Um dos principais objetivos do jogador de poker é fazer com que seus oponentes cometam erros. Você pode conseguir isso praticando a arte da simulação, e uma das principais máximas é que você pode usar os conhecimentos e preconceitos de seus adversários contra eles mesmos. Chega-se a isso fazendo o contrário do que eles esperam.
Sabendo o nome ou não, provavelmente você já está familiarizado com o blefe post oak. Nome dado a uma pequena árvore da família dos carvalhos, cuja madeira está entre as mais baratas do Texas, um blefe post oak é uma aposta ou raise pequeno feito na última rodada de apostas do no-limit poker, para convencer um adversário experiente de que você tem uma mão muito poderosa e está tentando valorizá-la. Geralmente, este movimento não funciona contra jogadores inexperientes, porque o desejo que eles têm de ver suas cartas é maior que a decepção por perder as fichas ao pagar seu blefe.
Um dia desses, percebi que esse movimento também parece ser falho contra jogadores experientes, que o lêem exatamente como ele é – um blefe sorrateiro. Aqui, um pouco de conhecimento pode ser explorado. Se você está contra um jogador experiente e espera valorizar sua mão através de uma armadilha, faça o que parece ser um blefe post oak (pois geralmente será pago). Para ilustrar meu exemplo, vamos dar uma olhada numa mão do Dia 2 do World Poker Tour North American Poker Championships. Eu tinha uma imagem loose e estava contra um jogador experiente, agressivo e jovem. Com os blinds em $500-$1.000, aumentei para $4.500 pré-flop e meu oponente pagou. O flop veio A♠ J♠ 2♠ e ambos pedimos mesa. O turn foi a Q♠ e eu pedi mesa. Desta vez, meu adversário apostou $7.000 e eu apenas paguei. O river trouxe outra dama e meu oponente aumentou para $15.000. Fiquei imerso em meus pensamentos por um momento e, finalmente, dei um raise mínimo para $30.000. Ele levantou-se da cadeira, chacoalhou a cabeça e pagou. Eu mostrei A-K, com o K♠ para o nut flush, e meu oponente perdeu. Minha longa pausa antes de agir no river não foi uma espécie de performance teatral; eu estava realmente perplexo. Tinha certeza de que ele não tinha um full house. Não conseguia vê-lo pedindo mesa diante de um flop com aquela textura ou apostando na quarta carta de espadas no turn com três cartas do mesmo tipo. Então, eu sabia que tinha a melhor mão. Meu desafio era encontrar uma maneira de extrair mais fichas dele. Com aquele bordo, ele teria dificuldade em pagar quase que qualquer raise. Finalmente, percebi que meu oponente tinha consciência de que eu sabia que ele não pagaria um pequeno raise, por menor que ele fosse. Então, aumentei o mínimo possível, esperando que a aposta fosse lida como um blefe post oak. Essa situação representava a oportunidade perfeita para um bom jogador aplicar esse tipo de blefe, e eu contava com o fato de que meu oponente soubesse disso. Com essa certeza, segui em frente. Eu duvido que ele teria pago qualquer outra aposta aqui. O raise mínimo foi tão suspeito que ele não poderia evitar ler como um blefe post oak. Na verdade, eu apliquei uma “aposta post oak pelo valor”. No no-limit de hoje em dia, os jogadores tendem a fazer grandes apostas pelo valor (value bets) – geralmente supervalorizando o pote – na esperança de que suas apostas sejam vistas como um blefe, permitindo a eles maximizar seus lucros. Minha experiência me diz que isso ainda é uma estratégia válida e efetiva, mas, como qualquer outra tática, você não pode simplesmente aplicá-la em toda e qualquer situação. Haverá vezes em que uma aposta grande ou mesmo de tamanho médio no final lhe custará muito. Se você acha que tem a melhor mão, mas seu adversário experiente está enfrentando um bordo muito assustador, é melhor que você use uma aposta post oak pelo valor. À medida que o tempo passar, o conhecimento e a consciência a respeito dessa aposta ficarão mais e mais comuns, até que finalmente o blefe post oak volte a funcionar.
Aí está a beleza do poker: ele está num constante estado de revolução. As apostas pelo valor de hoje estão destinadas a se tornar os blefes de amanhã, e vice-versa. Por enquanto, que tal de adicionar esse tipo de aposta ao seu arsenal e descartar o blefe post oak? Eu recomendo. ♠
Marc “Myst” Karam é um profissional de poker canadense que já ganhou milhões de dólares competindo nos maiores torneios ao redor do mundo. Apesar de seu sucesso em torneios, fez sua vida primeiramente jogando cash games online no Eurolinx Poker, em alguns dos maiores limites disponíveis.
