Com o talento de um grande ator eles te conquistam. Com a habilidade de um mágico eles te convencem. Com a velocidade de um tiro eles te roubam. E com a reação de uma tartaruga você descobre que foi vítima de um golpe. No final das contas, é preciso muito apreço pelo carpe diem para viver de pequenos golpes pelas ruas de Chicago.
Os malandros Johnny Hooker (Robert Redford) e Luther Coleman (Robert Earl Jones) não fogem de um desafio. Os seus golpes são simples, entretanto como uma armadilha na selva, você jamais sabe quando está em uma. Um dia o golpe saiu melhor do que o imaginado. O que era pra serem alguns dólares, na verdade se tratava de uma quantia espetacular. Entretanto, aquele montante tinha um dono fora do comum também.
A dupla roubou o mafioso Doyle Lonnegan (Robert Shaw), poderoso gangster de Nova York, que de forma alguma ia deixar a brincadeira passar batida. Ele não queria ser tachado de trouxa. Horas depois do “truque”, Luther Coleman estava morto, e Johnny Hooker era a próxima vítima. A única saída era se aliar ao grande golpista Henry Gondoff (Paul Newman), e se vingar aplicando um golpe de mestre.
Golpe de Mestre (1973) saiu da noite do Oscar em 1974 com sete estatuetas, incluindo o principal prêmio, melhor filme. O longa foi dirigido pelo diretor americano George Roy Hill, cineasta que ficou conhecido com o clássico western Butch Cassidy (1969), obra que também trouxe a dupla de amigos Robert Redford e Paul Newman como dois protagonistas pra lá de espertos.
Além do sucesso de crítica, Golpe de Mestre também agradou o público. O filme que custou aproximadamente 5 milhões de dólares arrecadou nas bilheterias mais de 150 milhões. Além do carisma dos protagonistas, o sucesso pode ser atribuído ao roteiro inteligente e envolvente, capaz de misturar muito bem situações engraças e inesperadas, além de esconder com maestria o desfecho final.
A produção foi excelente, os cenários e figurinos foram criados com extremo cuidado e eficiência. A direção de George Roy Hill é segura e comprova que o diretor havia atingido o auge da sua carreira. O cineasta acertou em cheio na hora de suavizar a trama. O tom mais leve foi essencial para que o clima de gato e rato funcionasse.
Não há um minuto que a tensão não paire sobre a tela. Sempre alguém está atrás de outra pessoa, ou escondendo algo. A trilha sonora e a montagem fazem do filme uma peça de teatro no cinema, até o bailar das cortinas ganha vida no final.
Os protagonistas na opinião do diretor são eternas crianças. Doyle Lonnegan é o riquinho que não precisa daquele dinheiro, mas de forma alguma que ser passado para trás. Johnny Hooker é o garoto mal encarado do bairro. Ele não leva desaforos para casa e jamais foge a um desafio, independentemente do que ele tenha a perder. Já Henry Gondoff é o líder, o pensador, o sossegado. Ele só que curtir vida e ficar ao lado de belas mulheres. Além de golpista, nas horas vagas ele concerta brinquedos em um parque de diversões. Passar o tempo em um carrossel, nada mais sutil para descrever o desejo de ser criança para sempre.
Você deve estar se perguntando e o poker? Calma, uma das cenas mais clássicas do filme acontece em um jogo de poker durante uma viagem de trem. Sem essa partida, o grande golpe jamais poderia ser realizado.
Confira a cena:
Ficha Técnica:
Diretor: George Roy Hill
Elenco: Robert Redford, Paul Newman e Robert Shw
Produção: Tony Bill, Michael Phillipse Julia Phillips
Roteiro: David S. Ward
Duração: 129 min.
Ano: 1994
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.