EDIÇÃO 17 » COLUNA NACIONAL

Conrad Poker Tour 2008: A Chave de Ouro


Christian Kruel

Bem, pessoal, primeiro gostaria de agradecer a repercussão extremamente positiva que tive em relação à última entrevista na CardPlayer Brasil.

Espero que essa matéria, que conta os pontos altos e baixos da minha carreira, sirva para ajudar quem quiser se profissionalizar a entender o quanto importante é manter a vida equilibrada, não perder o foco, ter disciplina e, principalmente, gerenciar o bankroll. De fato, importante é compreender seu verdadeiro ponto de equilíbrio, e não depositar toda sua felicidade nem só no jogo, nem só na sua vida pessoal. Parece óbvio, mas não é simples, e tudo na vida é equilíbrio.

Como sempre falo, eu percebo que o esporte me ajuda muito a fazer este ajuste, e cada um deveria encontrar seu ponto ótimo no gráfico, pois certamente seus resultados serão maximizados.

Coroando um ano muito abençoado (e ratificando o que escrevi acima), no final de novembro participei do torneio do Conrad, onde consegui um terceiro lugar – que foi meu melhor prêmio “live” até hoje. E talvez esse resultado tenha sido o mais importante, ainda que não tenha sido o maior em termos financeiros, pois eu venho buscando demais conseguir me impor novamente no jogo ao vivo, em que eu, desde que comecei em 2005, particularmente achei que teria um ótimo futuro. Só que para vencer no live, as barreiras são ainda maiores e o psicológico é absolutamente importante. Na verdade, este resultado fecha com chave de ouro minha temporada 2008!

Desde o início do torneio, consegui imprimir um bom ritmo e jogá-lo de forma bem agressiva: a meu ver, a estrutura de blinds não permitia outra estratégia. Em todas as mãos nas quais entrava, na maioria das vezes, eu estava realmente disposto a colocar todo meu stack em jogo. Ao longo do torneio, consegui agredir bastante os jogadores passivos que muitas vezes insistiam em entrar de limp – percebi que vários deles não entendiam muito bem a relação blinds-stack.

Quando eu consegui ficar minimamente “deep” em fichas, aproveitei minhas posições na mesa e estava conseguindo detectar jogador a jogador. Com um belo tato, estava percebendo qual o grau de passividade e até que ponto eles estariam dispostos a se envolver numa dada situação.

Vou dar o exemplo de uma jogada interessante que aconteceu quando os blinds estavam em 15.000-30.000 e restavam 12 jogadores. A pressão para final table era muito grande e, desde as últimas mesas do torneio, em que pude ficar sempre grande, eu estava imprimindo um ritmo forte e percebia que muitos jogadores já estavam irritados com a minha agressividade. Mas como disse, eu estava com um belo tato, bom timing e mais outros fatores que eu acredito tenham conseguido me trazer mais informações, ajudando-me a tomar decisões mais acertadas.
 
Eu estava com aproximadamente 800 mil fichas e o jogador no cutoff tinha cerca de 500 mil. Ele abre raise de 80k. Eu estou no small blind e recebo J9. Resolvi perguntar quantas fichas ele tinha e, na resposta, senti fraqueza e nervosismo de sua parte – ele me respondeu e imediatamente olhou para baixo. Eu não estava disposto a aliviar minhas leituras e dei reraise, colocando-o em all-in: rapidamente ele deu fold.

Este tipo de re-steal, que já discuti com vocês em artigos anteriores [vide CPBr Ed. Nº 13], foi uma grande arma na reta final do torneio, e usá-lo ao vivo se torna ainda mais interessante. Afinal, com uma leitura apurada, é possível executar esta jogada com muito mais confiança.

Quando éramos cinco finalistas fizemos um belo acordo, mas quando sentamos à mesa de novo, um dos jogadores recusou o deal. Por sinal, foi ele quem ganhou o torneio... Acho que ele “já sabia”... (risos)

Bem, mais uma grande experiência para minha carreira: em 2009 com certeza buscarei outras. Mais uma vez, muito obrigado pelo apoio, e aguardo a visita de vocês na universidadedopoker.com. O site está muito bacana mesmo, e nossa primeira promoção, com o Desafio Universitário no Rio de Janeiro, foi um grande sucesso. Obrigado a todos que prestigiam o meu trabalho e o do Raulzito!

Próxima parada: EPT Bahamas! Espero que com boas-novas! Grande abraço!




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