EDIÇÃO 76 » COLUNA NACIONAL

Stack Pot Ratio

Um conceito desconhecido por muitos jogadores


Fábio Eiji

Stack to Pot Ratio (SPR) é um conceito que muitos jogadores de torneios não conhecem ou estão desacostumados a trabalhar e diz respeito ao tamanho do pote em relação ao stack efetivo. Enquanto pré-flop utilizamos a quantidade de big blinds como referência, pós-flop, utilizamos o SPR para saber o quão deep estaremos para o restante da mão, o que influencia diretamente nas nossas decisões.
Em geral, jogadores de cash game já estão bem acostumados com esse conceito e trabalham a construção do pote todo o tempo, enquanto muitos jogadores de torneios não costumam trabalhar isso tão bem — o que é considerado como uma falha grave.

Para encontrar o SPR, o cálculo é simples, basta dividir o stack efetivo pelo tamanho do pote. Por exemplo, o pote tem 1.000 fichas. Nós temos 3.000 fichas para trás, e o nosso oponente, 2.000. Nesse caso, o SPR é 2; ou seja, temos dois potes para trás em stack efetivo.

Mas o que esse conceito interfere no jogo poker? Basicamente, quanto menor o SPR, mais agressivamente devemos jogar os draws e mais valor temos com mãos fracas, como pares do meio ou top pairs.



EXEMPLO 1
Blinds: 500-1.000 com ante de 100
Herói (10J): 15.000 fichas
Vilão: 25.000 fichas
Pote: 10.000 fichas
SPR: 1,5
Flop: 895
Vilão aposta 5.000. Herói?

ANÁLISE
Certamente, a melhor opção é ir all-in. Quando vamos all-in de 15.000 contra uma aposta de 5.000, ainda temos fold equity, ou seja, nosso adversário ainda tem a oportunidade de largar mãos que não acertaram o bordo. Além disso, quando somos pagos, temos uma boa chance contra quase todas as mãos, pois temos nossas duas pontas para straight e duas overcards. Por outro lado, o call parece ser a pior opção, pois no turn teremos um pote de 20.000 e um stack de 10.000 para trás. Isso significa que não teremos mais espaço pra nenhuma jogada e seremos obrigados a dar fold contra uma aposta qualquer.


EXEMPLO 2:
Blinds: 500-1.000 com ante de 100
Herói (10J): 40.000 fichas
Vilão: 65.000 fichas
Pote: 10.000 fichas
SPR: 4
Flop: 895
Vilão aposta 5.000. Herói?

ANÁLISE
Neste caso, o raise não deve ser nossa primeira opção, já que não queremos induzir nosso oponente a ir all-in, o que nos obrigaria a dar fold em nosso draw. Além de boas implied odds, ainda temos posição e espaço para desenvolver o jogo pós-flop. Podemos dar o float, por exemplo, o que não é o caso do exemplo anterior.



EXEMPLO 3:
Blind: 500-1.000 com ante de 100
Herói (10J): 120.000 fichas
Vilão: 150.000 fichas
Pote: 10.000 fichas
SPR: 12
Flop: 895.
Vilão aposta 5.000. Herói?

ANÁLISE
Aqui, temos possibilidade de usar todo o nosso arsenal. A jogada padrão seria dar call, mas vamos pensar juntos: com todo esse stack pra trás, quais tipos de mãos esperamos que um oponente reaja a um aumento e a apostas nas streets posteriores? Percebem o quão desconfortável ficaria o Vilão com uma mão como QQ+ nesse flop? Diferente do Exemplo 2, reagir a um raise aqui, com mãos piores que trincas, representa um erro grave. Por isso, a melhor opção, sem dúvida, é jogar essa mão blefando, fazendo um aumento no flop e seguindo apostando nas próximas streets, o que colocaria nosso oponente em uma situação bastante desagradável e o obrigaria a desistir com algumas das melhores mãos de seu range.

CONCLUSÃO
Quanto menor o SPR, mais agressivamente devemos jogar nossos draws e mais light podemos “atolar” sem estar cometendo um erro. Porém, quanto maior o SPR, se não temos o nuts, mais errado se torna jogar por stacks.




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