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Gus Hansen: O Grande Dinamarquês

Na sua volta ao mercado, o Full Tilt Poker aposta em um dos mais respeitados jogadores de poker do mundo. Não são muitos os jogadores associados ao velho Full Tilt Poker que conseguiram sair com a imagem intacta após os escândalos envolvendo o site. No entanto, o dinamarquês Gus Hansen foi um deles.


Brian Pempus
Uma das figuras encarregadas de liderar o renascimento do FTP, Hansen foi o primeiro a ser contratado para o novo time de profissionais do site.

Apesar de ser membro do Team Full Tilt quando o site injetava fundos fantasmas em seu software, ele nunca foi implicado em qualquer falcatrua da companhia. Mesmo aqueles que nunca foram acusados de quaisquer crimes tiveram suas imagens arranhadas depois do escândalo.

Com 38 anos, Hansen tem sido um dos principais grinders dos nosebleed cash games nos últimos anos – ao vivo e online. Quando o Full Tilt foi fechado, em 2011, ele tinha milhões presos em sua conta. Como vive em Mônaco, ele pôde continuar a jogar, mesmo com o a proibição do poker online nos Estados Unidos.

“Sobre o fechamento do FTP, tentei imaginar que havia sido apenas uma sessão ruim no poker”, conta Hansen. “Todos sabem que Daniel ‘jungleman12’ Cates era quem tinha mais dinheiro lá. Mas, mesmo não sendo a mesma quantia, eu era o segundo com o maior balanço no site quando ele foi fechado. Mas eu sobrevivi. Sempre mantive as esperanças em uma possível solução. Felizmente, eu estava certo”.

FICHA LIMPA ANTES E DEPOIS DO ESCÂNDALO
Hansen se juntou ao Full Tilt em 2006, dois anos depois da sua fundação. Empregado do site, ele não foi acusado de receber dinheiro relacionado à atividade fraudulenta do FTP. Ele também não foi acusado de ter nenhum débito com o mesmo.

Vários profissionais deviam milhões para a empresa, fato que causou alguns problemas na venda do Full Tilt – com pelo menos um grupo de investidores – antes de o PokerStars entrar no negócio.

De certo modo, é incrível que alguém que teve seu nome ligado ao antigo Full Tilt ainda tenha credibilidade ou potencial de marketing. Apesar disso, Hansen desafiou a lógica e as probabilidades.

Ele está seguindo em frente, não quer falar do passado e se recusa a pronunciar-se sobre o velho Full Tilt e seus membros – seja de maneira positiva ou negativa.

“Eu tentei me manter fora de problemas”, conta. “Acho que agi bem sobre o que aconteceu antes e depois da Balck Friday. Acredito que assinar com o ‘Novo Full Tilt’ foi uma decisão boa para os dois lados. Quando fui contatado, pelas novas pessoas envolvidas com a empresa, fiquei ansioso para voltar à ação”.

O EFEITO GUS HANSEN
Bem antes de o dinamarquês mergulhar de cabeça nos nosebleed cash games, ele era indiscutivelmente o rosto do World Poker Tour e também um dos mais bem-sucedidos jogadores do poker  ao vivo.

Apenas no WPT são três títulos. Na World Series of Poker, um bracelete, em 2010. Seus ganhos em torneios já passam dos US$ 10 milhões.

O primeiro grande prêmio veio com título. Em 2002, ele venceu o WPT Five Diamond World Poker Classic e embolsou cerca de US$ 550 mil. Na época, Freddy Deeb acabou eliminado na terceira colocação, depois de perder um all-in pré-flop de A-K para Hansen, que tinha 10-Q. Em entrevista, logo após eliminação, Deeb disse: “Eu gostaria de jogar esse jogo, contra ele, todos os dias, pelo resto da minha vida”.

O estilo maníaco de Hansen causou controvérsia não só entre aqueles que assistiram o WPT pela TV, mas entre alguns dos mais renomados jogadores da época. “Meu jeito de jogar em 2002 e 2003 foi chocante para muitas pessoas”, conta Hansen, que também chamou a atenção fora dos feltros ao aparecer na lista da revista People entre os 50 homens mais sexy do mundo. “Quando viram que minhas jogadas fugiam do padrão, acharam que eu era um louco europeu. No entanto, o lunático venceu o torneio, e as pessoas começaram a acreditar que eu não era tão insano assim, e que possuía meus méritos”.

Hansen fez da agressividade o seu estilo, o que parece ter ajudado no aumento da popularidade do jogo depois do “boom do poker”, em 2003.

Quando ele não está no computador ou em torneios ao vivo, você poderá encontrá-lo nos cash games mais caros do planeta. No extinto programa televisivo High Stakes Poker, ele chegou a protagonizar uma das mãos mais famosas da história do poker, em que fez uma quadra contra um full house de Daniel Negreanu. Os quatro cincos lhe renderam um pote de quase US$ 600 mil – um dos maiores já vistos na TV.

PLANO-B PARA TEMPOS NEBULOSOS
Que os jogadores passam por fases ruins, todo mundo sabe. Nos níveis que Hansen joga, a variância é ainda pior. Mas, desde que surgiu para o poker, ele tem investido em negócios fora dos feltros. Nos anos subsequentes ao “boom do poker”, ele ajudou a lançar o Pokerchamp.com, que mais tarde foi vendido para a gigante inglesa Betfair.

Em 2008, ele lançou o livro Todas As Mãos Reveladas (publicado no Brasil, em português, pela Raise Editora), que detalhou cada uma das mãos em sua vitória no evento principal do Aussie Millions de 2007, que lhe rendeu US$ 1,2 milhão de dólares. A publicação foi imediatamente reconhecida como um dos melhores guias estratégicos de torneios. Ele ainda criou o site ThePlayr e um canal online de poker, o GusHansenTV.

Talvez, por ser bem-sucedido em seus negócios fora dos feltros, Hansen nunca parou de jogar – mesmo quando perdeu montantes recordes.

Entre 2009 e 2010, ele chegou a acumular US$ 9 milhões de prejuízo no Full Tilt Poker, o que o levou a questionar suas habilidades. Quando o dinamarquês sentava-se às mesas, filas de regulares se formavam para enfrentá-lo. Mas ele não pisou no freio, insistiu – e sua teimosia foi recompensada.

A VOLTA POR CIMA
Foi quando ganhou o seu primeiro bracelete da World Series, em setembro de 2010, que as coisas voltaram aos eixos.

Até o fatídico mês de abril de 2011, ele já havia recuperado US$ 6 milhões de suas perdas. “Eu corrigi algumas falhas no meu jogo”, disse na época. “Meu foco está um pouco melhor e deixei de ser loose em algumas situações. Eu fiz ajustes de acordo com meus oponentes e as cartas também ajudaram. Há um ano, além das decisões ruins que tomei, o baralho estava castigando, o que causou minha queda”.

Sua evolução envolveu, principalmente, reflexão. Uma análise própria de si permitiu que ele enxergasse por que estava sofrendo perdas atrás de perdas. “Os resultados foram graças à minha insistência. Mesmo perdendo, eu queria entender por que estava sendo derrotado por certos jogadores”.

Depois de domar sua agressividade, Hansen tenta manter a variância baixa. Ele gosta de deixar a mesa quando está com um stack considerável. “Eu não me importo de jogar um pote grande, mas é preciso ter um motivo”, conta. “Eu não tenho duzentos milhões para jogar coin-flips de um milhão. Eu realmente tento evitar os jogos deep-stack insanos”.

Hansen planeja manter essa filosofia no novo Full Tilt. Apesar de algumas pessoas se tornarem mais conservadoras com a idade, o dinamarquês afirma que sua mudança de estilo não tem nada ver com ficar velho para os padrões do poker.

“Eu apenas cansei de perder na internet”, conta Hansen. “Quando você perde, na maioria das vezes, é culpa sua. Eu estava buscando por resultados melhores, então, era óbvio que precisava corrigir algumas falhas e mudar de marcha com mais frequência”.

HOMEM FORTE DO POKER
Hansen diz que quando era mais jovem, ele jamais poderia ter imaginado chegar onde está hoje. Ele nunca se preocupou com a mídia no geral, mas gosta dos holofotes. Não por vaidade, mas por que sabe que isso significa que está jogando o seu melhor.

Hoje, ele não representa apenas o novo Full Tilt, mas é um dos que está na linha de frente para a reconstrução da imagem do poker online. Algo que ele sente orgulho de poder fazer.

“O poker sofreu um duro golpe”, diz Hansen em referência à Black Friday. “E, talvez, ele tenha merecido isso”, completa. Mas “O Grande Dinamarquês” não quer deixar que a má conduta de alguns deixe manchas em seu amado jogo. Para tanto, ele promete fazer o que sabe melhor: jogar poker – e, consequentemente, continuar promovendo o esporte mental que mais cresce no mundo.

PRINCIPAIS RESULTADOS:
2º no WPT Champioship (Abril/2008) – US$ 1.714.800
1º no Aussie Millions 2007 (Janeiro/2007) – US$ 1.200.000
1º no Poker Superstars (Fevereiro/2005) – US$ 1.000.000




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