EDIÇÃO 33 » MISCELÂNEA

Capture a Bandeira: Ashton Griffin


Julio Rodriguez

Ashton “theASHMAN103” Griffin é vencedor da Full Tilt Online Poker Series e campeão em heads-up, mas é mais conhecido como um dos poucos jogadores regulares de high-stakes capazes de afirmar que enfrentaram e ganharam de feras como Phil Ivey, Patrik Antonius e Tom “durrrr” Dwan.

Griffin é conhecido por seu estilo agressivo de alta variação, e por ter dominado os jogos recentemente e ser um dos maiores vencedores de pot-limit Omaha do Full Tilt Poker.

A Card Player o encontrou pouco antes de ele participar do evento high-roller shootout championship de $25.000 do PokerStars.net North American Poker Tour e ganhar o primeiro prêmio de $560.000.

Julio Rodriguez: Quando você descobriu que tinha talento para jogar pot-limit Omaha?

Ashton Griffin:
Não inicialmente. Quando fiz a transição para pot-limit Omaha heads-up, eu disse a mim mesmo que seria fácil, pois eu já tinha me testado em heads-ups de no-limit hold’em. De cara fui para as mesas $2-$4, e logo percebi que esse foi um grande erro. Não importava em que mesa eu entrasse, eu era facilmente o pior jogador.

As pessoas me perseguiam porque sabiam que eu era muito ruim e estava disposto a entrar com quase qualquer mão pré-flop. Se alguém desse reraise, eu simplesmente não conseguia me convencer a dar fold. Eu jogava de maneira ridícula nesses stakes.

Então, realmente dei uma guinada quando descobri o botão de fold. Comecei a escolher melhor as oportunidades e rapidamente percebi que também era capaz de ler meus oponentes para determinados tipos de mãos. Mudei completamente e comecei a crescer, me certificando de jamais entrar com uma mão ruim. Foi difícil para mim, mas isso realmente me ajudou a entender o jogo de verdade e me preparou para competir com jogadores melhores.

JR: Você mencionou o fold. Que outros aspectos do jogo você aprendeu?

AG:
Houve muitas coisinhas. Aprendi percentagens, aprendi a ir devagar e fazer ajustes e aprendi a às vezes entrar de limp pré-flop e não precisar tribetar tanto. Quase parei de dar four-bets com reis pré-flop e comecei a dar check no flop para controlar o pote.

JR: E os seus oponentes?

AG:
Eu diria que há uns 50 ou 60 bons jogadores nas mesas $25-$50. Não estou exatamente jogando muito agora, mas, quando estava, era muito importante para mim conhecer os competidores e suas tendências quando me sentava para jogar. Você joga o bastante com alguém e começa a notar padrões no estilo dele. Não apenas isso, mas você também começa a saber quem está disposto a entrar com uma mão ruim e quem pode estar tiltado ou cansado durante uma longa sessão. Seleção de jogos nem sempre diz respeito a quem você enfrenta; às vezes o importante é quando você os enfrenta. Isso faz toda a diferença, e pode transformar perdedores em vencedores.

JR: Existe alguém que você não enfrentaria?

AG:
Realmente depende dos stakes. Se eu tiver 100 buy-ins para determinada mesa, enfrento qualquer pessoa do mundo. Acho que sou bom o suficiente para me ajustar para enfrentar o estilo de jogo de qualquer um. Nos stakes mais altos, há cerca de 10 jogadores que eu tento evitar, a não ser que eles estejam cansados ou tiltados. Não porque eu ache que não consiga derrotá-los, mas porque sei que há situações melhores para mim.

JR: O tilt é realmente um problema nos stakes mais altos?

AG:
Pot-limit Omaha talvez seja o pior jogo para se tiltar. Você pode facilmente perder cinco ou seis buy-ins antes de perceber o que está acontecendo. Os jogadores de high-stakes perdem alguns coinflips e de repente começam a apostar quando deveriam dar check e a dar check quando deveriam apostar. Isso acontece muito, e é algo com que bons jogadores precisam tomar cuidado, pois não há muita vantagem entre jogadores nesse jogo.

JR: Em todos os relatórios sobre high-stakes, parece que os jogadores tendem a passar por grandes perdas ou grandes dificuldades.

AG:
É (rindo), na maioria das vezes eles estão se referindo a mim. Francamente, eu sei que me dei muito bem em pot-limit Omaha, mas também me dei muito mal em outras áreas da minha vida, especialmente dando estoques a outros jogadores.

JR: Você está jogando outras modalidades?

AG:
Não tenho jogado muito ultimamente. Eu não estou nos mixed games como alguns jogadores. Eu na verdade estou apenas tentando ganhar todo o dinheiro em pot-limit Omaha. Sei que soa como uma loucura, mas há muito a ser feito, e eu quero obter o máximo possível antes que os jogos fiquem ruins.

JR: Isildur1 voltou. Você planeja enfrentá-lo?

AG:
Quem sabe? Talvez eu dê alguma ação a Isildur1 em no-limit hold’em, mas preciso me certificar de que meu bankroll pode suportar $200-$400 e talvez sofrer uma perda de $2 milhões. Se ele estiver disposto a jogar pot-limit Omaha, não vejo problema em colocar todo meu bankroll online em jogo.

JR: Ele parece ter dificuldade em conseguir ação em no-limit hold’em. Ele é tão dominante assim na modalidade?

AG:
Há alguns jogadores o enfrentando em no-limit, mas... Na verdade, não quero especular sobre outros jogadores e seus bankrolls. Acho que quando Tom [Dwan] recuperar seu jogo e ganhar um pouco mais, vai estar disposto a voltar à disputa. Eu já conversei com muitos jogadores regulares sobre [Isildur1] e alguns de nós chegamos à conclusão que ele pode ser o melhor do mundo no momento em hold’em. Quer dizer, ele jogou 50.000 mãos com Tom e praticamente o enterrou. Não se pode dizer que ele teve sorte. Ele estava fazendo jogadas que ninguém jamais tinha cogitado, e estava se certificando de permanecer equilibrado durante o processo. Ele ganhou com muita convicção.

JR: Os altos e baixos nesses jogos são impressionantes. Esses jogos são sustentáveis?

AG:
É assustador, na verdade. Eu tenho medo que as pessoas fiquem muito boas ou, o que é pior, que aqueles que não são bons percebam isso e parem de jogar de uma vez. As pessoas estão se tornando cada vez melhores ao desistir de jogos em que não têm vantagem, graças a todos os softwares disponíveis. Se os jogadores dos high-stakes perceberem que estão ali apenas correndo risco, você não vai mais ver tanta ação nesses limites.




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×