Dias atrás, Mike “The Mouth” Matusow fez umas declarações pegando pesado com a galera que joga online. Polêmico como sempre, ele disse que somente um em cada mil jogadores da Internet se dá bem jogando live. Também disse que, online, não existe leitura possível, e que ele, apenas vendo o jeito como o cara conta as fichas, já pega a tell. E continuou o tiroteio dizendo que é fácil enganar os jogadores online e que ele é capaz de derrotá-los tranquilamente ao vivo.
Matusow acha que poker online não é poker.
Todo mundo sabe que ele costuma falar abobrinhas aos montes, mas faz tempo que ele critica a galera do online. O pior é que Matusow não está sozinho: ouvi alguns grandes jogadores detonando a galera da Internet. Será que eles têm razão?
Acho no mínimo irônico os dinossauros do live criticarem, principalmente de forma velada, os jogadores do mouse, se eles mesmos não conseguem repetir nas telas os acertos do pano. Na verdade, acho tem acontecido justamente o contrário: os jogadores da Internet é que têm repetido com mais frequência seu sucesso ao vivo.
“Ué, mas se é poker do mesmo jeito, como pode haver essa diferença?”, você pode estar se perguntando. Foi pensando nisso que eu abri meu MSN e busquei entre meus 166.569 contatos alguém experiente na área. E fiz essa mesma pergunta a um cara que tem alguma ideia a esse respeito...
“CK, me diz uma coisa, qual a diferença entre um jogador online e um live?” E meu ídolo me deu esta insta-resposta: “Jogador live tem que ser mais completo, porque o jogo ao vivo é mais profundo em todos os sentidos. Tem que ser muito equilibrado”. E arrematou: “Online ainda podemos expressar nossas emoções, live não”. Esse Christian Kruel sabe das coisas mesmo.
Para ganhar no live, o cara precisa ser espetacularmente bom, pois a experiência do jogador brasileiro ao vivo ainda é muito pequena. Para nossa sorte, parece que aqui isso não tem feito tanta diferença: Alê Gomes jogava online, assim como Mojave, Decano, Zidane e Brasa. E nem preciso mencionar o CK, que forra desde sempre.
O fato é que, no Brasil, a oferta de torneios ao vivo ainda é escassa em comparação com a Europa e os Estados Unidos. A partir disso, duas perguntas vêm à tona: Se todos os grandes jogadores brazucas tivessem a chance de disputar tantos torneios live quanto o “Matusa”, será que não seriam superiores a ele? Em caso afirmativo, não seria então apenas uma questão de talento?
Vamo que todavia!