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Card Player Pro: Trilhando Um Caminho Estranho Contra Um Oponente Agressivo


Christian Harder

Eu jogo torneios online high stakes e forneço vídeos de treinamento exclusivos para Card Player Pro, desenvolvido por PokerSavvy Plus. Minhas colunas vão se concentrar em mãos tiradas de meus vídeos e irão explorar muitos conceitos de torneios diferentes. Enquanto leitor da Card Player, você terá acesso a clipes dessas e de outras mãos. Além das colunas, você pode assistir aos vídeos em CardPlayer.com para uma experiência de aprendizagem mais profunda. Nesta coluna, discutirei um caminho pouco usual contra um oponente blefador e agressivo.



Essa mão aconteceu duas horas depois do início do torneio. A imagem de meu oponente era bastante loose-aggressive, enquanto a minha era mais tight-aggressive. Não havia muitos históricos entre nós dois no torneio antes dessa mão, mas já tínhamos jogado um com o outro várias vezes e nos reconhecíamos como oponentes bons e sólidos. Eu tinha adquirido meu estoque atacando duas pessoas em situações relativamente padrão, enquanto ele tinha acumulado fichas lentamente. O estoque inicial era de 10.000.
A mesa rodou em fold até meu oponente no small blind, e ele completou mais 200. Eu recebi 108 no big blind e decidi pedir mesa. Aumentar é com certeza uma opção viável, mas contra um oponente complicado que pode entrar de limp com algumas mãos fortes, acho melhor pedir mesa.

O flop veio 10103.

Obviamente, esse foi um flop muito bom para mim, e eu estava querendo ganhar o máximo possível de fichas. FaceStealer pediu mesa. Eu resolvi apostar 600 no pote de 800, pois com a textura desse bordo, ele iria contra-atacar com frequência, por não achar que eu tivesse um 10. FaceStealer deu mini-raise, para 1.200. Esse foi um caminho estranho para ele. Eu esperava que ele fizesse um check-raise maior ou pagasse caso fosse continuar nessa mão. Conhecendo meu oponente, eu instantaneamente sabia que ele não tinha uma boa mão. Resolvi reaumentar a quantia mínima para 1.800. Fiz isso porque tinha plena certeza de que ele não tinha nada, e queria que ele continuasse com seu blefe. Ele sabe que eu sou um jogador que pensa, e meu reraise no flop na verdade é muito fraco. Se esse reaumento tivesse vindo de um jogador fraco, eu tenho certeza de que ele o colocaria em uma grande mão, mas, vindo de mim, ele parece ser um re-blefe contra ele. FaceStealer pagou. Não fiquei surpreso com esse call seco, pois ele tinha feito com que eu desse um pequeno reraise no flop – achei que havia boas chances de que ele continuasse sem nada e, é claro, com possíveis mãos fortes.

O turn foi o 2.

Essa foi uma carta interessante, pois completava um flush. Meu oponente pediu mesa e, depois de pensar um pouco, eu dei check em seguida. Minha razão principal para ter feito isso foi porque, depois que o flush apareceu, eu não achei que ele continuaria a blefar se eu apostasse no turn. Ele precisaria ter uma leitura absurdamente boa para tornar um blefe-raise no turn lucrativo. Eu sabia que ele era meio insano e agressivo, mas não o suficiente para arriscar todas as suas fichas em um blefe maluco contra um jogador regular.

O river foi o 9.

Essa foi uma carta ainda mais interessante: colocou quatro do mesmo naipe no bordo. Essa foi ruim para mim, muito embora tenha melhorado a força absoluta de minha mão. FaceStealer apostou 2.200. Embora não tenha sido uma ótima carta para minha mão, esse river foi de blefe fácil para FaceStealer. Se ele realmente tivesse um 10, não apostaria no river a não ser que tivesse uma carta alta de copas ou um full house. Esse foi um call no river relativamente fácil para mim. Paguei os 2.200 e ele mostrou Q7, um completo blefe. Como eu suspeitava, ele deu float diante do meu reraise no flop e um blefe no river. Contra oponentes difíceis com os quais você joga com frequência, é imperativo tomar caminhos estranhos tanto com blefes quanto com mãos fortes, de modo a não se tornar previsível e fácil de ser enfrentado. O curso que tomei nessa mão foi pouquíssimo usual e algo que eu quase nunca faço, e, por causa disso, meu oponente foi levado a blefar contra mim. Quando se joga contra bons adversários, é importante jogar mais do que suas cartas e o bordo. Você pode ouvir muito isso, mas jogar o jogador é muito importante. Contra oponentes tight e fáceis, eu teria jogado essa mão de modo muito diferente. Essa é a beleza do no-limit hold’em.




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