogador de golfe profissional se você começasse a jogar apenas aos 25 anos.

LH: Recentemente você jogou vários torneios. Você ainda passa muitas horas jogando cash games?

BG:
Os cash games não são mais os mesmos de quando eu era jovem. Não há mais partidas boas. Na Califórnia, hoje em dia, os grandes jogos são de badugi e triple draw: é muito difícil obter uma boa vantagem nessas modalidades. As boas partidas de no-limit geralmente são privadas, e eu não sou convidado a jogar. Jovens jogadores que foram capazes de construir seus bankrolls em partidas no-limit foram jogar em mesas melhores. Existem jogadores fracos e ricos, cujos nomes não irei revelar, que oferecem partidas as quais eu não posso disputar porque eles sabem que eu sou um bom jogador. Eu gostaria de ser convidado para esses jogos. É, em parte, como nas relações públicas, pois você tem que se tornar amigo desses jogadores; eu acho que a palavra é “diplomacia”. Eu tenho coisas melhores para fazer com meu tempo.

LH: Algum jogador em específico influenciou seu jogo?

BG:
Não. Você tem que reconhecer que eu sempre fui o melhor deles. Entretanto, eu aprendi com jogadores piores que eu. Se um está ganhando e outro diz que ele está com sorte, isso provavelmente não é verdade: ele está fazendo alguma coisa correta, e eu aprendi a observar o que ele faz para descobrir o que é. Se alguém for bem-sucedido, eu disseco o jogo dele para descobrir por quê. Eu chego até a tentar perceber o que perdedores estão fazendo de errado, de modo a saber o que eu devo evitar e o que posso explorar. Eu costumo dizer a meu filho Joe [Sebok] que estamos rodeados de maus jogadores, mas, se não descobrirmos o que eles estão fazendo de errado, não podemos tirar vantagem deles.




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