O Rio de Janeiro foi sede da primeira etapa do Brazilian Series of Poker 2011. E já na estreia da 5ª temporada, 539 jogadores construíram a segunda maior premiação da história do circuito. Só no evento principal foram mais 800 mil reais distribuídos. Isso sim é o que podemos chamar de um grande começo.
Reforçando essa impressão, vale dizer que as palavras de abertura foram pronunciadas pelo Secretário de Esportes do Rio de Janeiro, Romário Galvão. Ao lado do presidente da CBTH, Igor Federal, ele falou sobre a importância de receber o evento na Cidade Maravilhosa.
O Dia 1A do torneio teve 259 inscritos, entre eles Felipe Mojave, Raul Oliveira, Caio Brites e André Doblas. Pena que eles não estavam entre os 54 jogadores que avançaram para o Dia 2. Por outro lado, Leandro Brasa e Christian Kruel, ambos Red Pros do Full Tilt, passaram com stacks confortáveis. Com incríveis 324 mil fichas, o chip leader era o paulistano Alexandre Richard.
O Dia 1B teve ainda mais participantes: 280. O casal Sérgio e Alê Braga, Marcos Sketch e Gabriel Goffi foram alguns dos que endureceram o field. Ao final do dia, o telão mostrava 75 players na briga. Ao todo, 129 jogadores voltariam no domingo em busca do prêmio de quase 180 mil reais destinado ao campeão.
No Dia 2, duas estrelas roubaram a atenção. E não estou falando de profissionais do poker, mas sim de ídolos das massas: Fábio Luciano, ex-xerifão da zaga do Flamengo e do Corinthians, e Rodrigo Lombardi, o Raj de Caminho das Índias.
E não é que Fábio Luciano até que foi bem? Ficou em 9º no duríssimo torneio High-Roller. Rodrigo também não foi mal – 40º lugar no Second Chance. E ele ficou muito satisfeito com seu desempenho: “Para o meu primeiro torneio, foi um grande resultado. Faltou um pouco de coragem, mas ficar entre os 40 em um torneio com mais de 160 jogadores está muito bom”.
Enquanto isso, a ação no Evento Principal seguia forte. Todos estavam de olho em Christian Kruel, que tentava um histórico bicampeonato. Mas o sonho acabou depois que ele foi all-in com duas pontas para sequência no flop. O straigh não bateu, o adversário tinha top pair e CK deu adeus ao torneio em 34º lugar.
A mesa final foi formada depois que Alexandre Richard, chip leader do Dia 2, empurrou suas últimas fichas pré-flop com A♣ 2♠. Mas Emerson Baroni tinha A♥ K♣ e puxou um pote que garantiria sua entrada na mesa final como chip leader. Confira os finalistas:
Mesa final:
1- Emerson Baroni (SP) - 2.420.000
2- Carlos Stüpp (SC) - 2.285.000
3- Miller Rocha (RJ) - 1.510.000
4- Leandro Brasa (SC) - 1.235.000
5- Marcelo Jensen (Argentina) - 1.150.000
6- Eduardo Sequela (SP) - 675.000
7- Francisco Neto (ES) - 530.000
8- Alcir Notari (SC) - 510.000
9- Fernando Saboya (RJ) - 465.000
9º Eduardo Sequela – R$ 14.200,00 (Blinds 20.000-40.000-5.000)
Marcelo Jensen abre raise de 120.000. Sequela volta all-in de 650 mil com 6♣ 6♥. O argentino paga com K♥ K♠ e elimina Sequela.
8º Leandro Brasa – R$ 18.800,00 (Blinds 20.000-40.000-5.000)
Jensen entra de limp, Miller Rocha completa do small e Brasa volta all-in de 965 mil do big com J♦ 2♦. Insta-call de Jensen. Novamente KK. O argentino se torna chip leader.
7º Francisco Neto – R$ 23.700,00 (Blinds 20.000-40.000-5.000)
Depois de a mesa rodar em fold, Francisco Neto empurra all-in de 205 mil com A♥ 3♠. Fernando Saboya, também short-stacked, manda tudo com J♣ J♥ e elimina Francisco.
6º Alcir Notari – R$ 31.600,00 (Blinds 40.000-80.000-5.000)
Carlos Stüpp abre raise do UTG para 175.000 com K♥ Q♥. Alcir Notari volta all-in de 585 mil com A♦ J♣. O flop traz uma Q♠, e Alcir é eliminado.
5º Emerson Baroni – R$ 43.500,00 (Blinds 40.000-80.000-5.000)
Depois de uma guerra de raises e reraises entre Baroni e Carlos Stüpp, o showdown foi AA contra KT. Mas o blefe acabou dando certo: straight e muitas fichas para Stüpp. Baroni fora.
4º Fernando Saboya – R$ 57.700,00 (Blinds 60.000-120.000-10.000)
A mesa roda em fold até Saboya no small blind, que empurra all-in de 1.200.000 com 3♠ 4♣. Miller Rocha paga com K♣ J♠. Um valete no flop é o fim da linha para Saboya.
3º Carlos Stüpp – R$ 78.200,00 (Blinds 80.000-160.000-15.000)
Stüpp aumenta para 500 mil. Miller dispara 1.500.000. Carlos volta all-in de 2.665.000. Miller paga e mostra A♣ 9♣. Stüpp tem 8♦ 8♠. O flop traz A♦ K♣ K♠. Miller elimina Carlos Stüpp.
2º Miller Rocha – R$ 110.600,00 (Blinds 100.000-200.000)
O heads-up começou praticamente empatado. Quando os dois jogadores colocaram todas as fichas no centro, o argentino estava em vantagem. Miller deu mini-raise do small blind e Marcelo pagou. O flop trouxe J♣ 5♦ 3♣. Depois de mais um mini-raise de Miller, Marcelo voltou all-in e tomou call. Marcelo apresentou 5♣ 6♣ contra J♦ 6♦ de Miller. Um 9♣ no turn deu o flush e o título para Marcelo Jensen.
A primeira mesa final de 2011 não poderia ser mais promissora. Entre os nove finalistas, Eduardo Sequela, Leandro Brasa e a agressividade que lhes é característica. Mas no poker os facões sempre têm dois gumes, e o menor erro geralmente custa caro ao agressor. Primeiro foi Sequela, que tentou resolver tudo pré-flop e acabou sendo o primeiro eliminado da FT. Seu algoz? O mesmo de Brasa, o argentino radicado em São Paulo, Marcelo Jensen. Ao entrar de limp com KK, só restava a Jensen esperar que o shark da mesa mordesse a isca. E quando Brasa empurrou all-in do big blind com J♦ 2♦, apenas uma bad beat daquelas salvaria o profissional do Full Tilt. Scotty Nguyen provavelmente diria: “It’s all over, baby!” E foi assim que o estilo agressivo que já deu tantas glórias a Leandro Brasa o tirou da batalha. Esse também foi o começo da caminhada de Jensen rumo ao título: depois de eliminar rapidamente dois oponentes que certamente iriam infernizar a mesa final, seria difícil imaginar que o título fosse parar em outras mãos.
Mesmo com alguns altos e baixos durante a FT, a coragem de Jensen para colocar todas as fichas no centro da mesa sem nunca temer a eliminação foi fator decisivo para o que primeiro título do BSOP 2011 ficasse com o argentino de raízes paulistanas. Ao bater Miller Rocha no heads-up, Jensen dedicou o título à sua esposa. Bem puxado, hermano!
FICHA TÉCNICA
Local: Windsor Barra Hotel, Rio de Janeiro
Data: 27 a 31 de janeiro de 2011
Buy-in: R$ 1.800,00
Jogadores: 539
ITM: 54 jogadores
Prize Pool: R$ 819.280,00
TORNEIO SOS RIO
Até em meio ao caos é possível encontrar um pouco de luz. Não, não estou de falando de jogadas inteligentes entre as baralhadas de alguns sujeitos no BSOP, mas do torneio SOS Rio, um Super Turbo de R$ 100 em prol das vítimas da chuva na região serrana do estado.
O título ficou com presidente da CBTH Igor Federal, que superou 76 jogadores (incluindo eu) e faturou R$ 3.800. Mas como Federal abriu mão do prêmio, toda a prize pool de R$ 7.800 foi doada – 13 mil litros de água foram enviados às vítimas. Um pouco de luz em meio ao caos da tragédia.
EVENTOS PARALELOS
HIGH-ROLLER
Buy-in: R$ 3.400,00
Inscritos: 31 jogadores
1º Sidney Chreem (RJ) – R$ 31.500,00
2º Jurandir Marinho (RN ) – R$ 22.000,00
3º Fábio Freitas (SP) – R$ 16.600,00
POT-LIMIT OMAHA
Buy-in: R$ 800,00
Inscritos: 57 jogadores
1º Leonardo Villardi (RJ) – R$ 12.650,00
2º Ricardo Nakamura (PR) – R$ 8.900,00
3º Alaor de Almeida (MG) – R$ 6.550,00
SECOND CHANCE
Buy-in: R$ 600,00
Inscritos: 163 jogadores
1º Róbson Alexandre (RJ) – R$ 23.000,00
2º Leonardo Leal (MG) – R$ 14.000,00
3º Bruno França (MT) – R$ 9.050,00
LAST CHANCE
Buy-in: R$ 350,00
Inscritos: 143 jogadores
1º Luciano Franco (SP) – R$ 11.650,00
2º Rodrigo Coelho (RJ) – R$ 7.100,00
3º Moacyr Farah (RJ) – R$ 4.600,00