EDIÇÃO 8 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Estratégias para Sit&Go's Speed


Hugo Mora

No último mês, dediquei-me principalmente aos Sit&Go’s speed. A idéia era conseguir um bom retorno, utilizando esse lucro em buy-ins de torneios multi-table. Para isso, eu tinha uma estratégia bem definida e estava disposto a segui-la, jogando principalmente sessões de nove mesas simultâneas, com algumas sessões de doze mesas. Ao analisar o resultado no final do mês, durante o qual joguei aproximadamente 500 Sit&Go’s speed no Party Poker (dez jogadores), pude comprovar que a estratégia foi bastante eficaz e a meta foi cumprida.

Quando jogamos em nove ou mais mesas simultâneas, não há tempo suficiente para ficar analisando os outros jogadores. As jogadas acabam ficando automáticas, pois sempre existe uma ou mais mesas “apitando” e o tempo para se jogar é curto.

Um passo importante para se tornar um bom jogador de sit&go’s é conhecer o famoso ICM (Independent Chip Model), que é nada mais do que sua eqüidade em relação à premiação, baseada nos tamanhos dos stacks dos jogadores restantes. Na bolha de um sit&go isso se torna muito importante, e o bom conhecedor dessa teoria estará sempre um passo à frente de outros jogadores. Existem muitos artigos na internet que explicam bem o ICM e aconselho aos adeptos desse tipo de torneios que procurem se aprofundar sobre o assunto.

A estratégia que utilizo (e que considero bem eficiente) pode ser simplesmente resumida em: ultra-tight no início, super-aggressive no final. Tão simples assim? Nem tanto. Torneios desse tipo se dividem basicamente em três estágios. Vamos analisar cada um deles.

Estágio Inicial (entre sete e dez jogadores): nessa fase costumo jogar bem tight, tentando não entrar em confusão. Procuro entrar nos potes apenas com mãos fortes, sempre entrando de raise com AA, KK, QQ, AKs. Com pares menores, AK e AQs prefiro entrar de limp para ver se acerto algo no flop, com ocasionais raises em posição, para também variar um pouco as jogadas. Dou fold com qualquer outro jogo, independente da posição que estou na mesa. Os pares pequenos são muito lucrativos nesse estágio, mas é preciso conseguir ver o flop de forma barata, caso contrário, o lucro que tiver quando acertar a trinca não compensará as vezes em que pagou caro para ver um flop estando com um par baixo, e teve que largar nas apostas subseqüentes.

Geralmente esses torneios apresentam muitos jogadores inexperientes, principalmente nos de buy-in mais barato, e o melhor a se fazer nos estágios iniciais é esperar os adversários irem se matando. Não é preciso arriscar muito, pois a verdade é que os estágios finais são os mais importantes.

Estágio Intermediário (cinco ou seis jogadores): acima escrevi que a estratégia se resumia em “ultra-tight no início, super-aggressive no final”. E no estágio intermediário, quando estão na mesa cinco ou seis jogadores? Como seis está mais para o lado do estágio inicial, ainda jogo tight, mas já utilizando mais da posição para roubar potes. Com cinco, está mais para o lado do estágio final (até quatro jogadores), e a agressividade começa aparecer, até mesmo porque muitos jogadores já pensam em ficar ITM e começam a jogar mais tight – essa é exatamente a estratégia contrária à que utilizo.

Estágio Final (até quatro jogadores): a bolha de um sit&go é o melhor momento do torneio para se acumular fichas. Em geral, os outros jogadores pensam primeiramente em entrar na grana para depois arriscar um pouco mais. Na grande maioria das vezes, os blinds já estão bem altos e esse é o momento certo para se ganhar muitas fichas e ter mais chances de terminar em primeiro lugar. A expressão mais adequada para essa situação é “all-in!”. Você é o primeiro a falar: all-in! Você é o segundo a falar e o primeiro deu fold: all-in! Você está no small blind e o dealer entra de limp. Você tem mais fichas que ele e há um short-stack: all-in! Você está no big blind e o small blind completa: all-in! Claro que não é sempre que se deve fazer isso, também é preciso ponderar alguns outros aspectos, mas é uma jogada que vale para a grande maioria das vezes.

Ao ficar in the money é preciso continuar com a agressividade, dando muitos all-ins, e folds ocasionais. Não gosto de ficar dando raise de 3x ou 4x, pois, quase sempre que o adversário voltar all-in, estarei comprometido com o pote e terei que pagar. Então, o melhor é realmente já entrar de all-in para aumentar suas chances de levar o pote no mesmo instante. No longo prazo, será a jogada mais rentável nessas stiuações.

No último mês, 508 torneios desse tipo fizeram com que pensasse bastante sobre o assunto, e me levaram a escrever este artigo. Foram 74 vitórias (14,6% do total) e um ROI de 15,6%. Considerei o resultado bem positivo, atestando a força da estratégia utilizada.

Sempre existirão jogadores que defenderão outras táticas, diversificando as opiniões sobre como jogar em determinada situação, seja no cash game, em torneios MTT ou Sit&Go. Essa é uma das belezas do poker.




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×