EDIÇÃO 57 » COLUNA NACIONAL

Enfrente-me, se for capaz!


Diógenes Malaquias
Nesta coluna, não ensinarei como jogar contra esse ou aquele adversário, tão pouco a ser mais loose ou mais tight. Hoje, vamos aprender a ser aquele cara que ninguém quer enfrentar na mesa.

Para alcançarmos nosso objetivo, devemos ter em mente que a chave para o sucesso é possuir um range balanceado. E o que seria isso?

Por exemplo, quando um adversário tight faz um aumento pré-flop, eu sei que ele terá mãos fortes como pares acima de sete, A-K e A-Q. Essas possibilidades formam o que chamamos de range, ou seja, a gama de mãos que um jogador pode ter ao executar uma ação.

Ao colocarmos em nosso range as mais diversificadas mãos, estamos balanceando-o, e dificultando que nossos adversários tenham uma leitura do que estamos segurando. Por exemplo, em um flop com K 10 4, quando eu for o agressor, meu range será balanceado se eu apostar tanto com as minhas mãos fortes ou fracas (blefes).

Mas eu não estarei muito vulnerável quando possuir uma mão ruim e meu adversário oferecer resistência?
Para que isso não aconteça, devemos blefar com mãos que tenham equidade, aquelas que têm a possibilidade de melhorar quando o turn ou river forem virados.

E não podemos esquecer que teremos fold equity na maioria das vezes. Perante uma aposta sempre haverá chances de um adversário desistir do pote.

Agora, vamos entender o conceito na prática.

Um adversário faz um aumento pré-flop. Fora de posição, você paga.

O flop vem 9-8-7; e nós decidimos ir para o check-raise.

Para realizar essa jogada de forma balanceada, o nosso range deve ter mãos fortes como 7-7, 8-8, 9-9, 8-9 e J-T, mas também uma infinidade de blefes. Por exemplo, 10-9, 10-Q, A-6, A-10 e A-J.

Quando segurarmos o topo do nosso range, nossas mãos mais fortes, não há segredos. Basta apostar e colocar todo o dinheiro na mesa. E com nossas mãos mais fracas, a ação será a mesma. Isso mesmo, nós também vamos querer colocar todo o dinheiro na mesa.

Vamos relembrar o porquê. Lembre-se que quando aumentarmos a aposta do nosso adversário, nós teremos fold equity. Ele vai desistir algumas vezes. E isso já garante uma margem de lucro quando blefarmos.

Além disso, teremos ao nosso lado a equidade. Sempre que formos all-in com nossas mãos piores haverá uma porcentagem razoável de cartas que melhorarão o nosso jogo. Eu diria que a cada três mãos, vamos ganhar pelo menos uma.

Portanto, combinando esses dois fatores, praticamente não perderemos dinheiro com a parte fraca do nosso range no longo prazo.

Ter um range balanceado dá uma falsa impressão de agressividade aos nossos adversários. Eles vão dar calls muito mais marginais do que contra um jogador tight, maximizando o ganho das nossas mãos de valor. Mas, ainda assim, eles vão desistir uma quantidade razoável de vezes para que nossos blefes não nos faça perder dinheiro. Então, balanceie-se.



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