BSOP

Na Mesa com o Editor: Meu Apocalipse Particular


 

03/12/2023 11:03
Na Mesa com o Editor: Meu Apocalipse Particular/CardPlayer.com.br


Fala, pessoal. Tudo bem com vocês? Depois de um pequeno hiato, voltei para escrever a parte final da nossa seção.

Enquanto escrevo esse artigo, o BSOP Millions já chegou ao seu final. Eu joguei o Main Event, cheguei até a passar para o Dia 2, mas foi tudo tão padrão que não vale muito me alongar aqui, vou resumir como foi a minha curta jornada no principal.

Bom, eu peguei uma mesa com jogadores bem tights. A vantagem disso é que dá para ganhar pequenos potes e manter o seu stack saudável. A desvantagem é que dificilmente você vai ficar muito grande nos primeiros níveis, a não ser que pegue alguns coolers. Eu consegui ganhar pequenos potes, mas perdi alguns grandes.

A única mão interessante aconteceu no final do dia, contra o chip leader da mesa, que estava acertando tudo e tinha mais de 150 bbs.

Na mão em questão, ele abriu mini raise do UTG, o SB pagou e eu defendi o BB com Jh7h, tendo 15 bbs. O flop veio 1087 e todos deram check.

O turn foi um 3, e depois do SB pedir mesa, eu decidi apostar, acreditando ter a melhor mão e também para protegê-la, já que o range do UTG tem mãos com muitas overcards, como AK, AQ, KJ, KQ, JQ. Apostei 1,5bb (talvez, eu deveria ter feito um size um pouco maior, mas pensei em justamente extrair desses tipos de mãos). O UTG deu call e o SB foldou.

O river foi um 9, me dando uma sequência. Aqui, eu tinha uma decisão a tomar, o pote tinha cerca de 10 bbs, e eu tinha mais ou menos 13 bbs no stack. Na minha cabeça, eu não conseguiria extrair valor de nenhuma mão do UTG, que jogou de check e depois de call. Ele foldaria tudo, e me eliminaria de qualquer maneira se tivesse JQ. Decidi pedir mesa e dar a oportunidade para ele usar seu stack gigante para me pressionar, já que ele blefaria tudo que não tivesse valor e não daria check behind com praticamente nada, já que a maioria das mãos que poderiam dar check apostariam em algum momento. Ele pensou um pouco e foi all-in, dei call imediatamente e ele mostrou KQ.

Depois de puxar esse pote, passei para o Dia 2 com 23 bbs (35 mil fichas), menos que o stack inicial. Isso não seria um problema, devido à excelente estrutura do torneio (uma hora e meia de blinds no Dia 2).

Mas infelizmente o Dia 2 não durou mais de 30 minutos para mim. Na primeira mão, o UTG+1 abriu raise e eu dei all-in do BTN com 88. Ele foldou e eu puxei o pote. Na órbita seguinte, a mesa rodou em fold até mim, de novo no BTN, e abri mini-raise com 99. O BB, que estava bem grande, me colocou em all-in. Com praticamente o mesmo stack que comecei o dia, dei call. Ele mostrou KQ, e o flop já trouxe uma Q, que mandou para casa.

Um cash game no meio do caminho
Eu ainda entrei no torneio Meia Milha, de R$ 500, mas durante o torneio, uns amigos me chamaram para jogar um cash de Omaha de 5 cartas no aplicativo da GGPoker, o Club GG. Jogamos em quatro pessoas, eu, Eduardo Silva (“Eduardo850”), Peter Patrício (“pitaoufmg”) e um dos donos da b2xbet, Lucas Pegoraro. Acabei sendo eliminado rapidamente do Meia Milha em duas mão meio normais, perdi muitas fichas em um KK contra sequência e depois caí com trinca de Dez contra sequência.

Focado no cash, as coisas começaram a andar muito bem para mim e cheguei a estar ganhando R$ 16 mil. Acabei perdendo um pote de R$ 6 mil com top set para um runner runner flush e depois mais dois potes de R$ 8 mil, com trinca para full e top set para sequência. No final, ainda saí ganhando R$ 4.100, o que já salvou o buy-in do Main Event.



Fim melancólico
Bom, na minha grade ainda havia outros torneios, como o 6-Max, o próprio Meia Milha e o Mini Main Event, mas quis o destino (e o tilt) que meu último torneio viesse no Turbo KO daquela noite. Com buy-in de R$ 1.500, estrutura muito acelerada e R$ 500 de prêmio por eliminação, eu joguei bem tight, já que os torneios turbo KO são uma loucura, como já falei na publicação anterior. No entanto, esse foi um dos piores torneios que já joguei na minha vida, tecnicamente falando, cometi pelo menos dois erros cruciais que me custaram bastante dinheiro e minha sanidade para continuar jogando a série.

O primeiro erro veio depois de dobrar com JJ x AQ contra um jogador que havia acabado de sentar à mesa. Ele ficou com apenas 5 bbs e começou a dar all-in no escuro. Quando ele ficou com 20 bbs, ele continuou com a mesma estratégia. Por não estar muito atento à mesa, não vi que ele ainda estava dando all-in no escuro. Acabei foldando um A9, que seria um call bem tranquilo. Eu eliminaria não só ele (que tinha T7), mas o outro jogador que havia entrado no pote.

Bom, mas eu ainda estava bem em fichas e ele continuava dando all-in no escuro. Um jogador do Samba, que estava à minha esquerda, acabou entrando na mão contra ele, acertou um out river e ficou muito grande. Depois foi a minha vez de enfrentá-lo em um all-in triplo, com um outro short na mão. Eu tinha AQs, ele tinha 72o e o short tinha QTo. Eliminei o short e ele ficou com apenas 4.100 fichas no blind 800/1.600. Eu era o segundo em fichas na mesa, atrás apenas do jogador do Samba.

Na mão seguinte, eu era o UTG e a mesa tinha apenas 6 jogadores. O “maluco” do all-in no escuro, era o SB e já iria all-in com certeza. Recebi A5s, e era uma mão perfeita para tentar eliminá-lo e garantir mais R$ 500. Eu tinha pouco mais de 30 bbs, então eu tinha 3 opções:

1. Open Shove
2. Raise
3. Limp-shove

Descartei a primeira opção porque se o jogador do Samba desse call, eu estaria em maus lençóis, no entanto, ele não me pagaria com um range tão amplo, já que ele ficaria bem curto se perdesse. Os outros jogadores da mesa, todos tinham menos de 15 bbs, então eu não me importaria de jogar com A5s por dois bounties.

O limp-shove era uma boa opção também, já que provavelmente todos dariam limp para tentar eliminar o SB, que iria all-in no escuro, e eu poderia isolar quando a mão voltasse até mim.

Por fim, escolhi o raise, acho que a pior opção pelo simples motivo de que a mesa toda poderia pagar o meu raise para ver o flop e tentar eliminá-lo, já que o all-in dele travaria a ação. E foi o que aconteceu, jogo para cinco e um pote de 14 bbs.

O flop veio AQ7, e aí veio o maior erro da mão: eu não fiz uma c-bet. Além de um pote de 14 bbs (isso é muita ficha numa turbeta), estavam em jogo R$ 500 do bounty do SB. Eu ficaria feliz tanto em ir all-in contra os outros quatro jogadores quanto se conseguisse o fold dos mesmo. Bem, a mesa rodou em check e vimos o turn.

Um 5, que me dava dois pares. Apostei meio pote e apenas o jogador do Samba pagou. O river foi um 9, pedi mesa, e o jogador do Samba foi all-in. Quando anunciei o “call”, nem ele acreditou: “Você deu call mesmo?”. Ele mostrou 86o, ficou com mais de 100 bbs e ainda conseguiu mais dois bounties.

Eu saí tiltado pela primeira vez no BSOP. Não pela sequência no river, mas pelo festival de erros que cometi. No geral, até aquele torneio, fui muito bem emocionalmente e tecnicamente (dentro das minhas limitações), mas ser eliminado cometendo vários erros é muito frustrante. O ITM já estava próximo, eu teria pelo menos R$ 1.000 em bounties garantidos e um belo stack para tentar chegar o mais longe possível. Ali, o BSOP tinha acabado para mim. Eu sabia que não esqueceria aquele torneio, o que me prejudicaria nos demais. Achei melhor abortar o restante do evento. Uma pena, pois estava curtindo muito a jornada.

No final, o saldo foi bem positivo (não financeiramente, apesar de o cash ter dado uma salvada). Vi que posso jogar em bom nível ao vivo e que lidei bem com situações que não posso controlar (coolers, flips etc.).

Espero que vocês tenham gostado do quadro e vou tentar fazer outros no futuro, tanto ao vivo, quanto online.

Saldo do projeto

Torneios jogados: 7
ITMs: 1
Buy-ins: R$ 11.600
Lucro/Prejuízo: - R$ 10.050 (- R$ 5.950 contando com o cash game)

Leia também as outras partes do Na Mesa com o Editor:

Na Mesa com o Editor, o BSOP Millions pelos olhos de um jogador recreativo
Na Mesa com o Editor - Start Up Dia 2
Na mesa com o Editor - Você não é especial
Na Mesa com o Editor - O torneio mais louco que já joguei

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