EDIÇÃO 5 » MISCELÂNEA

Humor do baralho: O pato


George Queiroz

O leitor da Card Player Brasil certamente já está cansado de saber que, apesar do que acredita o senso comum, o poker não é um jogo de azar. Creditar o sucesso de um bom jogador de poker à sua sorte é como não reconhecer a habilidade de um futebolista artilheiro, simplesmente porque este sempre está no lugar certo e na hora exata.

Apesar das provas em contrário, é fácil encontrar entre os jogadores de poker aqueles que gostam de pensar que a sorte lhes tem ajudado a cevar o atual stack ou que o maldito azar foi o responsável pela última eliminação. Geralmente, são jogadores não muito preocupados em desenvolver suas habilidades, passando longe dos livros e artigos especializados. Costuma-se chamar estes jogadores pela carinhosa alcunha de “patos”.

Ora, o supersticioso leitor desta coluna também sabe que se há leis de aplicação universal, uma delas é a famigerada lei de Murphy, que consiste basicamente do enunciado “se algo pode dar errado, certamente dará”. Mais que uma regra, a lei de Murphy é o mandamento do pato. Pois, se algo der errado, se dará da pior forma, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.

A lei de Murphy é de fácil verificação para o pato. Por exemplo, se ele se passa por um calling station, ele perde. Se ele arrisca um coinflip, perde também. All-in pré-flop, perde. E isso tudo é proporcional ao limite de tempo para re-buy. Ou seja: quanto mais re-buys ele puder fazer, mais ele vai perder.

Não é difícil identificar um pato

Naturalmente, um jogador fanho não pode ser considerado um pato apenas por causa da voz de taquara rachada (apesar de que isso seria um bom indício). Também não se reconhece um pato pelo seu stack, a cada mão mais minúsculo, mas sim pela sua atitude na mesa. Se ele calcula o número de outs contando as cadeiras vazias ao redor, certamente trata-se de um belo exemplar.

Jogar contra um pato é chato, pois ele sempre pagará todas as suas apostas, independente da mão que tenha. Isso serve para aumentar lindamente o pote, mas implica na ineficácia do blefe. Assim, o poker torna-se burocrático, sem a malemolência e ginga do poker-arte, do poker-moleque que jogávamos na várzea.

Felizmente, um pato está sujeito também às leis de Darwin, ou seja, ele evolui. Ao se dar conta de que só você ganha e ele sempre perde, o pato finalmente vai se cansar de lhe dizer “Vofê é desprezível!!!” e procurar se especializar. Daí a tornar-se um shark é uma longa estrada, mas nada impossível de percorrer. Existem alguns caminhos mais curtos para se deixar de ser pato, como, por exemplo, fazer uma assinatura da Card Player Brasil.

Por fim, é de fundamental importância para seu sucesso como jogador saber reconhecer o pato da mesa, pois se você conseguir identificá-lo, isto significa que o pato não é você.



Pequeno conto de Natal

- Querida?
- Sim?
- Bem, é que eu estava aqui pensando... Flush é um bom nome, não acha?
- Hein?
- Para a rena nova que nasceu. Aquela do nariz vermelho.
- Ai, Noel, lá vem você de novo com essas coisas de poker. Já lhe disse, quem batiza as renas sou eu e já decidi o nome da que nasceu ontem.
- Eu sei, querida... Mas é que você só escolhe os nomes do pessoal da sua família e quem anda com as renas por aí sou eu. Não fico lá muito feliz em chamar os nomes da minha sogra e meus cunhados o tempo todo. Além disso, dizem que se deve batizar seus animais com nomes que se possam associar a algo que se goste muito. E você sabe que eu amo poker!
- Não interessa. Quiser batizar alguém, vai fazê-lo com seus ajudantes, já que você só chama a todos de anão!
- Mas coração!... Aquelas três renas que nasceram no verão passado ficariam tão bem se fossem chamadas de Flop, Turn e River...
- Pois vão continuar chamando-se Genoveva, Astolfo e Fúlvio. E chega disso: a rena do nariz vermelho vai ter o nome do tio Rudolf e ponto final!




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