EDIÇÃO 31 » COLUNA INTERNACIONAL

Aulas Para Jeff Shulman — Parte II

Se não fosse aquele 3 milagroso…


Phil Hellmuth

Na Parte I, minha última coluna, eu discuti o fato de Jeff Shulman ter me pedido para treiná-lo para o “November Nine” da World Series of Poker durante os quatro meses de intervalo de quando os jogadores chegaram à mesa final (15 de julho) até voltarem para jogar (7 de novembro). Mencionei que tenho um lugar especial no meu coração para Shulman depois de ele ter quase ganhado a WSOP 2000 e queria ajudá-lo. Eu também disse que Shulman tinha cerca de 20 milhões em fichas para começar o jogo da mesa final e os blinds estavam em 120.000-240.000, e que recomendei que ele jogasse de forma extremamente tight e desse raises de cerca de cinco vezes o big blind antes do flop.

Adorei o trabalho em equipe do treinamento de Shulman. Nós tínhamos Diego Cordovez (ganhador de bracelete da World Series of Poker em no-limit hold’em), o pai de Jeff, Barry (o jogador mais mencionado do planeta após sua vitória no main event da World Series of Poker Europe), o ganhador do Cy Young Award Orel Hershiser (para ajudar a mente de Shulman) e alguns outros que nos ajudaram a simular a mesa final durante dezenas de horas. Nós imprimimos cada mão da WSOP postada na Internet que qualquer um dos outros membros dos November Nine tivesse jogado — cerca de 50 páginas — e lemos todas elas. Nós vimos todas as mãos jogadas pelos November Nine que foram exibidas pela ESPN, voltando várias vezes quando eles tinham blefado ou tinham uma mão muito forte, de modo que Shulman desenvolvesse um bom feeling sobre seus oponentes. Dispusemos os estoques de fichas na mesa de poker de acordo com o November Nine, com uma foto de cada jogador em frente a seu estoque. Nós jogamos horas com sete jogadores, depois com seis, com cinco, com quatro e com três jogadores, com cada um de nós assumindo a identidade de um dos outros membros do November Nine. Sempre que Shulman entrava em um pote, discutíamos longamente as táticas dele. Ele estava jogando tight o bastante? Estava movendo bem suas fichas? Nós realmente fizemos nosso dever de casa!

Eu tirei outra tática da minha cartola e aconselhei Shulman a dar raise pré-flop de cinco vezes o big blind, de modo a manter os outros jogadores fora do pote com seus pares baixos e suited connectors (é difícil pagar um valor assim com essas mãos) e para impedir que os outros jogadores blefassem pré-flop (é difícil blefar contra um cara que joga muito tight e dá raise alto quando entra no pote). A ideia era manter Shulman no jogo o máximo possível — ganhando pequenos potes sem briga — sem que nenhuma catástrofe ocorresse. E, se alguém finalmente desse reraise em Shulman, ele saberia que esse oponente estava muito forte, e talvez pudesse se livrar de uma mão como J-J.

Quando Shulman finalmente se sentou para jogar a mesa final do main event com as câmeras da ESPN filmando, a transmissão pela Internet atingindo milhões de pessoas e cerca de 1.500 espectadores assistindo no Penn and Teller Theater, ele estava incrivelmente calmo e confiante. E conseguiu seguir o plano de jogo, tendo entrado em apenas um all-in em 10 horas de jogo — A-K contra A-J de Joe Cada: quando sua mão venceu, achei que o resto dos jogadores estava em apuros. Contudo, 50 minutos mais tarde, com cinco jogadores restantes, Cada estava all-in com 3-3 contra J-J de Shulman e havia mais de 22 milhões no pote. Shulman teria agora 30 milhões no início do jogo four-handed... Mas Cada conseguiu seu milagre (8-7-3-4-Q) e agora Shulman tinha apenas 7 milhões em fichas, e ainda havia cinco participantes no jogo. Shulman então perdeu com 7-7 contra A-9, e foi eliminado em quinto lugar.

Se eu mudaria alguma coisa no treinamento de Shulman? De jeito nenhum! Se não fosse aquele 3 milagroso de Cada, Shulman poderia muito bem ter ganhado o título da WSOP 2009. Mandou bem, Jeff.

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