EDIÇÃO 7 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

Bateu na trave e entrou...É GOOOLLLLL!


Thiago Decano

E levamos o bracelete da Temporada 2007 do Circuito ABC! Foi sofrido, mas quiseram os deuses do poker que tudo desse certo no final. William Bernardino, William Arruda, Gabriel Otranto e Zaldo “Gamarra” – todos excelentes jogadores – chegaram ao Torneio dos Campeões, disputado no dia 13 de janeiro deste ano, com chances de me derrotar.

Definitivamente não fiz um bom torneio. E dois fatores contribuíram bastante para que isso acontecesse. Primeiramente, não joguei para ganhar: entrei com o objetivo de conquistar o bracelete, e chegar à mesa final praticamente me garantiria o primeiro posto. Dessa forma, não consegui agir de forma agressiva, como é meu estilo, e meus adversários se aproveitaram disso e pressionaram o tempo todo. Serviu como lição. Depois, as cartas não ajudaram: recebi cinco pares, todos abaixo de 7, e que não trincaram. Os suited connectors não acertavam o flop, e AK ou AQ eram raríssimos.

Vou comentar uma mão interessante que ocorreu no terceiro nível de blinds (75/150). Subi para 450 com AK no dealer (geralmente considerada posição de roubo). O jogador Eric Ferreira – que seria, horas mais tarde, o grande vencedor deste torneio – voltou um reraise de 1600. Normalmente, eu faria um novo reraise pré-flop, já que Eric estava muito agressivo na mesa, construíra um bom stack e havia apresentado alguns showdowns com mãos vencedoras, mas marginais. Além disso, seu move estava com jeito de re-steal, pela posição em que me encontrava, atacando seu big blind, e por ele ter percebido que eu estava jogando mais tight. Acabei dando apenas call e o flop veio J33. Eric pensou um pouco, deu mesa e eu apostei 1600. Ele pensou bastante e voltou all-in de 12.000 fichas. Foi minha vez de pensar durante uma eternidade, antes de largar. Coloquei-o em um range de mãos como QQ, AJ, KK e improváveis AA e KJ; JJ seria uma mão excelente para me expulsar. Não considerei pares menores, pois Eric não arriscaria seu torneio com mãos deste tipo. Porém, estaríamos, na melhor das hipóteses, num cenário de coin flip – contra AA, eu ainda teria 35% de chances. Com 6.475 no pote, e mais 6.900 do meu all-in, as pot odds eram mais do que suficientes. Afinal, caso levasse a mão, eu ficaria com 20.275 em fichas. Em um torneio normal, provavelmente chamaria o all-in. Mas, como o objetivo era chegar à mesa final e meu M estava acima de 30 (o stack dividido pelos blinds, ou 6.900÷225), achei que ainda teria muito jogo pela frente.

A partida foi se desenrolando e eu caí na bolha da mesa final. Num bordo com 7-6-5-4, formei minha seqüência com K-8, e tinha um flush draw. O river não me ajudou: William Arruda apresentou 8-9, me eliminou e tornou-se chip leader. Na mesa final, só me restou torcer contra os “xarás”, Arruda e Bernardino, os dois maiores em fichas. Porém, minha sorte começou a mudar... Após eliminar um oponente, William Bernardino precisava do 4º lugar para me ultrapassar no ranking, mas teve muito azar com seu AA vs. AKs em um all-in pré-flop contra Eric Ferreira, que fez um flush. Restavam seis jogadores, e o que parecia impossível, aconteceu. Num bordo com K-J-4, Arruda e Alencar pediram mesa. Com uma Q no turn, Alencar foi de all-in – Will, após pensar muito, pagou com JT. Alencar já estava seguido com AT, e o J no river me deu o título da temporada 2007.

Fiquei muito feliz, pois, devido aos compromissos online dos finais de semana, o CABC é o único circuito live em que jogo – além de ser onde comecei e fiz grandes amigos. Espero conseguir manter o mesmo nível em 2008. Para finalizar, estou “recheando” meu site (www.thedecano.com). Lá vocês poderão me conhecer melhor, sugerir temas para as próximas colunas, discutir jogadas e estratégias, e participar de futuras promoções.

Grande abraço a todos!




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