EDIÇÃO 32 » COLUNA INTERNACIONAL

Jogando as Informações

Tomando decisões de acordo com as tendências dos oponentes


Roy Cooke

A chave para a tomada de decisões é ter informações seguras. No poker, tem-se um fluxo contínuo de dados na forma de tendências, comportamentos, humores e outras variáveis demonstradas por seus oponentes. O elemento crucial para fazer jogadas é modificar seu jogo de acordo com como seus oponentes jogam, tirando proveito das tendências e fraquezas que você observa.

A maioria das pessoas tem um estilo de jogo: elas dão call, raise ou fold demais, tentam dominar muito a mesa ou não dominá-la o bastante, jogam mãos demais ou então menos do que deveriam, e assim por diante. O truque é encorajar seus oponentes a cometer mais tipos de erros do que eles normalmente cometeriam. Prepare uma armadilha para que eles sejam eles mesmos. Perceba, contudo, que variações externas e circunstanciais com frequência fazem com que eles se desviem de suas tendências. Permaneça sempre consciente.

Tomo minhas decisões no poker dando um passo de cada vez, com base na situação que estou enfrentando com minha mão atual. Obviamente, nem sempre minha leitura ou minha decisão é correta.

Eu estava jogando limit hold’em de $30-$60 nine-handed no Bellagio, e um jogador superagressivo abriu raise de posição inicial. A mesa rodou em fold até mim no small blind, e eu tinha A K.

Minha jogada mais provável aqui seria tribetar. Você simplesmente fica em um lugar bastante confortável do ponto de vista da expectativa ao ficar heads-up contra alguém que tem um ás mais fraco. Diante disso, quando estou fora de posição contra um jogador agressivo com uma ampla gama de mãos que é difícil de se ler, muito desse valor se perde. Deixá-lo dar overplay com sua mão tem seu valor. Eu olhei para o big blind para ver se ele daria alguma indicação sobre se iria pagar ou largar, mas não tive nenhuma leitura dele. Recebendo 5-para-1 no call, provavelmente era correto para o big blind pagar — e você deve impedir que seu oponente dê calls corretos se puder fazer isso sem perder equidade.



Minhas impressões sobre a mão eram contraditórias. Algumas conclusões me diziam para dar raise, enquanto outras me mandavam dar call e preparar uma armadilha. Procurei na minha mente outros fatores que pudessem guiar minha decisão. O big blind jogava mal suas mãos e, mesmo que o deixasse dar um call correto pré-flop, eu poderia recuperar essa vantagem de volta mais adiante na mão caso ele cometesse erros, o que eu achava provável. Esse fator definiu minha decisão. Dei call, assim como o big blind. Três de nós vimos o flop.

Eu não gostei do flop com Q 9 2. Muitas das gamas de mãos do raiser se beneficiariam com esse flop de uma maneira ou de outra, seja acertando a dama, já tendo um par em mãos ou ficando com algum tipo de straight draw. E eu também tinha computado a gama do big blind na equação. Dei check, sabendo que o jogador superagressivo apostaria, e me resignei a aceitar que minha mão estava terminada a não ser que eu visse algo ou acertasse uma carta que mudasse meu pensamento. O big blind deu check depois de mim, e o Sr. Agressivo atirou no pote. Eu dei call, assim como o big blind.

A carta do turn foi o 4. Dei check, assim como o big blind e o Sr. Agressivo. Nós vimos uma carta grátis, um especial dois-por-um. Eu torci por um ás, mas também achei que havia chances de minha mão já ser boa como estava.

O river trouxe o J. Então, A-J e qualquer straight draw me derrotavam. Eu me questionei como havia jogado minha mão enquanto dava check, preparado para dar fold caso alguém apostasse. Ambos pediram mesa, e eu mostrei minha mão. O big blind mostrou K-2 offsuit, tendo um par de dois, e o Sr. Agressivo deu muck.



Meu coração parou. Eu teria ganhado o pote se tivesse forçado o big blind a sair. Muito embora ele jogue mal, não pagaria três bets com K-2 offsuit. Isto posto, eu sou um jogador de poker experiente o bastante para saber que, só porque eu teria ganhado o pote caso tivesse jogado a mão de forma diferente, isso não significa que eu tenha cometido um erro ao jogar minha mão da maneira como joguei. Jogadores que só se baseiam no resultado são eternos perdedores. Mas, é claro, isso tampouco significa que eu não tenha cometido um erro.

Revisei meu raciocínio. Ainda não tenho certeza do que o Sr. Agressivo tinha. Ele estava fazendo algum tipo de jogada traiçoeira com suited connectors médios ou baixos, ou tinha A-10, provavelmente suited, ou talvez A-K, o que não era muito provável, pois eu segurava A-K e o big blind também tinha um rei. Como era muito mais provável que ele tivesse cartas altas que acertassem um pedaço do flop, eu achei que ter jogado minha mão de forma muito passiva depois do flop foi uma atitude justificada e correta, muito embora eu provavelmente tivesse ganhado o pote se o tivesse jogado de maneira agressiva.

Eu me baseei nas minhas conclusões sobre as tendências dos oponentes — agressividade e tomada de decisões ruins. Nessa situação em particular, as cartas do bordo não foram boas o suficiente para mim. Acho que dar apenas call pré-flop foi uma decisão apertada sob uma perspectiva de expectativa, e sei que, por ter sido apertada, não perdi muito em forma de expectativa. Mas, é claro, ao ver o the big blind levar o pote, não me pareceu assim.




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