EDIÇÃO 32 » COLUNA INTERNACIONAL

Aulas Com Jeff Shulman — Parte III

Defendendo um fold de 9-9


Phil Hellmuth

Nas minhas duas últimas colunas, eu revelei meu “plano de aulas” para Jeff Shulman na mesa final do “November Nine” da World Series of Poker. Basicamente — com Shulman tendo 20 milhões em fichas, e com blinds em 120.000-240.000 e um ante de 20.000 — eu recomendei um jogo extremamente tight, com apostas inicias de cinco vezes do big blind quando ele resolvesse entrar em um pote. Barry Shulman, o pai de Jeff, tinha acabado de vencer o Main Event da World Series of Poker Europe utilizando uma estratégia extremamente tight, e nós três concordamos que essa era a melhor maneira de jogar. Aliás, eu previ ainda que Phil Ivey também usaria uma estratégia extremamente tight. Quer dizer, por que ele não utilizaria? Por que correr riscos? Shulman e Ivey eram os melhores jogadores, então por que não ser paciente e esperar que uma ótima situação se apresente? Por que não esperar que os amadores se desgastem, explodam e desistam? Pressão extrema — o que inclui fazer história na ESPN e no cenário mundial jogando por milhões de dólares — pode trazer muita destruição a uma mesa final de Main Event da WSOP.

Com os blinds em 200.000-400.000, Shulman abriu raise de 1,75 milhões do button com 9-9 e Ivey foi all-in do big blind com 6,9 milhões a mais. Shulman tinha começado a mão com 15,8 milhões, e contou os 6,9 milhões e esperou um minuto inteiro. Um pouco de história: Shulman tinha dado fold várias vezes do button quando Ivey estava no big blind. Agora que Shulman finalmente tinha dado raise, ele supôs que Ivey sabia que ele tinha uma mão pelo menos semi-forte. Enquanto participava da transmissão ao vivo pela Internet, eu disse: “Ivey não aparenta muita força; quer dizer, eu acho que ele teria dado all-in com A-9 offsuit aqui. Portanto, Jeff deveria dar call com A-Q e talvez até A-J”. Shulman deu fold com 9-9, e a notícia que correu dizia que Ivey tinha K-Q (o que era verdade).

Embora muitos grandes jogadores, como Barry Greenstein, Mike “The Mouth” Matusow e Howard “The Professor” Lederer tenham dito que achavam que se tratava de um call claro com 9-9, eu estou 100% do lado de Shulman, e, na verdade, acho que era um fold claro! Eu gosto de olhar para o histórico inteiro quando tomo decisões assim. 9-9 parecia ser uma boa mão? Sim. Eu teria dado o call em um cash game? Sim. Portanto, o começo da história sugere que esse não foi um fold bom. Mas foi um fold que deixou Shulman com 14 milhões, fichas suficientes com as quais jogar, considerando a estrutura da mesa final. Tratava-se de um estoque que poderia ser usado para colocá-lo em uma situação melhor contra jogadores mais fracos. Um call, no entanto, teria deixado Shulman ou com 7 milhões ou com 25 milhões; 7 milhões realmente o prejudicariam e o colocariam na zona de perigo, o que provavelmente o forçaria a jogar alguns potes enormes com mãos mais fracas. Eu gosto do fold porque adoro proteger minhas fichas. Dê fold no 9-9, deixe um tempo passar, deixe outros jogadores serem eliminados, e então coloque suas fichas all-in quando estiver com a melhor mão e tiver apenas quatro ou cinco jogadores restantes. Eu levo em conta tais coisas quando dou um grande fold. E devo dizer que Shulman seguiu seu plano à risca e estava all-in algumas horas mais tarde com A-K contra A-J de Joe Cada. Um all-in em 10 horas de jogo — isso, meus amigos, é poker sem riscos!

Uma hora depois desse all-in, quando havia apenas cinco jogadores, Shulman colocou Cada all-in com J-J contra 3-3,  e o garoto teve sorte e ganhou, mas, caso o par de valetes de Shulman tivesse segurado (ele era favorito de mais de 4-1 contra o 3-3 de Cada), Shulman teria ficado four-handed com mais de 30 milhões em fichas! Se eu gosto do fold do 9-9? Sim, especialmente tendo em vista o resto da história. Shulman merecia mais? Sim, merecia.

Na minha próxima coluna, vou discutir um fold ainda mais controverso que Shulman deu com A-K pré-flop.

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