Eu assisti às Olimpíadas 2008 e fiquei muito impressionado ao ver Michael Phelps ganhar medalha de ouro após medalha de ouro. Num dia Phelps nadava longa distância, no outro, ele e seus companheiros de time derrotavam os adversários no último segundo possível. Apesar dos protestos, eu fiz meus filhos assistirem cada prova na televisão, sabendo que nós estávamos testemunhando algo verdadeiramente especial em uma escala histórica e global. Finalmente, Phelps ganhou a corrida que desafia explicações, e nós vimos o replay repetidas vezes e ainda ficávamos balançando nossas cabeças, incrédulos. Phelps estava perdendo, mas, de alguma forma, fez um half-stroke, um movimento de campeão, para derrotar Milorad Cavic literalmente por uma unha! Quando eu assisti ao replay sete ou oito vezes, meus filhos estavam muito felizes porque estavam vendo comigo. Oito disputas, oito medalhas de ouro. O que mais pode se dizer?
Quando a mídia noticiou que Phelps era fã de poker, os jogadores prestaram atenção. Então, alguns meses depois do fim das Olimpíadas, eu estava em Las Vegas quando Phelps pediu para me conhecer. Eu já conheci algumas das maiores celebridades do mundo, mas Phelps foi a primeira pessoa que me deixou totalmente deslumbrado. Além do mais, fiquei impressionado com o conhecimento dele sobre Texas hold’em: no dia seguinte, ele chegou à mesa final em um torneio no Caesars Palace com mais de 300 inscritos.
Phelps jogou um grande pote em outro torneio recentemente, e eu resolvi abordar nesta coluna. Os blinds estavam em 500-1.000, com ante de 125. O Jogador A foi all-in (5.000) do UTG com K-6 offsuit, e todo mundo deu fold até Phelps, que voltou all-in pra frente do small blind (29.000) com 9♥ 9♦. O Jogador B — no big blind — pensou um pouco, depois pagou mais 28.000 com A-7 offsuit. As mãos foram mostradas, e o flop veio 10-9-6. Que ótimo flop para Phelps com seu par de noves. O turn foi um valete, o que significava que Phelps agora perderia se um 8 ou uma dama batessem no river. E o river foi justamente um 8!
Vamos analisar mais a fundo essa mão. Eu não gosto do all-in do Jogador A do UTG com K-6. Eu preferiria muito mais um fold. Quer dizer, ele estaria no big blind na mão seguinte, e qualquer coisa poderia acontecer. Por exemplo, talvez alguém em posição final aumentasse com 2-2 ou Q-J, ou com um blefe, e o Jogador A poderia ser favorito para ganhar um pote de 10.000 em fichas. Ou talvez o Jogador A desse fold em ambas as mãos nos blinds, ainda ficando com cerca de 3.000 restantes quando tomasse posse do button e tivesse várias mãos para escolher. O all-in de Phelps de 29.000 foi bem feito, pois ele devia temer apenas o Jogador B no big blind. De fato, Phelps enviou uma clara mensagem ao Jogador B, que era: “Eu tenho uma mão forte!” Eu odeio o call do Jogador B com A-7. Ele obviamente não entendeu ou não interpretou bem a mensagem de Phelps. O Jogador B tinha apenas 1.000 no pote, e precisava de mais 28.000 para dar call com A-7 offsuit. Se Mike “The Mouth” Matusow visse o Jogador B dando esse call, ele gritaria: “Você está louco?!”
Phelps tem muito talento no poker e, nos próximos 15 anos, não se surpreenda se você o vir ganhar alguns braceletes da World Series of Poker para acompanhar suas — hm, digamos — 19 a 24 medalhas de ouro! Aliás, eu perguntei a Phelps se ele queria trocar uma de suas medalhas de ouro por um de meus braceletes da WSOP, mas eu acho que não ele vai aceitar. ♠
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