EDIÇÃO 66 » COLUNA NACIONAL

Invadindo Mentes

Compreendendo o tempo de aposta


André Dexx

De todas as informações que podemos obter nas mesas, a que é menos compreendida pelos jogadores é o tempo de aposta. É um tipo de informação muito sutil, mas que faz toda a diferença na interpretação de uma mão e na maneira com que você quer passar informações ao seu adversário. O objetivo, aqui, será induzir os vilões a uma interpretação errada, baseada no tempo que levamos para tomar uma ação. Mas, para isso, é fundamental a compreensão da psique humana e suas reações.

Existem segredos profundos nessa área, que não serão discutidos aqui, mas coloco em pauta o tema. Aos mais interessados será um primeiro passo e um meio de reflexão.

Por ser um fator primário, a parte técnica do jogo, hoje, ficará de lado. Obviamente, você não poderá “entrar na mente” do adversário caso não tenha um conhecimento amplo dos conceitos do jogo.

Entender os processos mentais é de suma importância para interpretar uma jogada. Por uma questão lógica é preciso planejar os movimentos nos mais variados bordos, agir de modo estratégico, enxergar uma ou duas streets à frente, e sempre ciente das possíveis tendências de reações dos seus oponentes.

É essencial que a interpretação tenha raízes em uma percepção ampla e profunda durante o jogo. Isso porque se, naquele momento, sua mente focar em alguma informação isolada, a sintonia entre você e seu adversário sumirá, já que é necessária uma visão que vá além do lugar comum para que seja possível invadir a mente adversária, uma visão do todo. Se cometer esse erro, você estará tirando conclusões a partir de uma informação incompleta. Desse modo é quase impossível tomar a decisão certa, e mesmo que tome, será por algo próximo à sorte. É como chutar um número qualquer no resultado de uma expressão numérica. Então, inevitavelmente, são dados pesos desproporcionais às informações. O resultado será um jogo pobre e desequilibrado.

Não são raras as situações em que os jogadores caem no erro de acharem que estão “entrando na mente” do oponente. Isso acontece apenas por coincidências naturais do jogo: sucessivas mãos, em que você foca-se nas suas cartas e no bordo, aliadas aos velhos padrões mentais de técnicas aprendidas em escolas de poker. Uma realidade bem distante da “supervisão”.

De modo inconsciente, os jogadores armazenam informações dos tempos de apostas. Sendo assim, é possível manipular o que você quer que o seu adversário interprete, não só executando uma jogada, mas também pelos tempos de apostas. Isso vai muito além de saber se um oponente, de um determinado nível, tem uma mão forte ou não apenas por ter pagado em uma velocidade X ou Y.



Quando nós nos expressamos, ainda que como atores, por meio de tempos de apostas, estamos criando informações que serão traduzidas inconscientemente por nossos adversários. A mente deles captará um padrão para os nossos movimentos, que será muito ou pouco relevante em suas decisões. Sabendo disso, podemos induzir movimentos do vilão apenas quebrando, algumas vezes, o padrão conhecido por sua mente.

Aos que desejam se aprofundar no tema, tenho uma notícia ruim e outra boa. A ruim é que, por mais que você procure, você não achará nenhum artigo falando sobre o tema. A boa é que é possível aprender tudo sozinho, basta uma profunda autoanálise para conhecer a si próprio.





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