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Dominando a mesa final: David Williams Aprende a Valorizar a Paciência do Modo Mais Difícil


Craig Tapscott

Antes de descobrir o poker, David Williams era um ávido jogador de “Magic: The Gathering”. Sua primeira conquista foi em 2004, quando conseguiu o vice-campeonato do Main Event, ganhando $3,5 milhões. Naquele mesmo ano, ele levou $573.800 ao ficar em segundo lugar no WPT Borgata Poker Open, perdendo para Daniel Negreanu. Em 2006, David cravou um cobiçado bracelete de ouro da WSOP em um evento de seven-card stud de $1.500. Ele tem um total de $7.844.089 ganhos na carreira.

Mão No. 1
Stacks: David Williams – 3.700.000    Scotty Nguyen – 1.300.000
Blinds: 15.000-30.000
Antes: 4.000
Jogadores na Mesa: 5

Mão No. 1
Conceitos Chave: Colocar seu oponente em um range de mãos e agir de acordo com isso; não tomar decisões precipitadas

David Williams dá raise para 80.000 do UTG com 10 10. Scotty Nguyen paga do cutoff.

Craig Tapscott: Você é conhecido por ser um jogador muito agressivo. Então, nesta altura do torneio, qual era a sua imagem na mesa?

 David Williams: Não havia dado raise com muitas mãos neste ponto, principalmente do under the gun. Então, quando aumentei, estava mostrando muita força.

CT: Quando o Scotty pagou, você conseguiu alguma leitura da mão dele?

DW: Scotty estava jogando razoavelmente tight. Eu notei que ele pensou muito se deveria voltar reraise ou não antes de decidir dar call. Mas eu sabia que ele tinha uma mão forte, um range que pude limitar a A-Q+ e pares na mão, de sete para cima.

Flop: 9 8 6 (pote: 225.000)

Williams aposta 100.000.

DW: Fiz uma aposta deste tamanho para que pudesse largar a mão se tomasse um raise. Eu sabia que Scotty não me pagaria com A-Q ou A-K neste flop, principalmente quando não havia queda para flush.
Nguyen dá raise para 300.000. Williams vai all-in. Nguyen paga, mostrando 9 9.

DW: Quando Scotty deu raise, tomei uma decisão apressada e fui all-in bem rápido. Imediatamente, eu soube que tinha cometido um erro. Não há uma mão sequer com a qual ele voltaria reraise e que eu estivesse derrotando nesta situação. Se ele tivesse 7-7, apenas daria call, para manter o pote pequeno, já que ele não vinha semiblefando. E eu não derroto nenhum outro par: ou qualquer outro par é maior do que os meus dez ou ele flopou uma trinca.

CT: Parece que você mudou seu plano original depois que ele deu raise. Isso acontece com os melhores jogadores no calor do momento. Quando você entrou em curto circuito?

DW: Eu não deveria ter me apressado. Deveria ter pensado na razão de ele estar dando raise, e com quais mãos que eu estivesse derrotando ele poderia fazer aquilo – a saber, nenhuma. Eu basicamente fiz o contrário do que vinha fazendo em todas as mãos até aquele ponto do torneio, que era demorar o tempo que fosse necessário e processar cada informação que me era dada antes de fazer qualquer jogada.

Turn: 3 (pot: 2.657.000)
River: 2 (pot: 2.657.000)
Nguyen ganha o pote de 2.657.000.

Mão No. 2
Stacks: David Williams – 5.925.000    Eric Baldwin – 3.845.000
Blinds: 50.000-100.000
Antes: 10.000
Jogadores Restantes: 5

Mão No. 2
Conceitos Chave: Controle de pote; disfarçar a força da sua mão

Eric Baldwin dá raise para 240.000 do cutoff. Williams paga do button com A K.

CT: Agora você parece ter voltado a uma rotina calma, já que muitos amadores (e a maioria dos profissionais) ficariam empolgados com a chance de dar raise nesta situação. Qual é o seu plano com uma mão tão grande em uma mesa short-handed?

DW: Eu achei que haveria muitos benefícios em jogar a mão deste jeito. Primeiro, eu poderia induzir um dos blinds a tentar dar um squeeze, e teria uma mão muito boa para expulsá-lo. Eu também acreditei que seria capaz de manter o pote pequeno contra uma mão com draw. Eu poderia dar 3-bet nele, mas se ele pagasse, seria difícil jogar o flop caso eu não acertasse nada, e o pote agora estaria inflado. Também achei que havia uma grande vantagem no quanto minha mão estava disfarçada.

Flop: 3 2 2 (pote: 680.000)

DW: O flop foi razoavelmente bom para a minha mão.

CT: De que maneira?

DW: Bem, estou derrotando a maior parte do range de raise pré-flop dele, e é muito pouco provável que a mão dele tenha um Dois ou um Três. Então, a menos que ele esteja com um par na mão, tenho bastante certeza de que estou à frente.

CT: Você tinha uma leitura sólida do estilo de Baldwin nesta altura do evento?

DW: Na verdade, Baldwin estava jogando muito bem, e eu achei que ele era o oponente mais difícil da mesa. Ele estava mixando seu jogo, e eu não tinha uma leitura muito boa dele. Mas parece que ele achava a mesma coisa de mim, já que não jogamos muitos potes um contra o outro no torneio inteiro, até o heads-up.

Baldwin aposta 375.000. Williams dá call.

DW: Decidi apenas pagar, para continuar controlando o tamanho do pote. Também senti que um raise apenas o permitiria largar mãos que eu estivesse derrotando, e não acreditei que ele fosse dar fold em qualquer mão que estivesse me derrotando.

CT: Muitos jogadores simplesmente adoram apostar, apostar e apostar. Você pode explicar, detalhadamente, o conceito de controle de pote, e como você faz dele uma poderosa ferramenta de sua estratégia?

DW: Em torneios, você tem que conservar fichas ao mesmo tempo em que tenta acumulá-las. Então vale a pena ter cuidado para não cometer erros, e também extrair o máximo de fichas que puder quando estiver à frente. Há situações nas quais você tem uma mão que é forte, como esta, mas não chega a ser um monstro, e seu oponente provavelmente não tem muita coisa. Se você apostar ou der raise, ele não tem muito com o que pagar que você possa derrotar, além de dar a ele oportunidade de fazer uma jogada traiçoeira e tentar expulsar você do pote. Nesta situação, é muito arriscado inflar o pote, porque você pode se colocar em uma situação estranha, no qual tem que jogar um pote grande, em uma condição marginal, sem uma mão forte o suficiente. Então é melhor manter o pote de um tamanho que você possa pagar e não ser posto à prova por uma mão pior. Conheço um bom conselho que, de certa forma, aplica-se aqui: “Jogue potes grandes com suas mãos grandes, e potes pequenos com suas mãos pequenas”.

Turn: 5 (pote: 1.430.000)

DW: O turn foi uma ótima carta para mim, pois me deu uma queda para straight se eu estivesse perdendo, além de minhas duas overcards.

Baldwin dá check.

DW: Quando ele deu pediu mesa, eu tinha razoável certeza de que estava ganhando, e senti que, ao deixar de apostar, daria a ele a oportunidade de blefar no river.

Williams dá check.

River: K (pote: 1.430.000)

DW: O river foi uma carta absolutamente perfeita para mim. Deu-me a melhor mão, e agora meu call se tornou ainda mais fácil. Ela também permitiu que ele representasse a mão que eu tinha.

Baldwin aposta 740.000, Williams dá call e abre A K. Baldwin dá fold sem mostrar as cartas. Williams ganha o pote de 2.910.000.

CT: Qual foi o seu raciocínio para não dar raise pelo valor no river?

DW: Acho que eu poderia ter dado raise pelo valor, e talvez devesse ter feito isso. Mas senti que ele provavelmente não tinha nada com o que pudesse pagar, e eu não queria fazer uma armadilha para mim mesmo caso ele, de alguma forma, tivesse uma mão muito forte.




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