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Bem-vindo ao jogo

O filme faz uma grande salada, e ainda consegue deixar seu espectador com desejo de “quero mais”.



27/04/2012
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Em um único passeio pelo salão de um cassino, Huck Cheever (Eric Bana) mostra como é conhecido em Las Vegas. O jogador de poker flerta com as dançarinas, é assediado pelos apostadores, foge dos espertos, derrota os fishes e evita os seus credores. Ainda assim, ele tem uma vida vazia. É difícil achar alguém na cidade que não saiba quem é Huck Cheever, e não existe alguém que não se pergunte: “Como esse cara ainda não venceu a Word Series of Poker?”.


Huck Cheever tem tudo que um jogador de poker precisa para vencer, mas a sombra do pai é um eterno tilt no seu jogo

É com esse dilema existencial que Bem-Vindo ao Jogo (2007) conta a história de Huck Cheever, um talentoso jogador de poker que não consegue engrenar na carreira. Quando a aspirante a celebridade Billie Offer (Drew Barrymore) chega à cidade, a vida do jogador começa a melhorar, mas um velho conhecido também pousou por ali. Ele é L.C Cheever (Robert Duvall), pai de Huck, e um consagrado jogador de poker que insiste em assombrar o filho. A beira da falência, ele precisa derrotar seu pai e ainda brigar pelo coração de Billie, tudo isso durante o torneio de poker mais importante do planeta.
Nono filme da carreira do premiado diretor Curtis Hanson (8 Mile – Rua das Ilusões), Bem-Vindo ao Jogo marca o encontro de dois roteiristas vencedores do Oscar, o próprio Hanson, por Los Angeles – Cidade Proibida, e Eric Roth (O Curioso caso de Benjamin Buttton) por Forrest Gump – O Contador de Histórias. A dupla ainda contou com a ajuda do renomado cineasta Brian de Palma, que trabalhou como produtor dessa vez.


Drew Berrymore canta e encanta em Bem-Vindo ao Jogo

O grupo fugiu um pouco das suas características ao fazer um romance, e talvez pela falta de experiência no gênero, o desenvolvimento da trama tenha sido fraco. O filme tenta criar situações engraçadas, e consegue, mas quando se arrisca, ao sair do comum, desliza em um roteiro que dá muitas voltas, sem resolver de forma convincente nenhum dos seus dilemas. A tensão entre pai e filho é mal definida e tem um desfecho que deixou muitos fãs do poker decepcionados.

A personagem de Drew Berrymore é um dos poucos pontos positivos. A atriz consegue interpretar muito bem a figura doce e imatura daqueles que não conhecem a vida dos jogadores e apostadores. Sua ingenuidade é o contraponto à hostilidade da cidade.


Robert Duvall mais uma vez interpreta o pai competitivo, e não pensa duas vezes na hora de quebrar o seu único filho

Ao contrário de outros filmes que tratam do poker, como Rounders – Cartas na Mesa (1998), Bem-Vindo ao Jogo procura esclarecer o jogo, mas fica na superficialidade das regras e as maneiras de se jogar uma mão. Os desdobramentos que uma carreira como jogador implica e a ascensão do poker online não são retratados durante o longa.

Na hora de retratar Las Vegas, aquele ponto de interrogação. Ninguém nessa cidade vence na vida? A realidade que aparece na tela é somente de pessoas que estão tentando fazer a sua história de diferentes formas, sejam elas corretas, esdrúxulas ou desonestas.

Para os apreciadores do esporte, uma dica: fiquem atentos. Vários jogadores consagrados participaram como figurantes.

Ficha Técnica:
Diretor: Curtis Hanson
Elenco: Eric Bana, Drew Barrymore, Robert Duvall, Debra Messing, Kelvin Han Yee, Robert Downey Jr
Produção: Denise Di Novi, Carol Fenelon, Curtis Hanson
Roteiro: Eric Roth
Duração: 124 min.
Ano: 2006


Diego Scorvo

Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.


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