EDIÇÃO 12 » MISCELÂNEA

Capture a Bandeira: Patrik Antonius


Lizzy Harrison

Patrik Antonius é um dos jogadores de cash games mais agressivos do mundo, e seu ataque na hora das apostas o ajudou a ganhar muitos potes. Ele é um jogador assíduo no “the big game” na Bobby’s Room do Bellagio, e também participou do programa de televisão High Stakes Poker da GSN. Na verdade, ele se envolveu em uma das maiores mãos já jogadas no famoso programa: ele e Sammy Farha brigaram por um pote de $998.800.

Lizzy Harrison: Por que você prefere cash a torneios?

Patrik Antonius:
Cash games geralmente são jogados com grandes estoques, ao contrário dos torneios, e eu acho que o poker deep-stack é a melhor maneira de se jogar. Em cash games, o dinheiro não vai todo para o pote antes do flop, ou mesmo no flop, com muita freqüência.

LH: Qual é sua variante preferida e por quê?

PA:
Pot-limit Omaha é minha favorita, porque é a mais divertida: você joga mais mãos do que em qualquer outra modalidade. Além disso, há muitos flopes e o bordo muda o tempo todo. No flop, por exemplo, quaisquer cartas que surgem geralmente tornam uma seqüência ou um flush possíveis. Então, no river, existem sempre decisões difíceis a se tomar. Quando aparece uma carta de uma seqüência ou de um flush, ou quando vira um par no bordo, você tem que saber quando apostar pelo valor, pagar, desistir, aumentar ou blefar. Ocorrem muitas situações interessantes, e muitos blefes também. Eu acho que pot-limit Omaha é realmente um jogo de decisões.

LH: Você é conhecido por suas habilidades em no-limit hold’em: quão divertido você acha essa modalidade?

PA:
No-limit hold’em não é meu favorito se for cash game sem antes. Nesse tipo, você simplesmente tem que jogar muito tight. Existem outros melhores, mas se você jogá-lo com antes, tudo bem. E pode ser bastante divertido se você jogar com antes e shorthanded.

LH: Você tem alguma modalidade de que goste menos?

PA:
Eu gosto de jogar todas as 15 variantes da Bobby’s Room, mas acho que gosto menos de razz, pois acho muito simples. Você olha o que os outros jogadores recebem e tem que tomar uma decisão apenas se algum deles acertar um par com seu bordo.

LH: Como você desenvolveu seu estilo na mesa?

PA:
Eu nem sempre possuí as melhores habilidades de gerenciamento de bankroll ou de seleção de jogos, mas acho que essa é uma das razões por que eu me tornei um jogador muito bom. Eu jamais olhei para trás, e joguei contra jogadores que eram melhores do que eu em certas modalidades. Eu joguei em mesas ruins, mas sempre aprendi com esses jogadores. Nos últimos três anos, tenho jogado qualquer modalidade contra qualquer pessoa; porém não a qualquer hora, pois não gosto de jogar quando estou muito cansado. Existem certos jogadores que me superam em determinados jogos, e nesses dias eu meio que recuo. Eu gosto de jogar onde sei que vou me dar bem.

LH: Por que você acha que alguns jogadores insistem em enfrentar adversários que constantemente os derrotam?

PA:
Alguns bons jogadores com bons bankrolls têm egos enormes. Às vezes, no entanto, eles se deparam com oponentes melhores que simplesmente não conseguem derrotar. Eles então continuam jogando heads-ups contra alguém que é melhor do que eles, até que acabam por perder todo seu dinheiro para essa pessoa. Eles simplesmente não acreditam que um cara possa jogar melhor do que eles consistentemente. Algumas pessoas crêem que são os melhores jogadores de todos os tempos, e vão à falência enfrentando alguém melhor apenas para tentar provar isso.

LH: Quando você começou a jogar cash games, que jogos e em que limites você jogava?

PA:
Eu tinha 11 anos quando jogava no quintal de minha casa com dois amigos mais velhos. Nós jogávamos uma variante semelhante ao five-card stud. A estrutura de apostas era com limite e nós jogávamos por centavos – era uma mesinha modesta. Quando eu tinha cerca de 15 anos, comecei a jogar bem mais. Eu fazia parte de um grupo de pessoas que treinava muito duro para jogar tênis, e também gostávamos de apostas e de cartas. Jogávamos poker quando tínhamos folgas dos treinos de tênis e durante as noites também. Então, um dos meus amigos descobriu o limit Omaha, e começamos a jogá-lo.

LH: Quando você começou a subir de limites?

PA:
O único cassino da Finlândia, situado em Helsinki, ficava a uma distância de apenas 15 minutos. Eu ficava feliz com isso, e comecei a freqüentá-lo quando eu tinha cerca de 18 anos de idade.

LH: Você sempre foi vencedor em cash games?

PA:
Eu era um vencedor quando jogava com meus amigos, mas não no cassino. Lá existiam tipos diferentes, eu jamais tinha jogado pot-limit e não compreendi de início. Eu fui um perdedor durante o primeiro ano e meio em que joguei nos cassinos.

LH: A que isso se deveu?

PA:
Eu não sabia que era possível jogar poker profissionalmente, então não usava tempo algum para estudar o jogo. De vez em quando eu ia ao cassino e comprava um pequeno buy-in e acabava perdendo todo meu dinheiro. Então, um de meus amigos começou a ganhar dinheiro vencendo as partidas, e eu vi que era possível ganhar de verdade.

LH: A que mudanças você teve que se submeter para pode ganhar consistentemente?

PA:
Eu comecei a pensar mais sobre o jogo. Percebi que a maioria das pessoas olha para o bordo e depois joga com as próprias cartas, mas eu via muito mais possibilidades. Eu olhava para as situações e as via como oportunidades de blefar.

LH: Você não joga cash games apenas em cassinos, mas é também uma ameaça online. Como você conseguiu essa reputação?

PA:
Quando eu comecei a investir dinheiro online, eu não fazia idéia de como jogar shorthanded. Eu simplesmente apostava toda mão como um louco. Aumentava antes do flop e apostava no flop em quase toda mão, e geralmente apostava no turn também. Todo mundo desistia fácil e, para mim, era como ganhar dinheiro de graça, pois ninguém pagava jamais. Eu jogava de modo super-agressive.

LH: Você tinha padrões mínimos para mãos iniciais?

PA:
Na realidade não. Eu jogava com mãos ruins e, por causa disso, precisava tomar muitas decisões. Essa foi uma boa maneira de aprender, e me tornou criativo. Quando você está aprendendo, se jogar apenas com boas mãos iniciais, pode ser muito difícil se tornar loose mais tarde. Ao se deparar com uma mão ruim, não faz idéia do que fazer com ela, mas todo mundo sabe jogar com uma mão boa.

LH: Que características jogadores bem-sucedidos de cash games possuem?

PA:
Eles todos são bastante consistentes.  Não têm maus momentos, e não têm dias em que jogam mal. A chave [para o sucesso] é não jogar dinheiro fora. Eles também jogam poker muito bem e têm boas habilidades de gerenciamento de bankroll. Quando constroem um bankroll, sabem que não devem jogar em limites muito altos, pois podem passar por sessões ruins. E não importa quão bons eles sejam.




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