EDIÇÃO 9 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

Poker ou… uma escolha que não existe


Maridu

Com o constante crescimento do poker e seus adeptos no Brasil (AMÉM), a cada dia surgem mais “fenômenos” desse lindo e complicado jogo que é o NL Texas Hold´em. As pessoas vão desenvolvendo suas habilidades na mesa e, com isso, vão criando novas habilidades também fora dela, claro, pois começam a ver muitos eventos banais do seu dia-a-dia de uma forma muito mais analítica e, de preferência, começam a pensar tudo o que fazem em termos de “longo prazo”.

Mas aí entra o twist (sempre tem, né?), em que muitas pessoas vislumbram uma ilusão de que o jogo impõe uma escolha, como, por exemplo: poker ou trabalho, poker ou faculdade, poker ou tempo com a família, poker ou namorada, poker ou vida etc. A meu ver, esse é um pensamento errado, porque o jogo não exige isso de você. Pelo contrário, ele exige um balanço e um equilíbrio na sua vida, sem excessos, para saber levá-lo da mesma maneira: de forma balanceada e equilibrada. Só com uma boa dose de equilíbrio é que você vai conseguir encontrar não só o tempo, mas, muito mais importante, a capacidade mental e emocional para saber lidar com os trancos e barrancos dos muitos obstáculos que o poker sempre coloca na sua frente. Claro que isso é altamente subjetivo, e isto aqui expressa a minha humilde(ssíssima) opinião, mas, em todo esse tempo que jogo poker a sério, vejo que, nas épocas em que estou com minha vida em ordem, fazendo ginástica, comendo bem, dormindo bem, vendo os amigos e em dia com o meu trabalho, jogo muito melhor. Meu aproveitamento nas mesas é infinitamente maior e a minha tolerância aos inevitáveis e insuportáveis bad beats aumenta exponencialmente. Sei lá, parece que tudo flui com mais facilidade, sem tanto esforço.

Lembro-me um período (horrível) em que achei que o poker estava exigindo essa escolha de mim – “poker ou vida” – e sem dúvida foi a minha pior fase – no jogo e na vida! Eu passava o dia inteiro estudando, vendo vídeos de treinamento, lendo artigos, analisando mãos postadas em fóruns, querendo debater situações com outros jogadores, e tudo isso é ótimo para o jogador que quer evoluir. Mas eu, compulsiva que sou, não sabia a hora de parar, take a break and relax, não sabia a hora de dormir, comer, assistir TV ou de encontrar os amigos para rir de coisas não relacionadas ao poker. Conseqüência: quando sentava para jogar, estava com a cabeça já saturada, cansada de tanto poker, e jogava muito pior do que se eu tivesse começado uma session com a cabeça fresca e pronta para o jogo. Era até meio ridículo, porque eu terminava me “levelando” em decisões que nem eram tão complicadas, mas nas quais eu criava um monstro em minha cabeça por ter passado o dia imersa naqueles conceitos que nem sempre estavam em questão. Óbvio, o resultado foi inevitável: passei por um período negro, sem o menor equilíbrio na minha vida, o que me custou caro (não só em EV no jogo, mas, muito pior, na vida, com amigos chateados, trabalhos atrasados etc.). E foi difícil sair desse “buraco” que eu mesma cavei ao achar que o jogo exigia algum tipo de escolha da minha parte. Porém, depois de um bom tempo longe, consegui ver o que estava acontecendo, e desde então prometi nunca mais deixar aquilo acontecer novamente. Sabe os ajustes que todos nós sempre temos que fazer para melhorar nosso jogo? Pois é, havia um muito mais importante a ser feito naquele momento, que era ajustar o jogo dentro da minha vida, e não minha vida ao jogo. Feito isso, o equilíbrio (mental e emocional) voltou sem muito esforço, e conseqüentemente os resultados voltaram a aparecer.

De forma alguma estou incentivando alguém a não estudar e melhorar seu jogo, muito pelo contrário. Para se tornar um bom jogador (coisa que não sou, mas tento muito, nossa, como tento!), você precisa se dedicar (e muito) e se esforçar (mais ainda!), o que demanda muito de cada um. Mas, dentro desse esforço, se não for encontrado um equilíbrio entre o jogo e a vida pessoal, o equilíbrio no jogo pode demorar muito para aparecer. Pelo menos foi assim para mim. Hoje em dia sei dosar meticulosamente o tempo que dedico a tudo que tenho na minha vida, e o jogo entra na medida certa, e não como a força dominante. O longo prazo deve mostrar se isso me equilibrou ou não, mas uma coisa eu garanto: estou muito mais feliz! E acredito que no final das contas seja isso o que mais importa, não acham?

Meu conselho: encontrem o equilíbrio que o jogo encontra você.

Para fechar, não posso deixar de falar da alegria com a chegada do LAPT (Latin American Poker Tour), que o PokerStars orgulhosamente está trazendo para a América Latina, começando no Rio de Janeiro, no Hotel Intercontinental, entre os dias 3 e 5 de maio de 2008. Esse grande evento – um verdadeiro marco para o nosso poker – será uma confraternização de muita alegria para todos os jogadores brasileiros, e espero ver vocês lá brilhando e baralhando de verde e amarelo, tacando ficha no pano e levando o 1o lugar! Mais informações sobre o LAPT em www.lapt.com ou no www.psblog.net/br. Boa sorte a todos, nos vemos em breve no Latin American Poker Tour, e claro, pelas mesas do PokerStars. GL!




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