Neste mês, falaremos sobre as diferentes formas de se interpretar os índices VPIP (voluntarily put money in the pot) e PF (preflop raise) na fase decisiva do torneio, quando os blinds estão altos.
Esses dois números andam sempre juntos, e continuam assim na hora de decidir se você será o bolha do torneio ou vai entrar ITM. Um fator importantíssimo a considerar é que, normalmente, as características dos jogadores mudam quando o pingo está alto.
Um jogador com VPIP 17% e PF 14% pode se tornar over-aggressive e atacar de all-in toda hora que chega um GAP. Um VPIP 35% e PF 25% pode inverter sua tendência e se retrair, sentindo a pressão financeira de ficar na zona de premiação do torneio.
Ainda assim, o somatório geral desses dois índices é de suma importância. Via de regra, os jogadores são obrigados a se soltar mais quando os blinds estão altos, já que torneio sit-and-go turbo não costuma perdoar quem espera demais por cartas. Informações que poderiam ajudar a elucidar mais sobre os oponentes são “all-in preflop” e “call-all-in preflop”, porém, é necessário um número de mãos catalogadas infinitamente maior em comparação com o VPIP e PF.
Quando eu jogo nesta fase, sigo o princípio de que a meta dos jogadores é ficar ITM, para só então pensar em ganhar o torneio. Em meu ver, os índices VPIP e PF são mais importantes para os resteals contra os jogadores do que para saber se você será pago ou não no roubo do pingo, e com que frequência isso deve acontecer.
Deixo claro que não acho errado jogar com objetivo de ficar na zona de premiação, pois a prize pool é bem mais reduzida em relação aos torneios multi-table. Em outras palavras, a equity de 20% em caso de terceiro lugar pode “apenas” subir para 50% em caso de vitória – teoria essa, correta, diga-se de passagem.
Muito se escreve a respeito, e diversos vídeos instrutivos abordam a idéia de que, no sit-and-go, a importância de ficar in the money é bem maior do que nos torneios MTT. Nesses últimos, afinal, o grande retorno está destinado aos quatro mais bem colocados. Chegar em 200 num torneio de 2000 jogadores não é tão atrativo quanto ficar em terceiro num torneio de 9 ou 10 pessoas. Mas o que ocorre efetivamente é que “se joga ‘certo’ pelo motivo ‘errado’”, ou seja, esse conceito de escalonamento simples da premiação do torneio é superestimado pelos jogadores de sit-and-go, que jogam para se defender e chegar à zona de premiação, mesmo que seja de muletas. É preciso levar em conta que, de 20% para 50% da premiação, existe sim uma diferença significativa. Portanto, acaba-se virando alvo fácil de quem joga para ganhar o torneio, tentando acumular o máximo de fichas possíveis antes da zona de premiação.
“Mas como vou saber quem são os jogadores que se defendem com unhas e dentes para chegar ITM, e os que são soltos e só querem saber de ganhar o torneio?” Basicamente pelo “índice de agressividade”, ou “aggression factor” (AF) do oponente. Este índice não chega a ser desnecessário, mas também depende de várias interpretações. O mesmo acontece com os famosos VPIP e PF, em cujos números deterei atenção exclusiva neste artigo, assim como fiz nos dois últimos.
Vamos ao exemplo prático (vide diagrama 1).