O cavaleiro da Rainha no século XXI não usa armadura e nem anda a cavalo. O bravo homem saiu de casa sem deixar uma mulher esperando por ele. Agora, o herói prefere partir os corações por onde passa. Sua prioridade é clara, as casadas. Montado no seu carro veloz e protegido pelo seu terno de luxo, 007 não defende apenas as terras do Império. O agente tem como dever salvar o mundo em uma mesa de poker. Seu nome é Bond, James Bond.
Após quatro anos de ausência, a série mais longa da história do cinema volta às telas com seu vigésimo primeiro filme: 007 Cassino Royale (2006). O longa marca a estreia do ator inglês Daniel Craig como James Bond e também a segunda aparição do diretor Martin Campbell na saga do agente do MI-6.
Na trama, Bond acaba de ganhar a sua licença “00”, e sua primeira missão é derrotar o banqueiro corrupto Le Chiffre (Mads Mikkelsen). Depois de perder todo o dinheiro de um grupo terrorista, graças a interferências do agente britânico, o criminoso precisa vencer uma milionária partida de poker no Casino Royale em Monte Carlo. A missão de impedi-lo cabe a James Bond, que vai contar com a ajuda da agente do tesouro britânico, Vesper Lind (Eva Green). Para sentar a mesa é preciso pagar 10 milhões de dólares, e o vencedor pode sair até com mais de 100 milhões.
O filme é inspirado no primeiro romance de James Bond, Casino Royale, escrito por Ian Flemming e publicado em 1953. No livro, porém, a batalha tem lugar em uma mesa de bacará.
Muito diferente dos últimos filmes da série, 007 Cassino Royale mostra uma linguagem muito mais realista e violenta do personagem. O espectador poderá se identificar com os filmes de outro espião, o americano Jason Bourne.
Os primeiros minutos são empolgantes, e os créditos iniciais, marca registrada da série, também deslumbram o espectador. Mas o longa deixou de lado algumas referências marcantes dos outros filmes. Os aparatos tecnológicos e alguns personagens históricos, como o especialista em armas “Q” e a secretária “Miss Moneypenny”, foram deixados de lado. Sobrou até para o marcante bordão, “Bond, James Bond”. Por outro lado, o filme continua viajando mundo afora. Dessa vez, por Itália, Bahamas, Reino Unido e República Tcheca.
Martin Campbell prova que sabe dirigir filmes de ação. Criticado por ser um diretor sem identidade, o cineasta mostrou-se capaz de explorar diversos aspectos do gênero de espionagem. O roteiro passou pela mão do talentoso roteirista Paul Hagis, um estreante na série, mas um vencedor na carreira. Em 2006, ele levou o Oscar de melhor roteiro original por Crash – No Limite.
Daniel Craig interpreta o James Bond com maestria. Muito criticado após a sua escolha, o ator ignora a sua diferença física em relação ao personagem dos livros e dos filmes anteriores. Com um ar arrogante, cafajeste e carrancudo, o “baixinho loiro” prova que a escolha foi acertada.
O vilão interpretado pelo ator dinamarquês Mads Mikkelsen não é caricato como muitos que apareceram na série. Sua maquiagem se resume a um ferimento no olho esquerdo, o que não lhe impede de mostrar um lado sombrio e maligno.
A bond girl Eva Green impressiona tanto pela beleza quanto pela a atuação. Ainda no núcleo feminino, Judy Dench, como “M”, dispensa comentários.
As partidas de poker são fundamentais para o desenvolvimento e conclusão da trama. Nas milionárias mesas do Cassino Royale, as mãos são exageradas, mas bem desenvolvidas, envolventes e com muito glamour.
Maior bilheteria da série desde 007 O Espião que me Amava (1977), Cassino Royale voltou a agradar o público e abriu as portas para novos filmes com o Daniel Craig na pele do agente secreto mais popular do cinema.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.