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BSOP Rio - A maior etapa da história...até agora!


Leo Bello

A essa altura, todos os leitores já sabem do sucesso que foi o BSOP do Rio de Janeiro. Colocar 641 jogadores em um só torneio, gerar uma premiação de mais de meio milhão de reais e ver a festa rolar no Rio foi incrível. Mas tenho certeza de que poucos conhecem os detalhes dos bastidores da preparação de um evento desse porte. Quando me convidaram para escrever sobre o torneio, já sabendo que muito havia sido dito, eu optei em tentar trazer essa perspectiva.

Por exemplo, vocês sabiam que, dos 641 jogadores participantes, 352 vieram de fora do estado do Rio de Janeiro? Obviamente, é impressionante termos quase 300 jogadores do Rio de Janeiro, e também é lógico que a cidade, devido a seus atrativos turísticos, é um fator chave para atrair tanta gente. Porém, fazendo um estudo de todas as etapas do BSOP até o momento em 2009, todas elas, sem exceção, tiveram predominância de jogadores de fora do estado original, até mesmo em Goiás e na Bahia. Isso mostra a capilaridade da série e como as pessoas estão realmente viajando para participar dos eventos.

Essa constatação levou a Nutzz a mudar o conceito do evento e começar a trabalhá-lo de forma diferente. Em vez de fazer apenas um torneio tecnicamente perfeito, cada vez se faz mais clara a necessidade de receber bem o jogador. Em outras palavras, um bom hotel, opções de lazer, eventos paralelos, um sistema para ajudar a fazer reservas e até mesmo atrações para a família têm que ser pensadas.

No Rio de Janeiro, esses fatores justificaram a escolha do Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, sem dúvida a opção mais cara em termos de custo para o evento. Porém, ao mesmo tempo, aquela que garantia maior conforto e melhor estrutura para sediá-lo. Os salões eram gigantescos, o serviço era de um bom nível e a praia ficava logo em frente (e muita gente aproveitou isso). Poderíamos ter levado o evento para um clube, mas a preferência, de agora em diante, é privilegiar resorts e hotéis, de modo que a experiência de participar de um BSOP seja mais imersiva e prazerosa para os jogadores e suas famílias.

Para montar um evento para mais de 600 jogadores e quase 1.000 pessoas circulando ao longo do final de semana, toda a estrutura da Nutzz teve de ser modificada. Só de pessoas trabalhando no BSOP RJ, incluindo o pessoal local, com o competente Beto Bahia à frente, foram mais de 70. Isso, é claro, sem contar com o staff do hotel.

E para que essa tendência de crescimento continue, o BSOP precisa de patrocinadores. Como é sabido, hoje contamos com o Full Tilt Poker, o Bestpoker e a COPAG, que foram imprescindíveis para que o torneio tivesse as condições necessárias para o crescimento observado em 2009. Agora, é preciso que empresas não ligadas ao poker entrem nesse mercado. Um evento como o BSOP atrai um público classe A, heterogêneo em idade, antenado e consumidor dos melhores produtos. E isso inclui bebidas, carros, viagens, eletrônicos e artigos de luxo. A mídia está acompanhando de perto o poker com crescente interesse. Estamos em jornais, revistas e canais de televisão. Celebridades e pessoas importantes estão jogando, mas ainda não colocam suas caras à frente. O trabalho que está sendo desenvolvido pelo BSOP busca mostrar o poker como um evento grandioso, legal e, parafraseando a revista Playboy em seu artigo de cinco páginas sobre nosso esporte na edição outubro, predominantemente abstêmio e não fumante.

Para acompanhar o desenvolvimento d poker, a Nutzz agora conta com uma produtora trabalhando em tempo integral na negociação de vantagens para os jogadores, como melhores preços em hotel, inclusive se preocupando com detalhes como ter massagistas de plantão ao longo do torneio e bons coffee breaks. Quem está cuidando dessa parte é a especialista em eventos Lara Bruno, que fala sobre trabalhar com este tipo de empreendimento: “Eu já trabalhei com vários tipos de projetos. Trabalhar com o BSOP é diferente de tudo, pois o evento é muito mais longo que o normal e temos que pensar na realização dos seis dias, desde a montagem no dia anterior até a retirada dos equipamentos quando todos já tiverem ido embora. É muito trabalho, mas o resultado de ver 650 pessoas felizes compensa tudo isso”.

A partir do BSOP Rio de Janeiro, o diretor de torneio e seus assistentes (conhecidos como “floor” em inglês) passaram a usar ternos para facilitar sua identificação junto aos jogadores, seguindo um padrão internacional. Os dealers também estavam todos uniformizados. Os patrocinadores puderam expor suas marcas por todo o salão e, além disso, o BSOP criou um espaço para empresas que o apoiam, como a CardPlayer Brasil, a Planet Poker e a PokerHolic, exponham seus produtos e participem.

A cobertura ao vivo do evento, feita pelo MeBeliska, vem crescendo e, já no BSOP de Curitiba, estreará a TV MeBeliska, que transmitirá em tempo real em streaming, para todo o Brasil, uma featured table, que eventualmente será a mesa final do evento. Pela primeira vez no Brasil, seguindo o exemplo dos grandes eventos internacionais, como o WPT, e a partir daí de forma regular, vocês poderão assistir à mesa final do BSOP pelo “live webcast”, com apenas um pequeno delay de segundos. Alguns dias após o evento, o pessoal do Mebeliska irá disponibilizar o vídeo completo da mesa final, incluindo as imagens das “pocket cams”, câmeras que mostram as cartas dos competidores.

O regulamento do torneio vem sendo refinado a cada dia, e, para que estivesse de acordo com as normas internacionais, bem como para incluir a opinião do Brasil na realização desse torneio, a Nutzz enviou para Las Vegas o seu diretor, Devanir “DC” Campos, onde ele participou do encontro anual da TDA, a Associação dos Diretores de Torneios, para discutir e definir o regulamento de torneios para a temporada pós-WSOP em 2009 e 2010.

Sobre a experiência e o novo regulamento DC disse:
“Foi excepcional passar alguns dias na presença de diretores de torneios do mundo todo e trocar experiências sobre os maiores eventos do planeta, discutindo as regras e procedimentos de igual para igual com nomes como Matt Savage, Jack Effel e Linda Johnson. Com isso, foi possível redigir um regulamento atualizado e mais claro, como o que já está disponível no site do BSOP”.

Outra vitória do BSOP foi conseguir fazer com que os participantes se conscientizem da importância de fazer sua inscrição antecipada. Isso garante a participação no evento e ajuda a diminuir filas, atrasos e dinheiro circulante no local, aumentando a segurança e o conforto de todos os participantes.

No segundo dia do BSOP do Rio de Janeiro, mais de 60 jogadores ficaram em alternate, ou seja, só poderiam entrar no jogo quando um participante fosse eliminado. O jogador do Bestpoker Team Rafael Caiaffa teve que esperar até o quinto nível de blinds para entrar no jogo. Ele me garantiu que, a partir de agora, não deixará mais de fazer sua inscrição antecipada.

O BSOP Rio de Janeiro foi um torneio especial em todos os sentidos. Saindo um pouco do papel jornalista e falando em primeira pessoa, o Rio é a cidade em que nasci e onde moram meus pais. Pude chamar vários amigos e pessoas importantes para ver o BSOP. Estar do lado das pessoas que amo mostrando o evento que há cinco anos idealizei ao lado do Leandro Brasa e do Andre Akkari e que chegou a esse ponto é emocionante. Mas acho que ainda temos um longo caminho à frente.

Um dos primeiros passos é começar a trazer estrangeiros para participar do BSOP e incluí-lo no calendário internacional de eventos. Depois, conseguir que a televisão brasileira transmita os torneios, transformar essa festa de quatro dias em mais eventos com cada vez mais qualidade, trazer novos patrocinadores e mais participantes. Esses são desafios que acredito que iremos vencer com a união do poker pelo Brasil inteiro.

Hoje o BSOP é uma realidade porque todas as unidades federativas estão apoiando o evento. Clubes por todo o país fazem satélites, e até mesmo individualmente os jogadores estão se unindo e trazendo amigos para participar. Essa força canalizada está impulsionando o poker em direção ao reconhecimento como esporte, atraindo a mídia de forma positiva e o ganhando o apoio de um número cada vez maior de adeptos. Não podemos deixar essa bola cair.

A disputa pelo título de 2009 está mais acirrada do que em qualquer outro ano. O sistema de descartes de dois resultados faz com que mais de 30 jogadores estejam disputando o bracelete de campeão brasileiro.

Os próximos capítulos dessa história serão escritos por vocês: Curitiba, Florianópolis e depois o Torneio dos Campeões. Há muitas novidades pela frente. Parabéns a Anderson Luciano, de Belo Horizonte, que foi o grande campeão da maior etapa do BSOP. Ele superou todos os outros adversários até chegar ao heads-up contra o carioca Fabiano Lemos, vencer e levantar o troféu de campeão.

Um fato importante que deve ser mencionado é que essa foi uma das mesas finais mais disputadas da temporada, contando com a presença também do atual detentor do título brasileiro, Claudio Baptista, e de outras figuras já conhecidas no circuito de torneios, como Rodrigo Strong, Edelzito Belo e Rogério Rigazzo.

Parabéns a todos os mesa-finalistas – eu quase cheguei lá, mas caí na décima oitava posição. Foi um torneio muito difícil, longo e técnico. Algumas das jogadas ficarão marcadas por um longo tempo na minha cabeça.




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