Em qualquer atividade, seja ela cultural, social ou esportiva, a formação de novos adeptos é fundamental para a sobrevivência da mesma. Sempre gostei muito de corridas de cavalos e lembro-me dos tempos em que era assíduo frequentador do Jockey Club do Paraná. O hipódromo sempre recebia um excelente público, e nos dias de Grande Prêmio Paraná as arquibancadas ficavam lotadas. Porém, em minha opinião, os dirigentes do Turfe no Brasil não perceberam as mudanças que as inovações tecnológicas dos últimos 20 ou 30 anos poderiam ser incorporadas à atividade, e o Turfe perdeu muito com isso. O setor tem trabalhado bastante para reverter essa situação. Entretanto, passaram-se duas ou três gerações que não se sentiram atraídas pelas corridas de cavalos, e hoje, devido a isso, os hipódromos têm pagado um preço muito caro.
Fazendo uma analogia com o poker, espero que nós, organizadores, não cometamos o mesmo erro. Sabemos que o poker é extremamente instigante e apaixonante, mas não podemos deixar de fomentar os torneios com buy-in de menor valor. Ainda existe uma grande parcela de pessoas que tem potencial para ser um assíduo frequentador de torneios, inclusive os mais caros, mas existe um pouco de receio da parte deles, e os torneios mais baratos são de fundamental importância para “quebrar o gelo”. Há também aqueles jogadores que precisam alavancar seu bankroll, e para isso os torneios menores são essenciais. Uma grande parcela dos frequentadores da Liga Curitibana começou no Party Saturday, que possui buy-in de 30 reais e reúne mais de 100 jogadores todo sábado, lotando a nossa sede. Nesses dias, a quantidade de “baralhagem” é impressionante, porém, todo jogador mais experiente sabe que um dia já fez a mesma coisa e que só com prática e experiência é possível evoluir no jogo. São 20 a 30 novos jogadores a cada sábado, e, posteriormente, muitos deles se tornam bons competidores, que constantemente marcam presença nos nossos torneios.
O mercado do poker no Brasil ainda tem muito potencial de crescimento, e para que ele seja sólido e constante, não podemos nos esquecer dos eventos mais baratos, pois são eles que irão formar a base de jogadores que permitirá que esse crescimento se transforme em realidade.
E falando em sonho que se torna realidade, o mês de agosto trouxe mais uma grande alegria para o poker nacional, principalmente para nós curitibanos: Alexandre Gomes venceu a Bellagio Cup V, torneio válido pelo WPT. Um feito, por si só, extraordinário, mas que se torna ainda mais incrível quando analisamos a sequência de resultados obtidos por Alê desde o ano passado, quando conquistou o bracelete da WSOP. Foram quatro mesas finais e dois títulos nos mais importantes torneios do planeta. Alexandre conquistou o quarto lugar na etapa do LAPT-Punta Del Lest e repetiu a colocação no PCA das Bahamas. Acumulou mais de US$ 2,5 milhões em prêmios neste período. Pouquíssimos jogadores no mundo conseguiram algo parecido.
Estive com ele na etapa do BSOP em São Paulo, onde conversamos sobre sua recente conquista e seus projetos futuros. Pude constatar que ele continua a mesma pessoa dos tempos de Batuíra (local onde nasceu a Liga Curitibana). Havia diversos jogadores pedindo autógrafo ou uma foto com ele, que, sempre solícito e humilde, atendeu a todos.
Com este extraordinário feito, Alexandre Gomes se consagra definitivamente como o melhor jogador de torneios do Brasil, e com certeza um dos melhores do mundo.
Parabéns, Alê: seu feito foi espetacular! Ficamos ansiosos aguardando mais conquistas como essa! Para todos os jogadores, iniciantes ou veteranos, você é uma grande referência de sucesso! ♠