EDIÇÃO 14 » MISCELÂNEA

BSOP: Brasília - Capital do Poker


Leandro Brasa

Há três anos, poucos poderiam imaginar que um torneio de poker com a proposta de rodar o Brasil, viajando de cidade em cidade, atingiria qualquer número perto de 100 jogadores regulares. Menos pessoas ainda imaginariam que, dentre estas cidades, pudessem estar capitais de fora das regiões Sul ou Sudeste.

Mas no dia 22 de agosto último, um torneio-satélite do Brazilian Series of Poker (BSOP) começou a mudar esta história. Ao contar com 82 jogadores e gerar 20 vagas para o evento principal que se realizaria no dia seguinte, este satélite confirmou o que muitos se recusariam a acreditar: Brasília, Capital Federal, cravada no centro do nosso país, mostra sua força no poker nacional, e com 141 jogadores estabeleceu um novo recorde de público do BSOP!

Além da presença maciça do público local, sendo a grande maioria brasilienses e goianos, a primeira etapa no centro-oeste também contou com aficionados de quase todos os grandes estados do Brasil. Dentre esses, nomes como Luis “Mestre” Filipe, Bruno GT, Hugo Adametes, Jorge Breda e outros. E mais duas presenças ilustres completaram essa constelação de estrelas do poker nacional: o primeiro brasileiro a ganhar um bracelete da World Series of Poker (WSOP), o curitibano Alexandre Gomes; e o mineiro Rafael Caiaffa, 55º colocado no Main Event do WSOP. AllinGomes, que já fez diversas mesas finais no BSOP, viajou mais de 1300 km para prestigiar a etapa no DF. Caiaffa veio direto de Minas Gerais, em busca da liderança do ranking nacional.

Antes do início do torneio, diversas palavras para celebrar o novo recorde e as presenças, e os 141 competidores presentes puderam finalmente apreciar uma estrutura de blinds (45 minutos) e stack inicial (15.000 fichas) condizente com a proposta de técnica e habilidade de nosso esporte preferido.

A disputa no ranking do BSOP 2008 está acirradíssima. Antes da etapa de Brasília, a distância entre os 10 primeiros colocados era facilmente superada com a pontuação de uma mesa final. Este ingrediente trouxe à etapa na Capital Federal ainda mais emoção.

Com quase R$130.000,00 em premiações, as eliminações demoraram a começar, salvo raras (e engraçadas) exceções, e quase todos se estudavam, e muitos se “seguravam” para aproveitar a festa ao máximo. Mas mesmo assim, logo no primeiro dia do evento, diversas mãos incríveis e jogadas sensacionais garantiram a emoção.

Dentre elas, uma mão específica merece aqui ser destacada, a que resultou na eliminação do mineiro Olimpio Couto. Com um bordo mostrando 778, Olímpio (com 77 na mão) aposta, e recebe all-in do seu adversário, que apresenta J9. Um 10 no river monta o straight flush do oponente e esmigalha a quadra de Olimpinho, selando sua sorte no BSOP. Detalhe: na quinta-feira ele havia ganho sua vaga para o BSOP em um satélite online, e com certeza não contava com essa cilada do destino. GG e 126ª colocação!

Pouco a pouco, a lista de eliminados crescia. E após quase dez horas de jogo, o diretor do torneio, Devanir Campos (o famoso DC), declarou o dia por encerrado.

Dentre os que não alcançaram o Dia 2, muitos nomes famosos, e apenas 44 sobreviventes avançaram, com o brasiliense Jorge Pereira liderando a lista (120.800 fichas).

No dia seguinte a disputa começou forte e rapidamente, após poucas horas, chegamos a apenas 20 competidores. O catarinense Cláudio Baptista estava entre eles, confirmando sua nova condição de líder do ranking do BSOP. Cláudio mantém uma regularidade impressionante na temporada, com três mesas finais.

Na mesa ao lado de Cláudio, a famosa frase “uma ficha, uma cadeira” se fez presente na pessoa do amazonense José Jorge Pereira. Após perder um all-in e ficar com apenas um big blind, Jorge dobrou quatro vezes consecutivas e se manteve vivo. Enquanto isso, o brasiliense Nabil Dahdah liderava tranqüilo com 416.000 fichas.

E coube ao novo líder do ranking o papel de “bolha” da mesa final. Com AA, Cláudio Baptista vai all-in e recebe call de Gilberto Peruffo, que apresenta QQ. O bordo vem 3-6-Q-X-X, e o catarinense diz adeus ao torneio. O salão explode em comemorações! Brasília mostra mais uma vez sua força, cravando 5 jogadores locais entre os finalistas. Completam a mesa três baianos, um mineiro e um amazonense.
A disputa é retomada minutos depois, com Nabil Dahdah chip leader (435.000). Grandes jogadas são feitas e a liderança passa de mãos em mãos. E após 3 horas de muita empolgação, sorte e habilidade, o heads-up é formado por dois brasilienses: Nabil Dahdah e Thiago Boita.

Nabil, com menos fichas, assume inicialmente uma postura mais agressiva no heads-up. Thiago consegue administrar seu stack, e após pagar um all-in com Q9o, vê o título do BSOP se confirmar após seu adversário mostrar 67o e o bordo trazer QTKQK. Full house para Thiago Boita, acompanhado de um belíssimo troféu de campeão!

E é assim, com chave de ouro, que Brasília assina seus três dias de festa: com um “prata da casa” ganhando e com o recorde absoluto de público no BSOP! Parabéns aos brasilienses, e que venha Curitiba, dias 27 e 28 de setembro!




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