Sérgio Braga é um dos grandes nomes do poker live brasileiro. Ele joga Texas Hold’em há seis anos e sua especialidade são os cash games. Em suas viagens pelo Brasil e Estados Unidos, ele já enfrentou os principais nomes do poker nacional, além de grandes feras do poker mundial.
Ele, que tem 45 anos, e sua esposa Alessandra Braga, também jogadora profissional, formam um dos casais mais simpáticos e famosos do esporte. Num universo em que os “marketeiros” de plantão tentam se promover a qualquer custo, é sempre um prazer topar com alguém como Sérgio Braga – ponderado, sereno e humilde, para citar apenas alguns adjetivos.
Em entrevista concedida à Card Player Brasil, ele conta sobre seu início no poker, sobre suas batalhas contra Daniel Negreanu e Viktor “Isildur1” Blom, sua rotina atual e muito mais.
Confira:
Marcelo Souza: Primeiramente, aquela pergunta que não pode faltar. Conte-nos como o poker entrou na sua vida.
Sérgio Braga: Eu comecei a jogar poker ainda na adolescência, acho que eu tinha uns 15 anos. Comecei jogando Stick Poker, mais conhecido como 5 Card Stud. É um jogo bem interessante, já que você só tem uma carta escondida. Nele o blefe é uma arte importantíssima, até mais que em outras modalidades.
Mas foi em 2005 que a coisa ficou séria, em Las Vegas. Jogando em cassinos como o Venetian e Bellagio, eu percebi a dimensão do Texas Hold’em,. Apanhei muito, não tenho vergonha de falar. E quando voltei, comprei alguns livros e comecei a estudar. Continuei jogando em São Paulo, no antigo Paradise, onde começaram alguns dos grandes nomes do poker nacional, como o Akkari. Mais tarde, acabei fazendo a transição para os cash games.
MS: E quando você percebeu que era rentável viver deste esporte?
SB: Então, entre os meus 18 e 23 anos, mais ou menos, eu comecei a jogar com alguns empresários. Ali, comecei a ganhar consideravelmente, e percebi que o poker era mesmo um jogo de habilidade e que era possível ganhar dinheiro. Mas foi em 2005, com esse encontro com o Texas Hold’em, que percebi que tinha gente realmente vivendo de poker. Naquele momento, procurei ter, com o jogo, uma renda extra. Não posso dizer que era profissional, mas em 2007 houve uma sequência de acontecimentos que mudaram isso. Consegui um bom bankroll depois de fazer mesas finais no Tower (famosos torneios em navios) e no Conrad (cassino de Punta Del Este, sempre em destaque com seus torneios milionários). A partir daí comecei a jogar torneios mais caros em São Paulo. Jogava duas ou três vezes por semana, com buy-ins de até R$ 2 mil reais. E meus resultados eram bem consistentes, já que a maioria dos adversários eram empresários que se importavam mais com a diversão do que com o dinheiro.
Em 2008, eu já estava ganhando mais dinheiro com o poker do que com meu negócio. Foi aí que comecei a focar mais nos feltros. Hoje eu ainda tenho meu negócio, mas o poker é minha fonte de renda principal. Então, eu posso dizer que sou um profissional de poker.
MS: E sobre Vegas? Você e a Alê moraram um tempo por lá. Como foi a experiência de viver na capital mundial do poker?
MS: Você fez algum tipo de coaching por lá? Chegou a enfrentar grandes nomes do poker mundial?
SB: Gostaria, mas não fiz. Eu posso dizer que meu coaching foi na mesa. Fora de temporada, a mesa mais cara (regular) que você encontra por lá é a de $10$-$20 do Bellagio. Às vezes, no final de semana, você encontra uma de $25-$50. Então, veja bem, os caras que gostam da ação ao vivo, vão para lá jogar o $10-$20. Por isso é comum você jogar contra Phil Laak, Antonio Esfandiari e Jonathan Little. Até com o Dave “devilfish” Ulliott, que é inglês, mas estava lá, eu joguei. E nós percebemos que não devemos muito para esses caras. É questão de autocontrole, confiança e enfrentá-los sem medo. E te digo que a experiência de jogar contra esses caras é fantástica.
MS: Hoje, qual sua rotina dentro do poker?
SB: Atualmente, eu só tenho jogado Omaha live. Jogo, em média, quatro vezes por semana, e até gostaria de aumentar um pouco essa carga. Além disso, tem o Super Poker Training, que a gente tem que preparar as mãos, os questionários e criar um ambiente bom para os alunos. Isso toma muito tempo também. Mas, quase sempre, eu estou jogando em Alphaville (São Paulo). É um jogo mais caro, soft, com empresários. Até por isso, o jogo é meio louco, com muito gamble e uma variância enorme. Mas, mesmo assim, divertidíssimo e lucrativo. Mas, neste ano, eu quero jogar mais online. Online você joga de qualquer lugar e enfrenta grandes jogadores. Então, quero “me forçar” um pouco mais nesse tipo de jogo.
MS: Falando em online, o Brasil teve a oportunidade de acompanhar você jogando contra ninguém menos que o Viktor “Isildur1” Blom. Como você se sentiu jogando contra ele?
MS: E então, como foi jogar contra o Daniel Negreanu?
MS: Qual sua programação para este ano de 2011?
SB: Vou focar muito nos cash games, mas vou acompanhar os torneios por causa da Alê. Mas é legal dar alguns tiros em MTTs, como BSOP e LAPT. Além disso, é bom para ver a turma, confraternizar. Isso é uma coisa que não tem preço. Mas o foco mesmo é o cash, principalmente de Omaha.
MS: Sabemos que existemmuitos grandes jogadores de poker e, na maioria das vezes, é impossível dizer que o jogador X é melhor do que o Y. Se perguntarmos para 10 pessoas, provavelmente teremos 10 respostas diferentes. Mas,para você, quais osmelhores jogadores de cash game e de MTTsdoBrasil (live e online)? E do mundo?
Cash Game (Brasil): Gabriel Goffi e Marcelo “Urubu”.
MTT Online (Brasil): Caio Pimenta, Thiago Decano, André Akkari, Christian Kruel, VovoLeo, Caio Pessagno e Bruno_GT.
MTT Live (Brasil): Alexandre Gomes, Alessandra Braga e Stetson Fraiha
MTT Online: Jason Mercier e Bertrand “Elky” Grospellier
MTT Live: Phil Ivey e Daniel Negreanu
Cash Live: Phil Ivey e Tom Dwan
Cash Online: Daniel “jungleman12” Cates, Di “Urindanger” Dang e Randy “nanonoko” Lew
MS: Antes de terminarmos, um “Bate bola”.
MÃO PREFERIDA: KK
HOBBY: Pilotar Kart
ÍDOLO NO ESPORTE: Phil Ivey
UM LIVRO: O Monge e o Executivo (James Hunter)
TIME DE FUTEBOL: Corinthians
UMA SÉRIE DE TORNEIOS: WSOP
UMA BANDA/CANTOR: Ne-Yo
UMA MÚSICA: Because of You (Kelly Clarkson)
MS: Em nome da Card Player Brasil, gostaria de agradecer pela entrevista. Alguma consideração final?
SB: Eu gostaria de dizer que estou muito contente por ver o crescimento do poker no Brasil. Você nota isso, principalmente, pelo número de pessoas no BSOP, sempre cheio. E também queria reforçar o que a maioria já sabe: o poker é um jogo de habilidade. Quanto mais você estudar, mais terá resultados. Isso já está mais que provado. Então, estudem. Os resultados serão consequência.
O editor da revista Card Player Brasil se considera um sujeito humilde e trabalhador, mas há controvérsias. Acredita ser um gênio dos fantasy games.