EDIÇÃO 6 » COLUNA INTERNACIONAL

Decida o Que Eles Irão Decidir!

Crie dúvidas nas mentes de seus oponentes


Roy Cooke

O poker é um jogo de decisões. Tome decisões melhores do que seus oponentes e você vai ficar com o dinheiro deles. E o jogo não trata apenas de suas próprias decisões, mas também daquelas que seus oponentes fizeram ou farão.

Eu recentemente estive no Wynn Las Vegas para visitar meu velho amigo Joe Z e jogar um pouco de limit hold’em de $30-$60. Eu não jogava lá há algum tempo e não estava familiarizado com muitos dos jogadores. Mas eles também não estavam habituados com minhas tendências no poker. Na primeira mão que resolvi jogar, recebi 98under the gun.

Muitos jogadores fracos tomam decisões ruins por falta de conhecimento ou falta de auto-disciplina. Outros jogam de modo muito previsível para seus oponentes, tornando muito fácil a leitura de suas mãos. É importante variar suas jogadas o suficiente para que seus oponentes não consigam fazer uma leitura efetiva de seu jogo. Um método para se conseguir isso é fazer jogadas que induzam ao erro.

Eu acho que suited connectors têm valor menor do que se costuma dizer. Eles representam muitas oportunidades de conseguir a segunda melhor mão, o que pode lhe custar muitas fichas; 9-8 do mesmo naipe não é uma mão que eu costumo jogar nesse tipo de situação, especialmente quando estou no UTG. Mas, nesse caso, parecia a mão perfeita para induzir os oponentes ao erro, pois eles pareciam tentar jogar bem e ler mãos. Jogadas assim têm mais valor quando seus oponentes são do tipo que lêem mãos. Às vezes você se encontra em uma partida na qual eles não notariam se um elefante roxo passasse pelo meio da mesa: induzi-los ao erro em jogos assim são uma perda de tempo.

No caso em questão, os que estavam nos blinds não eram do tipo que vêem automaticamente o flop. Eles me conheciam o suficiente para respeitar meu raise do under the gun, fazendo com que meu potencial de blefe melhorasse. Nessa situação, a mão era boa para induzir ao erro. Com isso eu quero dizer que, como ela era tanto do mesmo naipe quanto de valor mediano, meus oponentes iriam provavelmente achar que um flop com cartas altas me beneficiaria. Dependendo do desenrolar da mão, isso me daria uma chance de ir adiante e representar cartas altas. Eles também leriam errado minha mão se cartas medianas surgissem, me dando ação. Vale a pena notar aqui que jogadas dissimuladas são significativamente mais fortes no começo da sessão, quando você vai jogar com seus oponentes por um período de tempo, pois isso aumenta o número de oportunidades futuras em que eles irão fazer leituras equivocadas sobre seu jogo.

Eu aumentei com meu 9-8 do mesmo naipe. Todo mundo desistiu até o button, um jogador sólido, que triplicou a aposta. O big blind pagou, assim como eu, e nós três vimos o flop. O flop veio J65, o big blind pediu mesa, eu também, e o button apostou. O big blind pagou, e era minha vez.

Eu tinha quedas para o flush na última carta e para a gaveta. Muitos jogadores descartam draws assim, mas eu acho que a chance de flush na última carta adiciona uma oportunidade de vitória à sua mão. Eu pensei no que meus oponentes poderiam ter. O big blind era um jogador agressivo. Se ele tivesse uma mão alta, certamente teria aumentado. O button era sólido, mas apostaria se tivesse A-Q, A-K ou um par médio. Ele também me respeitava e poderia descartar muitas dessas mãos se achasse que perderia.

Eu dei check-raise, esperando que eles desistissem, mas ainda tinha boas cartas caso tivesse de enfrentar uma mão. Quando o button voltou um reraise, o big blind desistiu e eu sabia que estava em apuros contra uma mão de verdade. O button tinha um par maior e eu não estava conseguindo fazê-lo desistir. Meu pior pesadelo tinha se concretizado: eu tinha reduzido as odds de conseguir o draw e removido um jogador que poderia me dar ação se eu conseguisse.

Mas o virar de uma carta pode fazer toda a diferença do mundo. Bingo!

Roy Cooke jogou mais de 60.000 horas de poker profissional e tem sido parte da indústria do I-poker desde o começo. Seu colaborador de longa data, John Bond, é um escritor freelance em South Florida. O mistério do poker de Bond, T-Bird aparece no recém-lançado Best American Mystery Stories of 2007. Real Poker III:The Best of Cooke 1992-2005 está disponível em www.conjelco.com




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