EDIÇÃO 102 » COLUNA NACIONAL

O Futuro dos HUDS


Ivan “RoyalSalute” Santana
A coluna do FLOW Poker deste mês foi escrita por Ivan “RoyalSalute” Santana, um dos membros da equipe FLOW, responsável pela produção de materiais de estudo e diversas aulas para os jogadores. Hoje, ele discute o uso de softwares e HUDs, suas limitações e conta como essas ferramentas são utilizadas no time.
Recentemente, o PokerStars divulgou várias limitações aos softwares e HUDs, tornando o futuro dessas ferramentas incerto. No FLOW, utilizamos muito o Hold’em Manager para analisar históricos de mãos dos jogadores e programar aulas. Acredito que a maior finalidade desses softwares é essa: estudar o seu jogo e o dos adversários com base no histórico de mãos.
 
O HUD, por sua vez, é uma ferramenta muito útil, principalmente quando jogamos em muitas mesas ao mesmo tempo e não conseguimos prestar completa atenção no adversário para entender seu estilo de jogo. Nos torneios, o histórico dos oponentes é menor, o que faz com que o HUD seja ainda mais importante no cash game.
 
Nas mesas de cash, jogamos muito mais vezes contra o mesmo adversário — e explorar qualquer situação na qual o oponente não está balanceado é extremamente importante. Como em torneios encontramos o mesmo jogador bem mais raramente, os HUDs podem não ter amostras suficientes para montar estatísticas que correspondam à realidade do mesmo. Essas estatísticas podem tornar-se uma armadilha, uma vez que os jogadores de torneios mudam suas estratégias de acordo com o momento do torneio, com os stacks e diversas outras situações que levam um mesmo jogador a utilizar-se de diferentes estilos de jogo.
 
Acredito que o Hold’em Manager e o PokerTracker são ferramentas excelentes para analisar e estudar o próprio jogo, mas não tanto para utilizar durante os jogos. Os HUDs podem causar um efeito de “automatização”, iludindo o jogador ao mostrar os números dos oponentes e desestimulando uma das habilidades mais necessárias aos profissionais de poker: fazer uma boa leitura do estilo dos adversários. 
De fato, os HUDs aumentam a vantagem dos jogadores regulares sobre os amadores e diminuem a distância entre jogadores regulares. Porém, a leitura do jogo e dos oponentes continua a ser essencial. Em uma disputa entre dois regulares que utilizam HUDs, irá sobressair-se o que for capaz de ir além dos números e realizar a melhor leitura do adversário.
 
Portanto, sou a favor de limitações no uso desses softwares de apoio, mas, enquanto elas não vêm, considero que saber utilizar esses programas, compreender suas limitações e interpretar o que as estatísticas podem dizer sobre os oponentes é muito importante para um jogador profissional.



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