EDIÇÃO 8 » MISCELÂNEA

Capture a Bandeira: Kenny Tran


Lizzy Harrison

Kenny Tran vai ao trabalho no Commerce Casino na Califórnia quase todo dia, mas não está inserido na folha de pagamento. Ele foi apresentado ao poker há cerca de 15 anos em uma pista de boliche; naquela época, trabalhava em um restaurante de fast-food. Tran progrediu rapidamente, sobretudo em cash games, e não olhou mais para trás: ele hoje é um profissional do Full Tilt. Embora Tran jogue poker há muitos anos, a platéia que assiste aos jogos foi apresentada a ele durante o World Series of Poker de 2007. Tran se deu bem tanto no evento de H.O.R.S.E. com buy-in de $50.000 quanto no Main Event, com buy-in de $10.000. Se você perguntar aos outros jogadores sobre o jogador de cash games que eles admiram, o nome de Tran é geralmente um dos primeiros a ser mencionado.

Lizzy Harrison: Que fatores compõem um bom cash game?
Kenny Tran:
Obviamente, você deve sempre procurar os patos no ambiente e escolher a mesa onde eles estão [rindo]. De qualquer forma, é preciso sempre procurar uma mesa com muito dinheiro. Essa é a razão por que você joga poker, o dinheiro. Contudo, você deve também se assegurar de que há jogadores fracos na mesa que escolheu.

LH: Qual é sua modalidade preferida e por quê?
KT:
No momento, com tudo aparecendo na TV, especialmente na ESPN, é no-limit hold’em. As pessoas realmente aderiram ao jogo e gostam muito dele. Geralmente, quando amadores entram em cash games de no-limit hold’em, eles acabam perdendo por muito pouco ou em um coin flip. Isso faz com que eles queiram voltar e jogar novamente. Outra coisa que eu percebo é que, muitas vezes, jogadores assim apostam todo seu dinheiro com uma mão fraca. Então, meu jogo favorito tem que ser no-limit hold’em no momento, pois é onde estão os maiores patos.

LH: E de qual você menos gosta?
KT:
Eu jogo todos os jogos; para mim, depende de onde os jogadores estejam. Eu sou um jogador muito versátil. Mas eu diria que o que menos gosto provavelmente seja limit hold’em. Quando eu era mais jovem, era assim que eu ganhava dinheiro, jogando limit hold’em. Mas hoje em dia, eu o acho um pouco chato e devagar. Com limite é aposta por aposta, o que é bastante entediante.

LH: Que limites você costuma jogar diariamente?
KT:
No momento, eu prefiro jogar no-limit hold’em de $100-$200 ou $200-$400 com ante. Ele é algo que deve ser disputado pelos jogadores. As mesas com os maiores limites de que participei foi um heads-up contra um cara em um jogo privado. Desculpe, mas eu não posso revelar quem era. Nós jogamos no-limit, e os blinds eram de $1.000-$2.000.

LH: Como um jogador deve decidir se está pronto para subir de limites?
KT:
O fato de achar que pode vencer uma partida não significa que esteja preparado para subir de limites. Você deve esperar até chegar no ponto em que está bastante entediado e ganhar não é mais um desafio. É preciso realmente estar jogando mecanicamente. Então, nesse estágio, é hora de subir de limites.

LH: Qual é o erro mais comum que você vê jogadores inexperientes de cash games cometerem?
KT:
Em cash games, jogadores inexperientes não são capazes de dar fold com mãos que devem ser descartadas. Eu faço muitas apostas grandes no river com pares pequenos, e às vezes sem nenhum par, quando sei que estou ganhando. Na maioria das vezes, quando eles apenas pagam, eu ganho o pote. Tenho uma grande percentagem de mãos ganhas desse modo. Analise dessa maneira: alguma coisa deve fazer sentido na minha mente para que eu faça as jogadas que faço. O erro mais comum que observo em jogadores inexperientes é que eles não conseguem largar suas mãos, e em geral jogam além do aconselhável com ela.

LH: Que habilidades são mais importantes em cash games do que em torneios?
KT:
Existe uma habilidade que é muito importante em ambos. Em cash games e em torneios, é possível ver as mesmas pessoas ganhando consistentemente, pois tudo se resume à experiência. Os jogadores que você reconhece jogam todo dia, ou dia sim, dia não, então fica muito mais fácil para eles evitar erros, pois aquilo se torna rotina. Quanto mais você joga, menos erra. A experiência é muito importante.

LH: Que conselho você daria a um jogador de torneios bem sucedido que quisesse entrar na arena dos cash games?
KT:
Eu explicaria a ele que cash games é algo do dia-a-dia. Você pode ganhar todos os dias em cash games, de forma consistente. Já torneios são investimentos de longo prazo. Isso pode realmente deixar um jogador exausto. É difícil atuar em ambos.

LH: Que características grandes jogadores de cash games têm?
KT:
Coragem. Grandes jogadores de cash games são destemidos. A experiência também é importante. E eu devo admitir que eles devem ser capazes de jogar sob pressão. Aqueles que lidam melhor com a pressão levam todo o dinheiro no final. Além disso, um grande jogador de cash games jamais duvida de suas leituras ou de seus instintos. Ele deve estar disposto a ir à falência o tempo inteiro.

LH: Que jogadores de cash games você mais respeita e por quê?
KT:
Eu não joguei muito com Phil [Ivey] ou Patrik [Antonius], mas tenho que mencioná-los de qualquer forma. Eu já os vi jogando, e a linguagem corporal deles, que é resultado da repetição, faz deles grandes jogadores.

LH: E quem são os jogadores de Los Angeles que não são captados pelo radar, mas com os quais devemos tomar cuidado?
KT:
Um amigo meu, seu nome é Loi Phan, pode ser visto em torneios de vez em quando; ele joga bem em cash games. Além disso, tem um cara chamado Bobby Hoff, que é um antigo profissional. Hoff é do Texas, e tem muita experiência. Eu tenho um tremendo respeito por ele, por causa de sua idade e da maneira como ele ainda joga poker.




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