Pessoas inteligentes às vezes fazem coisas muito idiotas: pelo menos é isso que eu digo a mim mesmo quando faço algo realmente estúpido. Mas talvez haja um erro na base da minha premissa! O fato é que não importa quão bem você jogue ou quantos milhões de mãos jogue, às vezes você simplesmente lê uma situação erroneamente e paga quando não deveria.
Eu tinha acabado de me sentar em um jogo de limit hold’em de $30-$60 e fiquei atrás do button, antes mesmo de minhas fichas chegarem. Eu não estava muito tranqüilo ou mentalmente estruturado e preparado para jogar. Na segunda mão, eu recebi 10♣10♥. Um oponente contra o qual eu jamais havia jogado abriu um raise duas posições à minha direita, e o jogador entre nós desistiu. Tudo que eu sabia sobre ele era que tinha aumentado na primeira mão que eu tinha jogado e dado fold quando apostaram no flop.
Em geral, assim que eu sento à mesa e não estou familiarizado com a partida, tendo a jogar de modo conservador, esperando “sentir” meus oponentes antes de fazer jogadas criativas ou construir grandes potes com mãos marginais com as quais eu seria obrigado a tomar difíceis decisões em potes grandes. Mas, nessa mão, eu tinha posição e possivelmente a melhor mão, embora vulnerável a cartas mais altas. Eu não queria dar aos blinds uma oportunidade fácil de ganhar de meu par de dez com overcards fracas, então voltei um reraise de três bets.
O button e o small blind desistiram. Beatrice, uma bela jovem da Áustria, pagou as três bets no big blind, assim como o que tinha aumentado inicialmente. Nós três vimos o flop, que veio A♥8♣4♥. Ambos pediram mesa até mim, e eu atirei $30 no pote, incerto de que tinha a melhor mão. Eu não queria permitir uma carta grátis para ninguém que pudesse estar com um rei, dama ou valete. Beatrice deu check-raise, e o que tinha aberto o pote desistiu.
Eu hesitei. Beatrice tinha chegado à cidade e ganhado um Lotus novíssimo no torneio de abertura da cardroom do The Venetian, derrubando um monte de profissionais locais, inclusive eu. Desde então, ela tem se dado bem diariamente em Vegas. Uma jogadora altamente agressiva que usa uma grande variedade de mãos de muitas posições diferentes – ela é difícil de ler. Nessa situação, eu não deveria ter necessariamente a pior mão, então paguei o raise.
O turn foi o 5♠. Beatrice apostou, e eu simplesmente paguei de novo. Não é um call que eu sempre executo; é uma questão de sentir — conhecer os jogadores e suas propensões a jogar de determinada maneira em relação ao valor de ganhar o pote. Com Beatrice, sua inclinação para blefar, sua natureza altamente agressiva e a grande gama de mãos que ela poderia ter, tudo isso fez com que eu acreditasse que um call era o correto a se fazer.
O river foi o A♠, reduzindo a probabilidade de Beatrice possuir um ás. Para minha surpresa, ela pediu mesa. Eu pensei por um momento sobre minha mão. Parte do problema de ser jogar no estilo loose-aggressive (como o de Beatrice) é que ele faz com que a gama de mãos dos oponentes seja maior, pois tendem a pagar mais mãos tanto com base no tamanho do pote quanto pelo fato de ser maior a chance de estar com uma mão boa. Portanto, eles são muito mais difíceis de ler, o pote é geralmente maior, e você deve pagar com mais freqüência. Beatrice sabe disso, então eu aposto de forma mais livre contra ela, o que ela também sabe, fazendo com que ela pague de forma mais livre minhas apostas. Eu atirei $60, acreditando ter a melhor mão.
Para minha surpresa, Beatrice tinha planejado um check-raise. Droga, eu pensei, essa Beatrice não é cheia de surpresas? Eu só poderia vencer um blefe. Quando considero esse tipo de situação, eu sempre penso sobre a propensão de meu oponente fazer a jogada, e se há alguma razão que o leve a crer que tal movimento funcionaria.
Como eu tinha hesitado antes de apostar (embora eu faça isso com ou sem uma mão), achei que ela pensaria que eu não tinha um ás e, portanto, um blefe daria certo. Check-raise blefando em um grande pote é uma jogada que poucos conseguem fazer. Mas eu sabia que Beatrice era capaz. Eu joguei sem entusiasmo outra aposta no pote. Beatrice sorriu e mostrou A-K, formando uma trinca de ases. Eu descartei minha mão sem mostrar, me sentindo como se tivesse caído do bote!
Como eu pude perder tanto com aquela mão e aquele bordo? Eu refleti sobre as razões. Falta de inteligência? Eu definitivamente tinha razões para pensar assim!
Existem diferentes maneiras de jogar a mão, através das quais eu poderia ter definido o pote mais cedo ou largado gastando muito menos. Parte do problema foi que, entrando apressado no jogo, eu não estava mentalmente preparado para jogar. Eu não tinha uma boa leitura de Beatrice, onde ela se situava mental e emocionalmente, e se ela estava ganhando ou perdendo. Jogadores geralmente variam seu jogo com base em suas emoções no momento, e é difícil compreendê-las em uma mão. Além disso, é complicado ler oponentes que lhe enfrentam com uma grande variedade de mãos. É correto dar mais ação contra esses oponentes, mas o lado negativo é não poder evitar uma armadilha e perder muitas fichas quando eles estão fortes.
Às vezes você simplesmente erra. Fará jogadas ruins, lerá mal as situações e investirá seu dinheiro em situações prejudiciais. Essa é a natureza de um jogo de informações incompletas. Quando você se encontrar fazendo isso, não se deixe abater. Analise o que seu oponente fez certo e o que você fez errado, de modo que, da próxima vez, terá o valor dessa experiência. Sempre que você sofrer uma bad beat ou fizer uma péssima jogada, prepare-se mentalmente para jogar bem a próxima mão. ♠
Roy Cooke jogou mais de 60.000 horas de poker profissional e tem sido parte da indústria do I-poker desde o início. Seu colaborador de longa data, John Bond, é um escritor freelance em South Florida. O mistério do poker de Bond, T-Bird, aparece no recém-lançado Best American Mystery Stories of 2007. How To Think ABout Poker está disponível em www.conjelco.com. Por favor veja o anúncio imobiliário de Roy nessa página.