Chamado Máximo Bertamon, ele atende por “Tio Max”. O conhecido promotor de eventos no sul do país começou a sua história no poker em 2006, com a fundação do primeiro clube do Rio Grande do Sul dedicado ao esporte mental.
Anos depois, ele participaria da criação da Federação Gaúcha de Texas Hold’em. Hoje, Tio Max começa a se tornar uma personalidade internacional sem papas na língua. Confira esta entrevista exclusiva com uma das figuras que provavelmente vão sacudir o poker brasileiro nos próximos anos.
Primeiro se apresente para o público da CardPlayer.
O seu nome é Máximo Bertamon, mas ele responde como “Tio Max” também. Conhecido promotor de eventos no sul do país, ele começou a sua história no poker em 2006, com a fundação do primeiro clube de poker do Rio Grande do Sul. Anos depois, ele participou da criação da Federação Gaúcha de Texas Hold’em, entidade que faz parte da confederação brasileira. Hoje ele promove eventos em vários cantos do mundo, isso mesmo. Tio Max é sucesso internacional.
Como surgiu a sua aproximação com o poker?
Antes de descobrir o Texas hold’em, eu jogava o Five Card Draw, mas o meu primeiro contato com a modalidade mais popular foi através de um programa de televisão, o Celebrity Poker Showdown, que foi exibido na Sony 2004 e 2005. Foi assistindo aquele show que eu percebi que o poker envolvia muita matemática, e como eu era matemático, passei a discutir range de mão e possibilidades de acertar o flush. Foi tudo muito fascinante e eu percebi que aquele jogo de cartas poderia ser tratado como esporte.
Quando você viu que havia poker no Brasil?
Após assistir o Celebrity Poker Showdown, entrei na internet e comecei a pesquisar sobre o assunto. Só consegui encontrar informações a cerca do Campeonato Paulista de Poker, que aconteceria naquela semana. Peguei um avião com a minha esposa e fomos direto para a capital paulista, isso com poucas informações. Quando chegamos ao local indicado, nós pensamos que o endereço estava errado, afinal, não havia nada por lá. O que nós víamos era um prédio com uma garagem, cena bem estranha. Decidimos bater na porta, e para nossa surpresa, ali funcionava o famoso Paradise Club, no Itaim Bibi.
Por lá não havia dealers, as mesas eram redondas e os forros eram lençóis presos com borrachinhas. O local possuía um clima totalmente underground, porém foi ali que eu conheci o Leo Bello, o Brasa e o Alberoni Silva. Eu fiz amizade com os jogadores e disse que iria seguir eles pelo Brasil.
Em seguida, participei do Brazilian Series Of Poker (BSOP) em Curitiba. Dessa vez, fiquei amigo do André Akkari e do Victor Marques, enfim, aquela turma que já começava a jogar profissionalmente no Brasil.
E o seu clube de poker, como você fez para criá-lo?
As experiências em São Paulo e Curitiba foram ótimas, e voltei para o Rio Grande do Sul decidido a montar um clube de poker com os meus próprios recursos. Contratei um bom advogado e um contador. Levou seis meses para que o cartório aprovasse o nosso estatuto, porém eles aprovaram. Quando abri o clube, na porta estava escrito, “Clube de Texas Holdem”. Isso foi em 2006, fiquei na direção por dois anos, mas decidi largar, essa vida não combinava comigo, eu gosto mesmo é de promover eventos e é isso que eu faço hoje.
Como surgiu essa idéia do torneio em gramado?
A ideia surgiu para limpar a imagem da cidade. Em 2009, um promotor de eventos fez um grande estardalhaço em Gramado, dizendo que faria um torneio com um milhão de reais garantidos. Ele anunciou em diversos locais, recebeu apoio da prefeitura, porém o que aconteceu na verdade foi que ele fugiu com o dinheiro das inscrições.
O que eu queria era limpar a imagem de Gramado, cidade linda que não teve nada a ver com a desonestidade de uma só pessoa. As pessoas achavam que eu não conseguiria, que seria preciso mais tempo para que os jogadores voltassem para cá, porém eu acreditei e no ano passado fiz um evento ao lado de duas pessoas. Já esse ano, sozinho, anunciei uma premiação garantida de 250 mil reais, e nós passamos longe desse número. Ao todo, a prize pool atingiu a casa dos 355 mil.
E para o ano que vem, o que o Tio Max está preparando?
Em 2013 vou fazer um evento com meio milhão de reais garantidos. A ideia é que o Gramado Open de Poker só continue crescendo agora.
A edição 2012 foi um sucesso, você acredita que o Tio Max calou os críticos?
Muitas pessoas vieram me cumprimentar, perguntando se eu estou de alma lavada. Eu não tenho esse sentimento. Não gosto de guardar rancor. Na verdade, eu não sei o que aconteceu no PAPT, até hoje não faço ideia de como surgiu tanta ficha por lá. Eu não lido com essa área, o que eu faço é promover o torneio. Qualquer premiação garantida que eu estipule, sempre é superada, os meus eventos são um sucesso.
Aqui no Rio Grande do Sul nós temos o sétimo PIB do país, a economia do estado é inferior a paulista, a carioca, a mineira, a paranaense, a catarinense e a baiana. Como que eu consigo fazer o poker dar certo? Porque eu não fico sentado atrás de uma mesa.
É uma resposta aos críticos do PAPT? Até acho que pode ter sido, mas eu não me importei nunca com isso. Me senti ofendido quando falaram mal da minha proposta de poker esportivo. Considero o poker esporte antes mesmo de conhecer o Texas Hold’em.
Esse torneio de gramado hoje é a menina dos olhos do Tio Max?
Sem dúvida. Mas eu tenho um às na manga, uma ideia inovadora, a Golden Series. O que é isso? A minha proposta é fazer três eventos anuais, com premiações de 500 mil reais. O Gramado Open de Poker já está no calendário. Os melhores jogadores no ranking vão viajar até Las Vegas, com tudo pago, e vão disputar uma grande premiação no cassino que leva a marca Goldem Nuget. Eu ainda não cheguei a falar com ninguém do cassino, estou indo para lá no próximo mês.
O Goldem Nuget tem uma história de glamour na cidade, e eu quero explorar isso. O meu evento será goldem de verdade. As mesas vão ter acabamentos em ouro e os dealers vão se vestir de ouro.
E você pretende aumentar a premiação?
Sim, em 2014 o Gramado vai contar com uma premiação de um milhão de reais. Tem toda uma matemática para se fazer evento, você não pode anunciar uma premiação sem saber como fazer com que ele aconteça. A minha estrutura de torneio se paga. Sempre colocamos buy-ins acessíveis e premiações altas. Nos meus eventos não é obrigado a fazer o re-buy, no ano passado o campeão cravou o evento com apenas um buy-in.
Espaço livre
Tentaram me bocoitar, me sabotar. Isso é falta de ética. Não gosta de mim, tudo bem. Mas mantenha uma ética de mercado. Quer ser melhor que eu? Prova isso. Não faça um 100k, promova um evento com meio milhão garantido. É como no poker, eu aposto, tem que me voltar. Se só der call, eu não vou te respeitar nunca. O mercado de poker pra mim é competição.
Eu só peço no mercado comportamento ético. Eu quero que eles continuem competindo comigo, mas numa situação limpa. É o que eu digo: quer me superar? Faz melhor. Não fica falando por trás.
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