EDIÇÃO 8 » MISCELÂNEA

Nova Geração: Cinthia Escobar – A musa do poker nacional


Amúlio Murta

Há apenas alguns meses, a vida da empresária Cinthia Escobar mudou radicalmente. Nascida no Paraguai, mas apaixonada pelo Brasil, ela, que trabalhava como dealer em cassinos guaranis, passou a freqüentar as mesas finais dos mais importantes eventos brasileiros – e não foi dando cartas, mas sim jogado um poker de alto nível.

Já em seu primeiro torneio ao vivo, em Campos do Jordão, Cinthia fez bonito e conseguiu um 4º lugar – nada mal para uma estreante. Desde então os bons resultados continuaram a aparecer. Foram várias mesas finais, que incluíram a 2ª colocação no II Brasil Poker Fest (foi feito um deal e Cinthia faturou a maior premiação) e o 3º lugar no 100K Garantidos do Omega. Esse retrospecto acabou por chamar a atenção de dois dos maiores nomes do Texas Hold’em nacional: a dupla Akkari-Federal agora está à frente de sua carreira como jogadora. Como se não bastasse, Cinthia recebeu, graças à sua beleza e simpatia, o título de “Musa do Poker Nacional”.

Feliz, e ainda tentando se acostumar à sua vida de jogadora profissional de poker, Cinthia conversou com a Card Player Brasil durante o 1º Torneio da Confederação Brasileira de Texas Hold’em. Ela nos contou um pouco sobre seu começo como dealer, sua paixão pelo Brasil, a emoção de ser empresariada por dois de seus maiores ídolos e a responsabilidade de representar as mulheres num esporte ainda tão estigmatizado como masculino.

Amúlio Murta: Olá, Cinthia. Vamos retomar o início da sua história no poker. Em primeiro lugar, conte-nos como você teve contato com o grande jogo.

Cinthia Escobar: Trabalhei durante algum tempo como dealer de cassino, e foi assim que conheci e aprendi o Texas Hold’em. Sempre fui apaixonada pelo Brasil, vivia com um pé aqui e outro no Paraguai. Depois que decidi me mudar em definitivo para cá, vim para São Paulo e comecei a trabalhar, também como dealer. Foi então que conheci muitos jogadores e fiz muitos amigos.

AM: Como se deu a transição de dealer para jogadora?

CE: Bem, é claro que trabalhando como dealer eu já tinha alguma experiência. Mas nunca havia jogado torneios “ao vivo”.  O legal desse trabalho é que pude conhecer muitos jogadores, e todos eles viviam me incentivando a jogar um torneio. Foi então que surgiu o evento de Campos do Jordão (I BPFEST). Na sexta-feira, enquanto eu trabalhava, via o pessoal combinando a ida ao torneio, a turma me chamava pra ir e nem passava pela minha cabeça a possibilidade de jogar.

Só no sábado, lá pelas duas da tarde, decidi ir. Peguei o carro e cheguei à cidade por volta das 19h.

Encontrei a galera em um bar e perguntei para a turma que tinha jogado a primeira classificatória como tinha sido o torneio. Para o meu desespero, muitos já haviam caído. Achei que não teria a mínima chance. Se os melhores já estavam de fora, imagine eu, que nunca tinha jogado. Mas, com o incentivo dos amigos, que me deram força e coragem, decidi enfrentar o desafio. Consegui o 4º lugar e as coisas acabaram dando certo. Foi assim que tudo começou.

AM: Desde o 4º lugar em Campos do Jordão, parece que os bons resultados continuaram a acontecer. Foram diversas mesas finais e títulos, tudo muito rápido. Como foi a mudança em sua vida?

CE: Sim, foi muito rápido. Meu primeiro torneio ao vivo foi o de Campos e já premiei. A partir daí, consegui bons resultados em todos que joguei. Foi incrível! Na verdade, estou muito surpresa com o que está acontecendo comigo.

AM: O fato de você ter trabalhado como dealer deve ter contribuído bastante para esta ascensão tão rápida. Você concorda? 

CE: Sim. Atribuo 70% de meus resultados como conseqüência de meu trabalho como dealer. Acredito que uma das minhas melhores habilidades seja a leitura, e isso, com toda certeza, é resultado dos anos em que me dediquei a dar cartas.

AM: Você joga pela internet?

CE: Na verdade, os primeiros torneios que disputei foram pela internet. Jogava muito Sit and Go de no-limit de 45 jogadores. Também gostava muito do $25+2 e o $11+1. Neste ano pretendendo me dedicar um pouco mais ao jogo online. Já estou começando a encarar o 100+9 e também o Sunday Million, do Stars.

AM: Cinthia, como é ter a sua carreira gerida por dois ícones do nosso esporte, que são André Akkari e Igor Federal? Conte um pouco sobre como se deu essa negociação e quais são seus projetos pessoais para o futuro.

CE: Para mim é uma honra. Estou muito feliz com as coisas que estão acontecendo comigo. O Federal, além de ótimo jogador, é uma excelente pessoa e um manager magnífico. Akkari é quem eu considero meu padrinho no poker. Foi ele quem me falou: “Cinthia, por que você não joga? Os melhores jogadores eram dealers. Tenta, se dedica e vai em frente”. Não tenho palavras para o que ele me falou. Fizemos um acordo há algumas semanas e eles vão gerenciar a minha carreira. Tenho planos de disputar eventos fora do Brasil. Prefiro torneios live, mas online é uma meta também. Este ano, pretendo também me dedicar aos estudos de poker.

AM: Agora vamos falar de outro título. Qual é a sensação de ser considerada a “musa do poker nacional”? E como você vê a presença feminina no Hold’em?

CE: “Musa do Poker? Inexplicable!” (risos). Na verdade, estar representando as mulheres é um privilégio, e a cada dia existem mais e mais jogando Texas Hold’em. Acho isso fantástico, pois nós estamos mostrando que sabemos jogar.

AM: Cinthia, obrigado pela entrevista. Este espaço é seu, deixe seu recado.

CE: Tenho muito a agradecer. Em primeiro lugar, quero agradecer à Card Player Brasil pela oportunidade; a você, Murta, pela paciência que teve comigo. André Akkari, pelo incentivo e pela coragem. Vitor Marques, pela força. E a toda galera do poker, pelo carinho e pela torcida. A todos que de alguma forma me ajudaram no poker, muito obrigada.

O ano de 2007 foi maravilhoso para mim, e espero que 2008 continue sendo. Para isso, vou fazer o melhor possível. Pretendo estudar muito e continuar aprendendo e mantendo meu jogo em evolução.

Para os novos jogadores, acho que não existe receita. Têm que se dedicar bastante, estudar, conversar sobre mãos com pessoas que já tenham experiência, tudo isso ajuda bastante. E, claro, sempre jogar em um limite que se possa bancar.

Um Grande Abraço!!




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