EDIÇÃO 33 » COLUNA INTERNACIONAL

Melhorando o Jogador Mediano

Dois erros comuns


Barry Tanenbaum

O poker é um jogo fácil de ganhar, basta jogar com caras que sejam piores do que você. Infelizmente, essa benção esconde uma maldição. Ganhar pode lhe fazer pensar que você é bom, e seu desejo de aumentar seus lucros pode lhe fazer desafiar oponentes mais talentosos em limites mais altos.

É claro que não há nada de errado nisso. É assim que o mundo funciona. O problema surge quando jogadores que costumavam ser vencedores passam a ser perdedores. Isso não acontece da noite para o dia. As pessoas não passam de vencedores a perdedores como se alguém tivesse apertado um interruptor.

Em vez disso, as sessões vencedoras se tornam menos frequentes e os ganhos menores. As sessões perdedoras se tornam mais frequentes e as perdas maiores. O lento processo ocorre durante um período que dura semanas, meses ou mesmo anos. “Bons” jogadores, ex-ganhadores, que não cometem erros crassos ou óbvios, não veem os erros sutis que estão cometendo e, portanto, não conseguem lidar com eles.

Vamos analisar um jogo físico como o boliche. Se você jogar bolas para fora e derrubar poucos pinos, sabe que precisa melhorar. No poker, essa necessidade é mais difícil de ser percebida.

Seus oponentes se parecem muito com você: eles apostam, aumentam, pagam e desistem. Às vezes eles ganham um pote e às vezes perdem. O fato de, ao longo do tempo, um oponente ser vencedor e outro não pode não ficar claro quando se analisa apenas as cartas que eles mostram.

As coisas que o vencedor faz que outra pessoa não faz geralmente são ocultas. Isto é, o vencedor pode dar fold com uma mão com que um jogador mediano jogaria. O vencedor pode dar raise com uma mão com a qual o jogador mediano apenas pagaria.

Eu recentemente tive a oportunidade de abordar esse tema ao treinar um jogador mediano durante um longo período de tempo. Eu discretamente o observei jogar dezenas de mãos. Ele cometeu pouquíssimos erros terríveis. Ele era tight antes do flop, nunca jogava com uma mão fraca ou marginal fora de posição. Depois do flop, quase nenhuma de suas apostas ou calls eram totalmente irracionais. Apesar disso, observei várias vezes que outra jogada teria mais chances de sucesso.

A verdade é que é difícil perceber seus próprios erros. Primeiramente, como alguns dos erros funcionam para você, especialmente quando seus oponentes jogam pior do que você, é possível cometê-los e ainda assim ganhar. Segundo, só porque você cometeu um erro, isso não significa que ele vá lhe custar caro. Pode-se completar um draw, detectar um blefe improvável ou lucrar de outras maneiras.

Então, você pode descobrir seus próprios erros? Sim, de várias maneiras. Milhares de jogadores estudaram seus próprios jogos estatística e analiticamente e fizeram ajustes. Outros trabalharam com colegas ou coaches. Compartilhar ideias, seja com uma pessoa ou com algumas, pode lhe fornecer insights sobre seu próprio jogo. E um bom jogador pode observar e rapidamente identificar falhas em seu jogo enquanto lhe fornece métodos por meio dos quais você pode melhorar.

Vamos analisar dois dos erros mais comuns que a maioria dos jogadores medianos comete:

• Jogar passivamente
• Ficar tempo demais

Jogar passivamente: Esse tópico inclui uma gama de erros. Muitos jogadores simplesmente deixam de apostar quando têm uma boa mão. Eles perdem apostas que podem vir de oponentes com mãos mais fracas e também perdem a oportunidade de fazer um ou mais jogadores desistirem. Ninguém nunca dá fold diante de um check ou de um call.

A mesma jogada passiva se aplica a raises. Jogadores medianos não aumentam muito. Situações de poker são geralmente difíceis de se ler, e a maioria dos jogadores nunca têm certeza se estão à frente ou atrás. Jogadores nessa circunstância amorfa compreensivelmente não querem comprometer fichas extras quando podem estar atrás, mas, ao não fazer isso, eles perdem várias oportunidades de lucrar ou ganhar informações.

Todos nós sabemos que dar raises pode lhe render mais dinheiro quando você estiver à frente, mas poucos jogadores percebem que aumentar também pode lhe fazer economizar quando estiver atrás. Digamos que você tenha uma boa mão em posição em um jogo de limit hold’em, mas seu oponente tenha uma mão melhor. Ele aposta no flop, no turn e no river, enquanto você apenas dá call. Ele lhe mostra a melhor mão e você perde cinco bets. Agora digamos que você dê raise no flop. Se ele tribetar ou der check-raise no turn e você resolver acreditar nele, pode descartar sua mão e perder apenas duas ou quatro bets, respectivamente. Se ele der apenas call no flop e no turn, você pode dar check no turn e perder quatro bets. Eu entendo que você pode ficar sujeito ao blefe ocasional, mas deve tentar saber quais jogadores são capazes disso e quais estão apenas tentando jogar bem. A maioria dos oponentes, na maior parte das situações (especialmente quando você dá raise), é digna de confiança, o que lhe permite economizar dinheiro. Os profissionais percebem isso e dão raise com agressividade: jogadores medianos não.

A maioria dos jogadores acha que é agressiva, mas muito poucos são agressivos o suficiente. A maioria não quer enfrentar os altos e baixos extras que advêm quando se dá raise e se perde ou alguém completa um draw. Cogite usar mais agressividade seletiva em seu jogo e veja o que acontece ao longo do tempo.

Ficar tempo demais: Muitos jogadores gostam de esperar por boas mãos, mas não veem os sinais de alerta que dizem que suas mãos não vão ganhar. Eles não dão crédito aos oponentes que representam mãos melhores, dão call quando visualizam qualquer mão que eles possam derrotar, independente de quão improvável ela seja, e não levam em conta o que pode acontecer no turn ou no river para influentar sua mão. Eles não veem o perigo de kickers inferiores e precisam ver um melhor, geralmente repetidas vezes.

Limit hold’em não recompensa folds heróicos, mas tampouco recompensa calls repetidos e teimosos. Preste atenção quando for pagar no flop e no turn. Você realmente acha que está à frente? Você está dando call apenas porque merece ganhar com essa mão apesar das evidências em contrário? Você está computando as odds ou apenas jogando no piloto automático?

Avalie seus calls no river. Quantos deles foram bem sucedidos? Eles são o bastante para justificar o tamanho dos potes que você está tentando ganhar? Lembre que, só porque você ganha de vez em quando, isso não torna todos os seus calls, ou a maior parte deles, corretos.

Conclusão: Geralmente é difícil entender quando nossos jogos precisam de melhorias. Lances de sorte têm um impacto tão grande nos resultados de algumas mãos que nós nos enganamos durante muito tempo quanto à qualidade do nosso estilo. Reconhecer a qualidade do seu jogo e melhorá-lo devem ser fatores a serem trabalhados constantemente.

Barry Tanenbaum dá aulas de poker personalizadas de acordo com a necessidade de cada aluno. Seu website é www.barrytanenbaum.com, e você pode contatá-lo em pokerbear@cox.net.




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×