No main event da WSOP desse ano, havia 6.494 inscritos e 648 ficaram ITM. Para ganhar dinheiro, era preciso sobreviver até o final do Dia 3. Para chegar à mesa final, ou ao “November Nine” (os últimos nove jogadores que vão jogar em novembro), era preciso jogar oito dias inteiros de poker. Eu gostaria de parabenizar o November Nine, pois superar mais de 6.400 jogadores é um feito incrível: Phil Ivey, Jeff Shulman, Eric Buchman, Darvin Moon, Joseph Cada, Kevin Schaffel, James Akenhead, Antoine Saout e Steven Begleiter. Aliás, o vencedor vai embolsar $8,5 milhões, e até mesmo o nono colocado leva $1,2 milhões!
Eu ainda estava na disputa no final do Dia 3 — com cerca de 450 jogadores restantes — quando a mão seguinte aconteceu. Com blinds em 3.000-6.000 e antes de 1.000, eu olhei para baixo e vi A♣ A♠. Um jogador agressivo com quase 1 milhão em fichas abriu raise de 22,000. Eu estava duas posições a direita do button, com 135.000 em fichas. Havia um histórico aqui: o jogador agressivo que tinha acabado de abrir raise de 22.000 tinha me tirado cerca de 200.000 em fichas apenas uma rodada antes, quando abriu raise de 18.000 e eu aumentei para 40.000 (mini-raise) com 9-9. Naquela mão, ele tinha A-J e o bordo veio J-J-5-7-3. Agora, analisando minha situação atual, alguns pensamentos cruzaram minha mente. Primeiro, por que não fazer o mesmo aumento mínimo que eu fiz apenas uma rodada antes? Segundo, ele tinha aumentado tanto que eu nem precisei reaumentar para eliminar os jogadores depois de mim. Terceiro, eu estava short, e precisava “baralhar” apenas dando call com meus ases de modo a ganhar a maior quantidade de fichas possível.
Portanto, eu apenas paguei, mas fiquei preocupado quando vi que o jogador depois de mim pagou do cutoff, o cara depois pagou do button pagou e o big blind também deu call. Três dos quatro jogadores possíveis depois de mim pagaram o raise relativamente forte! Eu agora estava pronto para dar fold caso determinados flops aparecessem. O flop foi J♣ 10♥ 5♣, e o jogador no big blind foi all-in com 87.000. O que tinha aumentado primeiro deu fold, e eu fiquei feliz, pois achei que tinha a melhor mão. Então eu fui all-in com 113.000, e o jogador depois de mim desistiu. O cara no button começou a resmungar: “Eu sei que você tem três cincos. Eu não consigo derrotar uma trinca”. Pelo tom e pelos comentários dele, eu supus que ele tinha dois top pairs, e agora eu achava que estava em apuros. Ele finalmente deu call nos 113.000, mostrando J-10 offsuit (aliás, ele deu um péssimo call pré-flop!). O jogador no big blind mostrou 9♥ 8♥, e eu estava em apuros. Ainda assim, eu poderia ganhar com duas cartas de paus; um 5; um par virado no bordo; K-Q; ou um ás. Mas o turn foi um 7, dando uma sequência para o jogador com 9-8. Agora eu só podia ganhar o pote paralelo de 52.000, e apenas com um 7, um 5 ou um ás. Infelizmente, não consegui e fui eliminado.
Embora eu certamente tenha tido azar por perder essa mão, será que eu poderia tê-la jogado de forma diferente? Quer dizer, um mini-raise aqui quase certamente teria me garantido a mão, dobrando meu estoque. E faria sentido eu ter feito um aumento mínimo, pois eu tinha feito isso com o mesmo cara uma rodada antes, e ele tinha me levado um grande pote; eu não me arrependo nem um pouco de meu call, não importa quantas vezes eu repita as circunstâncias na minha cabeça. Contudo, me arrependo do fato de ter perdido tanto na rodada anterior com 9-9. Eu não deveria ter dado mini-raise de 40.000 naquela situação e perdido mais 160.000. ♠