EDIÇÃO 87 » COLUNA NACIONAL

Calculando Combos em No-Limit Hold'em

Combinações da mão do vilão


Cláudio “PeixeFeliz” Davino
Fala pessoal, beleza?

No artigo do mês passado, falei sobre como devemos pensar em uma mão de poker e consequentemente decidir qual ação será melhor para ela utilizando nosso conhecimento sobre ranges. Nesta edição, mostrarei como podemos calcular o número total de combinações na mão do vilão para que possamos definir com mais precisão o que significa exatamente o range dele.

Afinal, o que são combos?

Combo é a palavra em inglês para combinação, logo, quando falamos sobre combinatória em geral, queremos dizer quantas combinações diferentes de mãos existem em determinada situação, por exemplo:

* De quantas formas possíveis você pode receber A-K como mão inicial?
* De quantas formas possíveis você pode receber 6-6 como mão inicial?
* Quantas combinações de 7-7 existem no flop A-7-5?
* Quantas combinações de sequência existem no flop A-T-7?

Usando combinatória, você será capaz de rapidamente trabalhar com esses números e usá-los para tomar melhores decisões baseado na probabilidade de certas mãos aparecerem.



Básico da combinatória: Mãos iniciais de poker

Por enquanto parece um pouco complicado não é? Vamos descomplicar tudo então. Agora! Podemos dividir as mãos iniciais em dois tipos:

1 - Mãos não pareadas (A-K, 2-7, 8-9)

2- Mãos pareadas (2-2, 10-10, A-A)

Cada mão não pareadas possui 16 combinações totais possíveis. Sendo assim, se você escrever todas as possíveis formas que você pode receber A-K como mão inicial, seriam 16 (AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK, AK).

E cada mão pareada possui apenas seis combinações totais possíveis. Então, se você quiser todas as possíveis formas de receber 6-6 como mão inicial, seriam seis (66,66, 6-6, 66, 66, 66).
Então, como vocês podem deduzir, nós temos praticamente três vezes mais chances de receber uma mão não pareada do que uma mão pareada.

Curiosidade: Existem 1.326 combinações possíveis de mãos iniciais no Texas Hold'em.

Aplicando combinações usando cartas conhecidas

Vamos supor que nós temos A-K em um flop K-9-2 (os naipes não importam). Quantas combinações possíveis de K-Q e 9-9 o vilão pode ter?

Resposta:

Devemos usar a fórmula de mãos não pareadas:

C = A1 x A2

Em que:

C = Combinações totais.
A1= Cartas possíveis para a primeira carta.
A2 = Cartas possíveis para a segunda carta.

Então, com a mão inicial A-K, temos C= 4 Ases x 4 Reis = 16 combos
Assim sendo, no caso do K-Q no flop K-9-2, existem quatro Damas e dois Reis disponíveis no baralho. Assim, multiplicamos 4 x 2 e temos então o número total de K-Q possíveis nessa situação, ou seja, oito combos.

Para os combos de 9-9, devemos usar a fórmula de mãos pareadas:

C=(A x (A –1))/2


Então, para o nosso problema, existem três Noves disponíveis no baralho. Assim, multiplicamos 3 x (3-1) e dividimos o total por 2, totalizando três combos.

Importância

Combinatória é importante porque ao trabalhar as combinações de mãos, você pode encontrar mais informação sobre o range do vilão.

Por exemplo, vamos supor que o range de 3-bet do vilão é de apenas 2%. Isso significa que ele faz esse tipo de jogada apenas com A-A, K-K e A-K, que é um range muito tight.

Agora, apenas olhando para esse range de mãos, você deve achar que ele está mais sujeito a fazer a 3-bet com grandes pares. Afinal, tanto A-A quanto K-K estão no range dele, comparado com apenas uma mão não pareada que é o A-K. Então, sem considerar combinatória para esses 2% do range dele, você provavelmente deve achar que a probabilidade para cada mão parece com isso:

A-A = 33%
K-K = 33%
A-K = 33%

Sendo assim, os pares seriam compostos por 66%, enquanto A-K apenas 33%.

Entretanto, vamos olhar mais a fundo essas mãos comparando o número total de combinações de cada mão.

A-A = 6 combinações (21,5%)
K-K = 6 combinações (21,5%)
A-K = 16 combinações (57%)



Então, das 28 possíveis combinações feitas de A-A, K-K e A-K, 16 delas são de A-K.

Aplicação prática de combinatória:

Em uma situação hipotética, estou com 33 no small blind, jogando contra um vilão short stack, no big blind, com apenas $60 no stack. Em um river que o flop e turn rodaram em check, me encontro na situação em que o pote tinha $12 e o bordo era AK843.

No river, aposto $10 e o oponente dá all-in de $60, o que significa que pagaremos $50 para um pote de $82. Na situação em questão, estava confiante que o vilão faria essa jogada quase sempre com dois pares, com o Ás na mão ou sets.

De acordo com as odds do pote, nós temos que pagar 50 para ganhar um pote de 82, então fazemos 50/(50+82) x 100 = 37,87. Então temos que ganhar pelo menos 38% das vezes para o nosso call ser lucrativo no longo prazo. Então vamos ver a porcentagem de mãos que ganhamos e perdemos para analisar a melhor jogada.

Mãos que ganhamos:

* A-K = 3x3 = 9 combos
* A-8 = 3x3 = 9 combos
* A-4 = 3x3 = 9 combos
* A-3 = 3x1 = 3 combos

Mãos que perdemos:

* A-A = (3x2) / 2 = 3 combos
* K-K = (3x2) / 2 = 3 combos
* 4-4 = (3x2) / 2 = 3 combos
* 8-8 = (3x2) / 2 = 3 combos

No total temos 42 combos.
Combos que vencemos = 30 (71,5%).
Combos que perdemos = 12 (28,5%).

Assim, nós temos que dar o call, porque ganhamos 71,5% das vezes quando precisaríamos vencer apenas em 38% para o call ser lucrativo.


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