Se você pudesse escolher uma palavra para caracterizar os grandes jogadores, qual seria? “Agressividade?!” Certa a resposta! E como você se deu bem neste teste inicial, é sobre isso que vamos conversar agora.
Já adianto que não incluirei os excessivamente agressivos, perdedores com sérias tendências ao desperdício de fichas. Vamos entender como pensam os bons, jogadores vencedores cuja agressividade consegue de nos conduzir ao pantanoso terreno do tilt.
Nem é preciso alertar que esses são os adversários mais difíceis que você pode encontrar nessa longa estrada do feltro. Com suas apostas freqüentes, eles facilmente nos tiram da nossa zona de conforto. Dê uma olhada nestas dicas sobre como enfrentá-los, e depois me diga o que você achou. Vamos lá:
Dica 1 – No fio da navalha
Disputas contra adversários agressivos geram bastante variância. Afinal, você dará vários calls com mãos fracas procurando blefes, provocando mais raises durante a mão, justamente porque haverá mais blefes de parte a parte. Diante desse ciclo, é preciso jogar no limite entre a agressividade calculada e o desperdício de fichas, o famoso “spew”.
Contra oponentes assim, é necessário ter a mente totalmente centrada no jogo e nunca ceder ao impulso de tiltar. Talvez a boa sorte lhe abandone no curto prazo, algo como perder 9 de cada 10 mãos. É nesse período tenebroso que você não pode cometer ainda mais erros, pois o baralho já está açoitando suas costas com força demais. Aquele call no river quando você sabe que está perdendo não é outra coisa senão autoflagelação. Cuidado.
Muitas vezes, parei para rever meus resultados no fim do mês e percebi que, se eu não tivesse executado alguns movimentos errados nem tivesse sofrido tilts leves durante esse período, poderia ter ficado com dez buy-ins a mais de lucro. Hoje, posso dizer que estou completamente livre disso.
Dica 2 – Detectar e destruir
Tente identificar se o seu adversário blefa com quaisquer duas cartas ou se ele sempre tem pelo menos algum draw fraco. É preciso ter muito mais atenção com o turn e o river se ele blefar sempre com uma queda para flush na última carta, um terceiro par ou mesmo uma broca. A consequência disso é que seu range melhorará mais vezes do que o de alguém que não tem essa preocupação.
Importante ressaltar ainda um erro muito comum, que percebo em jogadores menos experientes quando enfrentam um adversário agressivo em um flop com muitos draws: superestimar a presença de draws no range do adversário. Ou subestimar a equidade do draw e do range total. Uma mão fraca, daquela que serve apenas para pegar um blefe, não é o bastante para encarar um all-in no flop vindo de um range composto por mãos prontas, mais fortes e draws.
Quando você estiver perdendo, digamos, com top pair e um kicker pior, terá poucos outs para melhorar. E quando estiver à frente, com top pair contra um flush draw, por exemplo, é o adversário quem terá bons outs para puxar o pote.
Dica 3 – Quem se enforca nessa corda?
Quando estou em guerra contra um jogador regular competente e agressivo, prefiro dar mais um raise no flop com uma mão forte, em vez de pagar a aposta dele e jogar uma corda para ele se enforcar. Nesse caso, a corda poderia se enroscar em você. Em outras palavras, um slowplay talvez cause a sua derrota.
Ao dar mais um raise, você faz com que grande parte do seu range pareça um blefe. Lembre-se de seu oponente é agressivo e talentoso: ele já espera que você dê crédito a todos os seus raises. Caso você decida pelo call apenas, praticamente está gritando que possui uma mão com valor de showdown, entregando que cartas assim têm um peso muito maior no seu range.
Com essas dicas, acredito que você terá uma base muito sólida para enfrentar jogadores agressivos. Da próxima vez, quem sabe não serão eles que precisarão fugir de você? ♠