O nome Phil Ivey é sinônimo de sucesso no poker. Com ganhos de $8,8 milhões em torneios, cinco braceletes do World Series of Poker e a reputação de ser um dos mais temidos competidores em qualquer jogo ultra-high-takes, Ivey rapidamente alcançou status de ícone. E recentemente adicionou à sua lista de feitos o primeiro título do World Poker Tour, no L.A. Poker Classic de 2008. Ele superou 665 competidores e uma difícil mesa final que incluía o vencedor de 11 braceletes do World Series of Poker, Phil Hellmuth Jr., e outro campeão do WPT, Nam Le. Sua oitava mesa final no WPT foi um recorde, um atestado de seu estilo “jogar para vencer” – em todas as vezes em que ganhou dinheiro em eventos do WPT, foi chegando à mesa final. Quando Ivey se senta em uma mesa de poker, tem um único objetivo em mente: vencer. Ele não joga poker pelo respeito de seus colegas e fãs (embora tenha obtido). Ele certamente não precisa do dinheiro: já tem o suficiente. Ivey tem uma natureza competitiva, o que significa que quer sempre jogar o melhor que puder o tempo inteiro. Tudo de que ele precisa para fazer isso é se concentrar. Quando está focado nas mesas, nada o consegue deter, especialmente quando constrói sua típica montanha de fichas. Quase 10 anos atrás, Ivey era um dos jovens talentos das mesas de poker e, ao longo da última década, amadureceu e se tornou um dos melhores, se não o melhor, de todos os jogadores. Ele compete regularmente nos maiores cash games online e ao vivo, e admite que é difícil justificar o porquê de passar dias a fio jogando torneios em que o buy-in equivale ao big blind dos cash games que ele freqüenta. Ivey era o líder em fichas no início da mesa final do LAPC, e a Card Player conversou com ele antes de sua vitória.
Lizzy Harrison: Os torneios de poker mudaram drasticamente desde que você começou sua carreira. Quais são as maiores diferenças que você percebeu?
Phil Ivey: Desde que comecei a disputar torneios, os jogadores ficaram muito melhores. Hoje em dia é preciso tomar mais decisões corretas. Existem também muito mais jovens talentosos surgindo, em especial na Internet. Além disso, os torneios são muito mais difíceis de vencer, pois a competição é muito mais numerosa. Mas, acima de tudo, os jogadores melhoraram.
LH: Como você ajustou seu jogo de modo a continuar a ter sucesso?
PI: Eu tive que me ajustar constantemente aos novos oponentes e nunca ser descuidado. Houve um período em que as pessoas se sentavam a minha mesa e eu poderia e fazia julgamentos rápidos sobre o estilo delas. Era possível dizer imediatamente se jogavam bem ou não. Hoje eu tenho que somar o máximo de informações que conseguir antes de decidir como jogar contra cada adversário.
LH: Quando você ganha dinheiro em torneios de buy-in caro, geralmente ganha muito. Por que você acha que isso ocorre?
PI: Porque se eu fizer dinheiro, geralmente estarei com muitas fichas quando isso acontecer. A maneira que eu jogo visa tentar acumular muitas fichas. Desse modo, tenho mais chances de ganhar o torneio.
LH: Sua concentração aumenta à medida que os competidores são eliminados?
PI: Sim. Como agora, por exemplo. Eu estou concentrado nesse evento. Quando estou há alguns dias em um torneio, fico muito focado. Em um torneio, os dois primeiros dias são um período de fatiadas, o que significa que tenho que tentar me posicionar para ser capaz de suportar algumas delas. Basicamente, no começo eu apenas tento acumular algumas fichas. Mas quando há menos competidores, cada mão é importante. Durante os dois últimos dias de jogo, todas as mãos são fundamentais.
LH: Por que é tão difícil lhe deter quando você consegue um grande stack?
PI: Porque são necessárias algumas pancadas para me derrubar. Eu tenho a chance de ir de all-in com todo meu dinheiro duas ou três vezes, e preciso perder todas para sair do torneio. Outras pessoas, que podem ter um terço do que eu tenho, terão a chance de fazer isso apenas uma vez. Se perderem, vão sair do torneio.
LH: Quais são as habilidades mais importantes quando se está jogando com um grande stack na reta final do torneio?
PI: Ser capaz de tomar decisões pós-flop é o mais importante. Também é preciso saber quando blefar e quando não blefar. Você deve saber o momento de apostar e, o principal, o quanto apostar.
LH: Sua experiência lhe dá vantagem nessa área?
PI: Sim, pois eu jogo muito poker. Eu jogo tanto em torneios quanto em cash games, então toda minha experiência definitivamente me ajuda a tomar decisões.
LH: À medida que os blinds e antes aumentam, suas decisões se tornam mais fáceis ou mais difíceis?
PI: Eu acho que ficam mais fáceis. Por exemplo, se um jogador for de all-in e houver um reraise, você sabe que precisa ter uma mão excelente para pagar ou aumentar ainda mais. Quando os blinds e antes ficam muito altos, boa parte do jogo é prejudicada e se transforma em uma metralhadora rumo ao fim do torneio. É preciso ter sorte. Quando você coloca todo seu dinheiro no pote com a melhor mão, ela tem que se manter.
LH: Como você determina quais competidores estão jogando para ganhar e quais estão tentando subir na premiação?
PI: É como um pressentimento. Você percebe pela maneira como eles jogam e pelas cartas que mostram. Você deve olhar para as que eles jogam e para as que descartam. Eu acho que todo mundo joga para ganhar, mas alguns deles simplesmente não sabem como fazer isso.
LH: Quando você percebe isso, como joga contra eles?
PI: Depende muito da situação. O poker não é um jogo em que você pode decidir enfrentar determinado oponente. Se fizer isso, acabará em maus lençóis.
LH: Em que colocação você deve ficar em um torneio para valer a pena o tempo que passou afastado dos cash games?
PI: Se eu não ganhar um torneio, não fico muito feliz. Nesse estágio, ganhar é mais importante do que qualquer outra coisa.
LH: Quando você está na reta final de um torneio, pensa apenas no dinheiro da primeira colocação ou também no respeito que uma vitória irá somar a seu currículo?
PI: Nenhum dos dois. Eu não jogo torneios por prestígio ou respeito, e nem pelo dinheiro. Quando eu entro em um torneio, simplesmente quero ganhar. Acho que o mais importante é dar o melhor de mim sempre que jogo. Houve muitos eventos em que eu não fiz o melhor que pude, e tenho tentado mudar isso. Como você pode perceber, meus resultados têm melhorado, e eu tenho ficado mais bem colocado nos torneios.
LH: O que você fez para ter certeza de que jogou seu melhor?
PI: Eu me concentrei mais e me esforcei ao máximo. Eu estou tentando voltar à minha boa forma no poker e, especificamente, nos torneios.
LH: É mais fácil para você se concentrar em um torneio quando não há um grande cash game acontecendo no cassino?
PI: Sim, com certeza.
LH: Por quê?
PI: Eu realmente adoro jogar cash games, e quando faço isso, gosto dos adversários contra os quais eu jogo. Eu me divirto muito. Realmente não sou muito fã de torneios. Não me leve a mal, eu até curto jogá-los, mas preferiria estar em um cash game. Em torneios, são necessários cinco ou seis dias para ganhar, e coisas estranhas podem acontecer no caminho.
LH: Como você decide quais torneios são mais valiosos?
PI: Eu geralmente jogo os torneios de buy-in elevado, que conceda $1 milhão ou mais para primeiro lugar. Gosto de jogar os Main Events com buy-in de $10.000.
LH: O que você faz para se distrair depois de um longo dia de torneio?
PI: Gosto de sair para comer e relaxar, talvez ir ao cinema. Eu gosto de me divertir.
LH: Como você se prepara psicologicamente para o dia seguinte?
PI: Eu realmente não tenho uma rotina preparatória. Eu simplesmente relaxo.
LH: Você alguma vez pensou sobre seu lugar na história do poker?
PI: Não, eu nunca penso sobre nada desse tipo [rindo]. ♠
Os Cinco Braceletes de Phil Ivey no World Series of Poker
Pot-limit Omaha $195.000 (2000)
Seven-card stud $132.000 (2002)
Seven-card stud eight-or-better $118.440 (2002)
S.H.O.E. (seven-card stud, limit
hold’em, Omaha eight-or-better, and
seven-card stud eight-or-better) $107.540 (2002)
Pot-limit Omaha $635.603 (2005)