Entrevistas: Diego Scorvo
Fotos: PokerStars/Divulgação
Investir em figuras idolatradas pelos amantes do esporte mental, casos de Tom Dwan, Gus Hansen e Viktor “Isildur1” Blom, foi o primeiro passo para voltar aos trilhos do sucesso. Não satisfeito, o FTP foi atrás de astros locais. Jogadores com características únicas, admirados em seus países e com a intensidade necessária para carregar a responsabilidade de representar o site nesta nova fase.
Com um mercado em plena expansão, um Campeonato Brasileiro consolidado e de sucesso, e jogadores de alto nível técnico, o Brasil atraiu novamente a atenção do gigante do poker online. Quatro jogadores, de quatro regiões distintas, foram selecionados a dedo para correr o BSOP e o País com o símbolo do Full Tilt no peito e os ideais do site no coração.
Conheça agora, em entrevista exclusiva concedida à Card Player Brasil, os quatro embaixadores brasileiros do Full Tilt Poker:
Carlos Mavca (37 anos, Rio de Janeiro)
@carlosMAVCA
Mavca é um dos principais expoentes do poker no Rio de Janeiro. Bicampeão carioca, ele também é autor do livro “Poker – A Essência do Texas Hold’em”. Com bagagem de sobra no poker, juntamente com Nicolau Villa-Lobos, ele criou a primeira escola de poker do Rio. Já com o patch do Full Tilt no peito, ele espera fazer bonito no restante da temporada 2013 do BSOP.
Diego Scorvo: Como é ser o terceiro carioca no FTP?
CM: Acho legal, mas essa nova fase do FTP é um recomeço, então eu não vejo como continuidade do trabalho que foi feito com o CK e com o Raul. Na época, foi tudo voltando para o lançamento do poker no Brasil, agora é um trabalho voltado para voltar com toda a credibilidade do site.
DS: Você gosta de exercer essa função de embaixador?
CM: É um trabalho que eu já faço naturalmente. Agora, fazendo isso para um site é ainda melhor. Eu já tenho uma escola de poker, tenho livros. As pessoas sempre entram em contato, então é bem natural.
DS: Como você enxerga a volta do FTP?
CM: Em um primeiro momento, quando o Full Tilt fechou, muita gente ficou órfã. As pessoas sentiam falta. O monopólio nunca é bom. Apesar de fazer parte do PokerStars, o FTP segue com a mesma cara de antes. Era preciso a volta de outro gigante.
DS: Você deu seus primeiros passos no poker juntamente com o BSOP. O que esse circuito representa para você?
CM: O BSOP é o maior torneio do Brasil. Ninguém tira isso do circuito. Podem aparecer eventos com estruturas novas, com shows durante o intervalo, mas o BSOP é o BSOP. É um marco para qualquer profissional vencer uma etapa do campeonato brasileiro e muito gratificante ser embaixador de um torneio que cresceu assustadoramente nos últimos anos.
Larissa Metran (25 anos, Goiás)
@larimetran
Linda, inteligente e simpática. Apenas esses três adjetivos já qualificariam a goiana Larissa Metran a conseguir um contrato com qualquer empresa que quisesse seu produto associado à credibilidade e sucesso. Contudo, para um gigante do poker, tudo isso pode ainda não ser o bastante. É preciso saber, como diz um dos jargões do poker, “jogar o joguinho” – e isso ela faz com maestria. Com mais de um milhão de reais em prêmio na internet e três mesas finais de BSOP, Larissa está mais do que pronta para ser a primeira mulher a representar o Full Tilt nesta nova era de reconstrução – dentro e fora das mesas.
DS: Como você recebeu o convite do FTP?
LM: Eu recebi o convite via e-mail, e foi uma surpresa para mim. Fiquei muito feliz. Posso dizer que é um sonho foi realizado.
DS: Você vai seguir no Steal Team?
LM: Eu continuo sendo sócia, mas agora eu defendo o FTP. Isso é muito importante também, já que eu não estou ligada a uma empresa que atrapalhe o Steal.
DS: Como é ser a primeira mulher brasileira no FTP?
LM: Para mim, é gratificante ser um exemplo para as mulheres. Isso é muito legal. Eu sempre recebo mensagens dizendo que sou uma inspiração para elas.
DS: Então é possível que mais mulheres comecem a jogar?
LM: Acredito que sim. E por eu não ter esse estereótipo do meio, já que sou meiga, tímida, não jogo de óculos e não faço cara de má, isso pode chamar a atenção das outras garotas.
DS: Como é para você estar ao lado de dois profissionais de outra geração do poker?
LM: A minha geração pensa diferente da geração deles. Nós jogamos mais online, e por isso será interessante estar ao lado dos dois. Acredito que vamos evoluir muito.
DS: Como foi guardar segredo?
LM: Bem tranquilo. Quando viajamos para tirar as fotos na Argentina, minha irmã foi comigo, e ela comentou que os meninos estavam muito mais empolgados. Nem parecia que eu era a mulher do grupo (risos). Eu percebi que sei guardar segredo muito bem.
Leonardo Toddasso (29 anos, São Paulo)
@Toddasso
O atual campeão brasileiro é um dos jogadores mais queridos do Brasil. Irreverente, Toddasso tem tudo o que é necessário para um embaixador, desde a simpatia até a capacidade de comunicação. Como se não bastasse, nos últimos dois anos, ele tem conseguido resultados impressionantes no poker ao vivo. O mais recente deles, o vice-campeonato no LAPT do Chile, realizado em março deste ano.
DS: Quando você começou no poker, passou pela sua cabeça ser patrocinado por um grande site?
LT: Não, eu comecei sem pretensão. Eu e meus amigos jogávamos com a intenção de evoluir no jogo. É uma honra ser patrocinado. Isso mostra que o meu trabalho vem sendo reconhecido.
DS: Alguns jogadores não vêm vantagem em patrocínio. O que você tem a dizer sobre isso?
LT: Eu não entendo um jogador não aceitar ser patrocinado. Ele vai ter algumas obrigações extras, sim, mas as vantagens são muito maiores. Em minha opinião, receber um patrocínio é muito rentável.
DS: A função de embaixador será um peso?
LT: Para mim não será problema. Sou um cara que fala muito. Gosto de interagir com as pessoas. Converso bastante com os jogadores que eu nem conheço pessoalmente.
DS: O que você tem a falar dos seus novos companheiros?
LT: Se fossem pessoas que eu não conhecesse, eu iria interagir muito bem, mas como são jogadores que conheço, é ainda melhor. Tenho um bom contato com todos. Inclusive, no ano passado briguei com o Caiaffa pelo título até o final. Só tenho coisas boas a falar sobre os três.
Rafael Caiaffa (31 anos, Minas Gerais)
@rcaiaffa
O típico “mineiro come-quieto”, Caiaffa é um dos poucos jogadores que se mantém no topo desde que o poker dava os seus primeiros passos no Brasil. Em 2007, foi campeão mineiro, e em 2008, chegou na 55ª posição do Main Event da WSOP – até então, a melhor marca de um brasileiro no principal torneio de poker do mundo. Em 2011, Caiaffa ainda cravou uma etapa do BSOP. Quem melhor do que ele para representar o poker de Minas Gerais sob a bandeira do Full Tilt Poker?
DS: Como é defender as cores do BSOP, circuito que você acompanha desde o início?
RC: Eu sou um dos pioneiros do BSOP. Quando me profissionalizei, em 2006, foi o momento que tudo começou. No primeiro ano, não segui o circuito, mas a partir de 2007 acompanhei praticamente todas as etapas. Estou muito feliz. É bom estar em casa.
DS: Você acredita que vai se sair bem na função de embaixador?
RC: Acho que vou tirar de letra. Conheço muitas pessoas dentro do poker brasileiro, gosto de ter contato com os jogadores, acho importante falar sobre mãos, adversários, situações e tudo que envolve a rotina de um torneio ao vivo.
DS: Você é o veterano do grupo de embaixadores, o que você pode passar de conselhos e dicas para os mais novos, como o Toddasso e a Larissa?
RC: Acho que são eles que vão me ensinar. No poker as relações são sempre de troca. Acredito que vou aprender muito com os dois e que vou ensinar também. Conversando a gente vai evoluir junto.
DS: Como você vem lidando com essa vida de celebridade?
RC: Está sendo bem diferente pra mim. Em casa já estão me chamando de estrela de Hollywood (risos). Mas eu tenho que me acostumar, eu preciso trabalhar muito para fazer merecer essa posição.
DS: Você agora tem a chance de viajar por outros países pelo FTP. Como é isso para você?
RC: Estou muito ansioso. Quando você viaja para fora, o seu jogo cresce muito, uma vez que nos feltros estão muitos jogadores com bastante conhecimento do jogo.
DS: E como foi segurar a notícia?
RC: Foi muito difícil. Fiquei sabendo no início do ano e tive que manter segredo por mais de três meses.